O PIB contraiu-se 0,3%, o desemprego ascendeu ao nível mais elevado desde, pelo menos, o início da década de 90, há greves e manifestações nas ruas, mas, de acordo com o ministro da presidência, a culpa da escalada das taxas de juro da dívida pública portuguesa é da “Europa”: dos seus atrasos e hesitações na rápida criação de um mecanismo de resgate para os países da área do euro em dificuldades financeiras. Pouco importa que tenha sido o governo português a endividar-se para lá do razoável; pouco importa que o BCE tenha já ajudado – e muito – a controlar os custos de financiamento da nossa dívida soberana; o que importa é que a solução saia depressa. Porquê? Porque, caso contrário, o risco de necessidade de recurso imediato ao auxílio externo aumenta exponencialmente, o que, podendo ser financeiramente benéfico para o país, provocaria a capitulação do actual executivo.
Mesmo depois destes anos todos, não deixa de me surpreender a mentalidade dos governantes socialistas, a qual se pode resumir no mote: “gasta-se o que for preciso, alguém há-de pagar” – normalmente são os contribuintes lusos, mas na impossibilidade destes, há sempre os alemães, os finlandeses, etc.
Mas o que me causou maior perplexidade foi a forma olímpica como o governo “sacudiu a água do capote”, atribuindo a responsabilidade das dificuldades financeiras do país a uma suposta falta da “Europa” – é preciso lata!
3 comentários:
Pois exactamente lata é o que não lhes falta!
No problem at all, dear doctor.
We have the guarantee of an international agency that by the end of March Portugal will have to be rescued. By whom is not yet known, but there are still those who believe in spaceships and aliens.
(Somos gente muito pobrezinha, mas ao mesmo tempo muito divertidos e... crentes)
;)))
Caro Brandão de Brito:
Pois, da Europa, dos especuladores internacionais, etc, etc, conforme as circunstâncias...
A questão é ao contrário: é que se algum crescimento tivemos, não se deve ao Governo. Nada. E a crise deve-se, praticamente por inteiro, a ele, às políticas erradas que manteve.
O resto é, de facto, grande lata.
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