Que raio de vida a minha, agitada até dizer basta. Reuniões, aulas, conferências, consultas, fome de ler, sede de escrever e pouco tempo para dormir. Mesmo assim vou acompanhando o que se passa no país, meio desconfiado e cobiçoso de esperança. Ontem, por motivos académicos, fui obrigado a não assistir, em direto, ao debate entre Passos Coelho e Sócrates. Aulas de um mestrado para o qual fui convidado há muitos meses. Um esforço que deu cabo das minhas cordas vocais. Tomara! Falar das 17 às 22 horas com meia hora para jantar é razão mais do que suficiente para dar cabo do quer que seja, até da paciência dos alunos. No curto intervalo para jantar, um dos mestrandos, jovem político do PS, perguntou-me se não ia assistir ao combate. Não, pelo menos em direto. Compromissos são compromissos e hoje tenho que dar as aulas. Percebi perfeitamente que o aluno estava em ganas para assistir ao espetáculo. Passado algum tempo do regresso à sala de aulas, qual sala, um laboratório sem o mínimo de condições, mas o que se há de fazer? Olho para o fundo, e o único rapaz, entre tantas senhoras, que é ainda por cima muito alto, levantou-se e, olhando para mim, quase a querer justificar que mais valia trocar a aula pelo debate, começou a andar em direção à porta. Olhei para o relógio, faltavam dois minutos para o “acontecimento” do ano. Foi então que lhe disse: Bom jogo! Ao intervalo, não se esqueça de me dizer quem é que está a ganhar! E continuei com as minhas prédicas, análises, reflexões e interpretações sobre saúde no trabalho.
Dez horas. Acabei a aula, cansado. Ao chegar a casa vi a minha mulher irritada, muito incomodada com o debate e com o comportamento do ainda primeiro-ministro. Fiquei de boca aberta, porque não lhe conhecia este tipo de reação, a ponto de ter posto em risco a integridade do televisor! Ao fim de muitas décadas consegue surpreender-me. É obra, pensei.
As novas tecnologias permitiram-me ver o debate e as conclusões coincidiram com a da minha mulher. O futuro primeiro-ministro esteve à altura, sem dúvida. Conheço-o. O facto de não ter convivido muito – já estivemos juntos algumas vezes -, não me impede de dizer que, além do que já escreveu e falou, possui características interessantes que só se conseguem apreender num contacto mais direto.
Como tinha de me levantar muito cedo, fui descansar um pouco. Por causa de Lisboa. Sempre Lisboa. Reunião importante. Manhã de trabalho. Atrapalhado, com medo de não conseguir apanhar o comboio de regresso, permaneci até ao último momento, porque me facilitaram o transporte até Santa Apolónia. Ao chegar à estação, reparo que a minha filha do meio me tinha telefonado. Pavloviamente, liguei-lhe, pensando, o que é que terá acontecido agora? Afinal, o que tinha acontecido merece ser contado. A mãe, com a minha neta que ainda não tem dois anos e meio, foram confrontadas junto de casa com uma manifestação partidária, pessoas, carros, música, barulho. A miúda ficou assustada com tanto barulho e perguntou o que era aquilo. A mãe disse-lhe para não ter medo, era uma festa. Não satisfeita, perguntou como se chamava a festa e porque andavam com bandeiras azuis. A festa chama-se “política”, como o avô faz, e as bandeiras são azuis porque os senhores gostam da cor azul, mas nós, como o avô, gostamos mais das bandeiras “ laranjinhas”. Não disse mais nada. Passado um pouco, no café, foram intercetadas por uma senhora que queria entregar um panfleto. No momento da entrega, a minha neta disse-lhe: Não senhora, nós somos laranjinhas. A mãe, meio embasbacada, corou, não abriu a boca, a pobre militante recolheu o material, afastando-se, mas as restantes pessoas, que estavam a assistir, riram-se, soltando sonoras gargalhadas. Imagino o que deverá ter passado por algumas mentes, “Esta miúda promete!”.
Com que então, “laranjinha”, Leonor!
Dez horas. Acabei a aula, cansado. Ao chegar a casa vi a minha mulher irritada, muito incomodada com o debate e com o comportamento do ainda primeiro-ministro. Fiquei de boca aberta, porque não lhe conhecia este tipo de reação, a ponto de ter posto em risco a integridade do televisor! Ao fim de muitas décadas consegue surpreender-me. É obra, pensei.
As novas tecnologias permitiram-me ver o debate e as conclusões coincidiram com a da minha mulher. O futuro primeiro-ministro esteve à altura, sem dúvida. Conheço-o. O facto de não ter convivido muito – já estivemos juntos algumas vezes -, não me impede de dizer que, além do que já escreveu e falou, possui características interessantes que só se conseguem apreender num contacto mais direto.
Como tinha de me levantar muito cedo, fui descansar um pouco. Por causa de Lisboa. Sempre Lisboa. Reunião importante. Manhã de trabalho. Atrapalhado, com medo de não conseguir apanhar o comboio de regresso, permaneci até ao último momento, porque me facilitaram o transporte até Santa Apolónia. Ao chegar à estação, reparo que a minha filha do meio me tinha telefonado. Pavloviamente, liguei-lhe, pensando, o que é que terá acontecido agora? Afinal, o que tinha acontecido merece ser contado. A mãe, com a minha neta que ainda não tem dois anos e meio, foram confrontadas junto de casa com uma manifestação partidária, pessoas, carros, música, barulho. A miúda ficou assustada com tanto barulho e perguntou o que era aquilo. A mãe disse-lhe para não ter medo, era uma festa. Não satisfeita, perguntou como se chamava a festa e porque andavam com bandeiras azuis. A festa chama-se “política”, como o avô faz, e as bandeiras são azuis porque os senhores gostam da cor azul, mas nós, como o avô, gostamos mais das bandeiras “ laranjinhas”. Não disse mais nada. Passado um pouco, no café, foram intercetadas por uma senhora que queria entregar um panfleto. No momento da entrega, a minha neta disse-lhe: Não senhora, nós somos laranjinhas. A mãe, meio embasbacada, corou, não abriu a boca, a pobre militante recolheu o material, afastando-se, mas as restantes pessoas, que estavam a assistir, riram-se, soltando sonoras gargalhadas. Imagino o que deverá ter passado por algumas mentes, “Esta miúda promete!”.
Com que então, “laranjinha”, Leonor!
3 comentários:
É assim mesmo, mulheres do futuro!
Razão tinha-a um outro professor, de seu nome Agostinho da Silva, quando evocava o Espírito Santo na pessoa de uma criança e assegurava que o futuro do mundo seria regido por essa criança e pela verdade da sua inocência.
A pequena Leonor vai ser como a Dra. Suzana diz...até porque não aposta num produto tóxico!!! :)))
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