Ontem, dirigindo-se ao País, o Primeiro-Ministro José Sócrates comunicou o que… não está no acordo que será assinado com FMI/CE/BCE e que garantirá um financiamento de EUR 78 mil milhões durante os próximos 3 anos à economia portuguesa.
E o que é que não constará desse acordo?... Basicamente, todas as “maldades” que, nos últimos dias, têm surgido na comunicação social de forma cirúrgica, colocadas provavelmente por fontes governa-mentais para incutir receio quanto ao que aí poderia vir:
• Novos cortes salariais;
• Não pagamento do subsídio de férias e/ou do subsídio de Natal;
• Pagamento de parte ou da totalidade destes subsídios em títulos do Tesouro;
• Despedimentos na função pública
• Cortes nas pensões acima de EUR 600 por mês;
• Corte do salário mínimo;
• Revisão constitucional.
Soubemos ontem que nada disto acontecerá. E, portanto, face a tudo o que tinha sido comentado, estas pareceram… boas notícias!
Já quanto ao que constará do acordo… pois teremos que esperar.
Porque, para além de termos sabido que
• se manterão os cortes nas pensões de reforma acima de EUR 1500 mensais em moldes equiva-lentes ao que já sucedeu para os salários das função pública (como já se previa no chamado (e reprovado) “PEC 4”; e
• os objectivos orçamentais são, agora, menos exigentes e terão um prazo mais alargado de cumprimento (5.9% de défice público face ao PIB em 2011, 4.5% em 2012 e 3% em 2013, contra os anteriores 4.6% em 2011 e 3% em 2012);
nada mais se soube.
O número político preparado ontem por José Sócrates correu-lhe, pois, de feição – porque, com mestria, originalidade e descaramento, anunciou… o que não constará do acordo. O que não é sério nem próprio de quem conduz os destinos de um País: quem ontem o ouvisse, podia perfeitamente concluir que a austeridade tinha acabado e que tudo está bem. Mas como pode tudo estar bem quando Portugal precisou de pedir auxílio externo para se financiar nos próximos 3 anos em quase metade da riqueza nacional para fugir à bancarrota?!... Foi por comportamentos como este, e por tentar negar sempre a realidade, que este Primeiro-Ministro conduziu Portugal chegou ao ponto em que nos encontramos.
1 comentário:
Miguel Frasquilho
Um pouco mais de contenção, sff!
Perigosa e susceptível de se virar contra quem a propala é a teoria da conspiração. Ou seja, foi Sócrates ou as tais "fontes governamentais" quem, dominando toda a imprensa escrita e falada, estão na base das primeiras páginas dos tremendistas.
Mas, já agora, já se esqueceu de que se tratou duma vitória do PSD e de um derrota do Governo? (Eduardo Catroga)
Eu compreendo a desorientação! É a vida...
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