No fim do ano passado estava em Espanha no momento em que era lançada a 3ª edição do livro de Mario Conde, Los Días de Glória, que, numa semana, vendeu 100.000 exemplares. Como é sabido, Mário Conde, originalmente abogado del Estado, teve uma carreira profissional vertiginosa, tendo chegado a Presidente do Banesto antes dos 40 anos, no princípio da década de noventa do século passado. Por razões que se prendem com a sua actuação no Banesto, mas que ele nega, esteve vários anos preso. Publicou vários livros, sendo este, Los Días de Gloria, o último.
É um livro enorme, 860 páginas, mas é sobretudo um livro onde perpassa toda a grande sociedade espanhola dos anos oitenta e noventa, das grandes famílias da banca e da indústria aos líderes políticos do governo e dos partidos, descrição poderosa do processo de decisão empresarial que não dispensava a anuência prévia do Ministro da Economia ou de outros institutos públicos, numa teia de compromissos onde o financiamento partidário era conteúdo obrigatório. As figuras que intermediavam este tráfico de influências, que previamente estudavam profundamente os dossiers e apresentavam propostas concretas de actuação sobre os decisores políticos ou do Banco de Espanha, utilizando personalidades do governo ou da oposição conforme o conhecimento ou grau de influência necessário. A influência da imprensa, e a figura de Jesús Polanco e da Prisa, de que recentemente tanto se falou em Portugal, como braço armado do governo socialista na comunicação social.
Na altura, porque trabalhava num Banco em Portugal participado por um dos maiores bancos espanhóis e ia várias vezes a reuniões à sede deste Banco a Madrid, acompanhei a saga de Mario Conde, assunto obrigatório de conversa nos faustosos almoços oferecidos pelos colegas espanhóis, em honra da sua tradicional hospitalidade.
Mas creio que até para eles, apesar do alto estatuto e dos elevados cargos que detinham num concorrente do Banesto, muita da matéria relatada constituirá enorme surpresa.
Relatarei, num próximo post, a descrição de uma reunião entre Mario Conde e Cavaco Silva, em 1993, sobre o aumento da participação do Banesto no Totta, em que Mario Conde descreve um Cavaco “altivo, orgulhoso, distante, soberbo” e como foi despachado em poucos minutos, ficando de mãos a abanar.
Los Días de Gloria, um livro necessário para conhecer a sociedade, o regime, a política e a economia de Espanha. Onde Mario Conde não poupa nas palavras e nos nomes.
Los Días de Gloria, Ediciones Martínez Roca, Paseo de Los Recoletos, ,4- 28001 Madrid.
www.mrediciones.com
É um livro enorme, 860 páginas, mas é sobretudo um livro onde perpassa toda a grande sociedade espanhola dos anos oitenta e noventa, das grandes famílias da banca e da indústria aos líderes políticos do governo e dos partidos, descrição poderosa do processo de decisão empresarial que não dispensava a anuência prévia do Ministro da Economia ou de outros institutos públicos, numa teia de compromissos onde o financiamento partidário era conteúdo obrigatório. As figuras que intermediavam este tráfico de influências, que previamente estudavam profundamente os dossiers e apresentavam propostas concretas de actuação sobre os decisores políticos ou do Banco de Espanha, utilizando personalidades do governo ou da oposição conforme o conhecimento ou grau de influência necessário. A influência da imprensa, e a figura de Jesús Polanco e da Prisa, de que recentemente tanto se falou em Portugal, como braço armado do governo socialista na comunicação social.
Na altura, porque trabalhava num Banco em Portugal participado por um dos maiores bancos espanhóis e ia várias vezes a reuniões à sede deste Banco a Madrid, acompanhei a saga de Mario Conde, assunto obrigatório de conversa nos faustosos almoços oferecidos pelos colegas espanhóis, em honra da sua tradicional hospitalidade.
Mas creio que até para eles, apesar do alto estatuto e dos elevados cargos que detinham num concorrente do Banesto, muita da matéria relatada constituirá enorme surpresa.
Relatarei, num próximo post, a descrição de uma reunião entre Mario Conde e Cavaco Silva, em 1993, sobre o aumento da participação do Banesto no Totta, em que Mario Conde descreve um Cavaco “altivo, orgulhoso, distante, soberbo” e como foi despachado em poucos minutos, ficando de mãos a abanar.
Los Días de Gloria, um livro necessário para conhecer a sociedade, o regime, a política e a economia de Espanha. Onde Mario Conde não poupa nas palavras e nos nomes.
Los Días de Gloria, Ediciones Martínez Roca, Paseo de Los Recoletos, ,4- 28001 Madrid.
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4 comentários:
Em Espanha, o mesmo socialismo,ibérico, que tudo corroi, envenena e destrói, que m se lhe opõe.
Ontem foi Mario Conde, hoje é Pedro Varela, e a seguir???????
«um Cavaco “altivo, orgulhoso, distante, soberbo” e como foi despachado em poucos minutos, ficando de mãos a abanar»
Interessante.
Sem pretender defender o então PM (nem atacar), a fazer-me lembrar uma característica que tem vindo a público sobre AOS, outro PM: a defesa da independência do País.
Excelente indicação, caro Pinho Cardão,e com a promessa de mais posts a aguçar o apetite vou mesmo ter que ler o livro.
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