A filosofia é uma daquelas disciplinas que muita gente pensa que não serve para nada, que era entretimento dos filósofos da antiguidade que não tendo mais nada que fazer dedicavam o seu tempo a pensar. A pensar, isso mesmo, o que hoje tanta falta faz.
Há, aliás, muito boa gente que tem o entendimento que a vida não está para filosofias porque hoje os tempos são difíceis e é preciso ter os pés bem assentes na terra, remetendo a filosofia para algo transcendental. Estou convencida que a maior parte das pessoas não tem se quer a consciência de que a filosofia existe ou que sirva para alguma coisa.
Sou suspeita de valorizar a filosofia, pelo simples facto de nos últimos anos do liceu ter optado pela disciplina de filosofia, não porque fosse uma área nuclear para a formação superior que iria mais tarde seguir – curiosamente a disciplina nuclear era matemática - mas porque já naquela época encontrava na filosofia uma ajuda para melhor compreender a Humanidade.
Há, aliás, muito boa gente que tem o entendimento que a vida não está para filosofias porque hoje os tempos são difíceis e é preciso ter os pés bem assentes na terra, remetendo a filosofia para algo transcendental. Estou convencida que a maior parte das pessoas não tem se quer a consciência de que a filosofia existe ou que sirva para alguma coisa.
Sou suspeita de valorizar a filosofia, pelo simples facto de nos últimos anos do liceu ter optado pela disciplina de filosofia, não porque fosse uma área nuclear para a formação superior que iria mais tarde seguir – curiosamente a disciplina nuclear era matemática - mas porque já naquela época encontrava na filosofia uma ajuda para melhor compreender a Humanidade.
Reconheço que não é fácil definir o que é a filosofia e dar exemplos pragmáticos da sua aplicação, do auxílio que nos pode fornecer na leitura da realidade, na importância dos valores, no entendimento sobre a verdade ou do significado do raciocínio.
Na filosofia quase que não há conclusões, ao contrário do que se passa com as ciências exactas, como a física ou a matemática. Mas é esta característica distintiva que incentiva ao pensamento, a colocar dúvidas, a discutir a verdade e a rever os nossos argumentos e convicções e a fugir à tentação, tão em voga nos tempos que correm, de tudo considerar como um valor absoluto à luz de uma única verdade ou do nosso egoísmo que esquece os outros lados.
Na filosofia quase que não há conclusões, ao contrário do que se passa com as ciências exactas, como a física ou a matemática. Mas é esta característica distintiva que incentiva ao pensamento, a colocar dúvidas, a discutir a verdade e a rever os nossos argumentos e convicções e a fugir à tentação, tão em voga nos tempos que correm, de tudo considerar como um valor absoluto à luz de uma única verdade ou do nosso egoísmo que esquece os outros lados.
Reconhecer a fiabilidade humana obriga-nos a aceitar que podemos estar errados e, portanto, estamos disponíveis e interessados em rever continuamente os nossos argumentos, colocando-os em confronto com os dos outros ou com os nossos anteriores argumentos, em vez de recorrermos a uma retórica sedutora que procura impedir os outros de avaliar cuidadosamente as nossas ideias.
Deixo aqui esta passagem de um livro de leitura fácil e fascinante – “Filosofia em Directo” de Desidério Murcho – que nos ensina a importância da filosofia e nos mostra, para quem quiser ver, a falta que ela faz:
Ter uma formação elementar em matemática, economia, física e história, assim como nas artes e história das religiões, é importante para o ser humano informado e autónomo. Mas uma formação em filosofia não o é menos. Não porque sem filosofia seria as trevas e o caos, o que é historicamente falso, nem porque em filosofia se cultive uma apreciação dos pensadores do passado, porque isso é crer que fazer filosofia é o mesmo que apreciar filosofia já feita. Ter uma formação elementar em filosofia é importante porque nos ensina a pensar melhor sobre problemas de tal modo complexos que a tentação é desistir de tentar resolvê-los. Quem tiver não apenas plena consciência de que muitos seres humanos não desistem de pensar quando os problemas são muito complexos, mas tiver também uma ideia precisa, ainda que elementar, de como se pensa sobre esses problemas, terá ganho, se não autonomia intelectual, pelo menos a possibilidade de a obter.
Assim, a importância pública da uma formação, ainda que elementar, em filosofia é a possibilidade de ganhar autonomia para pensar por si, com rigor, em problemas difíceis. Queremos melhores decisões empresariais, políticas, sociais, económicas.- mas quando essas decisões não vêm nos livros estrangeiros, ficamos sem saber como proceder, envolvendo-nos em pseudodiscussões de lugares-comuns, com muita retórica e pouca substancia. Para resolver problemas difíceis, que não se resolvem com a aplicação mágica de receitas importadas, temos de aprender a pensar de forma criativa e rigorosa. Talvez não seja verdadeiro que quem é capaz de pensar com clareza e rigor nos problemas da filosofia fique automaticamente habilitado a pensar melhor em qualquer outro problema; mas é razoável esperar que a probabilidade seja mais elevada.
Deixo aqui esta passagem de um livro de leitura fácil e fascinante – “Filosofia em Directo” de Desidério Murcho – que nos ensina a importância da filosofia e nos mostra, para quem quiser ver, a falta que ela faz:
Ter uma formação elementar em matemática, economia, física e história, assim como nas artes e história das religiões, é importante para o ser humano informado e autónomo. Mas uma formação em filosofia não o é menos. Não porque sem filosofia seria as trevas e o caos, o que é historicamente falso, nem porque em filosofia se cultive uma apreciação dos pensadores do passado, porque isso é crer que fazer filosofia é o mesmo que apreciar filosofia já feita. Ter uma formação elementar em filosofia é importante porque nos ensina a pensar melhor sobre problemas de tal modo complexos que a tentação é desistir de tentar resolvê-los. Quem tiver não apenas plena consciência de que muitos seres humanos não desistem de pensar quando os problemas são muito complexos, mas tiver também uma ideia precisa, ainda que elementar, de como se pensa sobre esses problemas, terá ganho, se não autonomia intelectual, pelo menos a possibilidade de a obter.
Assim, a importância pública da uma formação, ainda que elementar, em filosofia é a possibilidade de ganhar autonomia para pensar por si, com rigor, em problemas difíceis. Queremos melhores decisões empresariais, políticas, sociais, económicas.- mas quando essas decisões não vêm nos livros estrangeiros, ficamos sem saber como proceder, envolvendo-nos em pseudodiscussões de lugares-comuns, com muita retórica e pouca substancia. Para resolver problemas difíceis, que não se resolvem com a aplicação mágica de receitas importadas, temos de aprender a pensar de forma criativa e rigorosa. Talvez não seja verdadeiro que quem é capaz de pensar com clareza e rigor nos problemas da filosofia fique automaticamente habilitado a pensar melhor em qualquer outro problema; mas é razoável esperar que a probabilidade seja mais elevada.
1 comentário:
Muito boa a sua chamada de atenção para a importância da filosofia, Margarida, é uma disciplina que foi sendo abandonada e que, quando era bem ensinada,ajudava a disciplinar o raciocício e o sentido critico, além de se aprender a ser humilde, e também exigente,quando se avalia o pensamento dos outros.
Enviar um comentário