Fonte: INE |
Deixo aqui mais estes indicadores publicados a semana passada pelo INE. Não são novidade. São tão recorrentes que quase passam
despercebidos. Andamos entretidos e preocupados com outras coisas.
Não são estatísticas, reflectem a situação real da
evolução da nossa população. Caminhamos, desde há muito, para uma situação de
insustentabilidade demográfica. E a economia não está imune a este caminho “silencioso”.
Este é, a par de outros, um problema grave que assola muitos outros países. Portugal
não é um caso isolado, mas ao contrário de muitos desses países pouco ou nada
fez para inverter ou minorar a queda das taxas de natalidade e não transformou
a sua economia.
As projecções que existem apontam para um crescimento da
produtividade que não será suficiente para neutralizar o declínio demográfico.
Tendemos a não pensar ou decidir sobre o futuro longínquo. Mas o futuro já
chegou, os sinais têm estado à nossa frente já lá vão décadas…
No meio dos indicadores negativos, surge a boa notícia. A esperança de vida continua a aumentar. Vamos viver mais tempo!
E os indicadores são:
Em 2015 perdemos 33.492 habitantes.
A base da pirâmide está a estreitar-se e o topo a alargar-se:
entre 2005 e 2015 o número de pessoas com mais de 65 anos aumentou 316.188, o
número de jovens diminuiu 208.148 e o número de pessoas em idade activa reduziu-se
278.698.
A idade média da população passou de 40,6 anos para 43,7
anos.
Quanto ao índice de envelhecimento, em 2005 por cada 100 jovens residiam em Portugal 109
idosos, passados dez anos o rácio é agora de 147 idosos por cada 100 jovens.
A esperança média de vida continua a subir, no triénio 2003-2005 era de 77,72 anos, tendo aumentado para 80,41 anos no triénio 2013-2015.
6 comentários:
Diz bem, cara Dra. Margarida. E dessas coisas que nos entretém, nenhuma visa ordenar e estruturar a sociedade nas suas diferentes valências de forma a inserir os idosos em atividades e tarefas proveitosas para eles e para a sociedade, libertando os mais novos para atividades que exijam capacidades físicas e intelectuais mais adequadas ás dinâmicas e tecnologias atuais. Ou seja, para a promoção de um equilíbrio capaz de alterar o formato da pirâmide invertida, num cilindro... uma vez que a esperança de vida tende a aumentar, deverá igualmente aumentar a tendência de radicação dos jovens. É necessário, penso, fomentar a antiga ideia da criação de uma terceira via, entre socialismo e capitalismo. Tem sido a "febre capitalista", a responsável nas últimas décadas pelo cenário que agora se projeta na pirâmide apresentada. Se os jovens abandonam o país, procurando melhores condições de trabalho e de vida no estrangeiro, se as pequenas e médias empresas abrem falência e atiram milhares de trabalhadores para o desemprego, é porque fortes interesses capitalistas se instalaram, asfixiando o social. Se a esperança de vida aumentou, é porque os interesses económicos e capitalistas dos gigantes farmaceuticos se instalou. São poucos os idosos no nosso país que não dependem de uma quantidade mais ou menos grande de medicamentos que ingerem diariamente. Somos um país pequeno mas com privilégios que nos permitem, se explorados segundo um critério económico e social bem estruturado, criar a nossa sustentabilidade e com enorme qualidade e sucesso. Precisamos de ordenamento, de inventariação, de estudo das potencialidades, de projetos de exploração, de lucidez, de vontade e sentido de patriotismo. Temos uma costa atlântica maravilhosa, temos vias de comunicação eficazes, temos um povo laboriosos (se motivado e bem conduzido), temos um interior com condições excelentes para produzir todos os bens de consumo que o país necessita, não precisamos de importar nada, temos uma História e vários saberes acumulados. Porque carga de água havemos de nos querer assemelhar aos estrangeiros?
Este país, como se vê, não é para jovens mas também não é para velhos, Margarida. Uma verdadeira tragédia obnubilada pelo circo.
3 respostas/comentários:
Caro Bartolomeu,
Na minha opinião o problema poderá estar na "febre capitalista" dos vários governos que tudo fazem para controlar a economia. O capitalismo de que fala é aquele que os governos permitem, por isso, não é capitalismo, mas outra coisa. E digo que permitem, porque considero que não é por acaso que somos chamados a pagar bancos, rendas de parcerias, obras desnecessárias, etc. Os últimos acontecimentos acerca dos contratos de associação são mais um exemplo daquilo que o estado permite e não permite, e que, portanto, mostra que não existe realmente capitalismo. Outro exemplo, tem a ver com a interferência de acosta na questão BPI/PCB/Espanhóis/Angola. Desde que essa pessoa interferiu no assunto, a cotação do bcp nunca mais parou de cair.
As pessoas, como certamente eu e muitos outros, coitadas, apenas tentam (sobre)viver, muitas recorrendo também a essa "febre capitalista", que em muitos casos não é mais do que uma manifestação da falta de valores de fundo (repito de fundo) muito estimulada pela esquerda. O civismo, ou a sua falta, não é em geral mais do que uma dessas manifestações, a do egoísmo.
Depois do 25 de Abril verificou-se (e verifica-se) uma mudança do poder que passou por destronar todos os poderes anteriores. Nessa mudança os valores, mesmo os melhores, também foram ostracizados.
Há alguns anos, a esquerda recusou colocar a matriz cristão como tendo feito parte da formação da identidade europeia.
É a mudança que temos de viver!
Cara Margarida Corrêa de Aguiar,
Quanto à natalidade, não me lembro de a esquerda ter qualquer preocupação efectiva com esse assunto e, muito menos, a extrema-esquerda. A esquerda preconceituosa associa o fenómeno de família numerosa a famílias consideradas mais "tradicionais". Na sua cegueira ideológica ignora propositadamente o problema. Portanto, com este governo, não deverá acontecer nada de especial nesse dominio, a não ser, talvez, a construção de mais uns depósitos (vulgo creches) para os pais depositarem as crianças.
Caro Jm Ferreia de Almeida,
mesmo no fim da "Estrada" há esperança.
"cristão" -> "Cristã"
Caro Bartolomeu
Como diz, acumulámos muitas necessidades para resolver. Complicado!
José Mário
Quando chegar a nossa vez como irá ser?
Caro Alberto Sampaio
Quanto à natalidade não me lembro que alguém se tenha preocupado verdadeiramente com este assunto - governos e sociedade civil. É assim há já muitos anos. A última vez que a taxa de fecundidade assegurou a renovação de gerações foi em 1982. De lá para cá o que fizemos?
Muitos países da Europa, que também enfrentam o fenómeno do envelhecimento, perceberam que precisavam de adoptar políticas amigas das famílias e das crianças. Hoje estão a colher os frutos.
Sem dúvida, cara Dra. Margarida. A maior necessidade e a mais complicada, tem a ver com a utopia tanto de governos como de governados, que haveremos de saltar diretamente do estado de pobreza para o de riqueza, sem passar por um processo de estabilização e consolidação do aproveitamento e otimização de todos os meios que dispomos, tanto académicos como profissionais, tanto no litoral como no interior, tanto no norte como no centro e no sul.
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