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segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Saltimbancos

Gostaria de vos desafiar para um pequeno exercício... de imaginação.
Imaginem uma autarquia portuguesa que durante 12 anos foi governada por uma maioria de esquerda.
Imaginem uns quantos militantes de um partido político, que durante esses 12 anos estiveram na oposição e que combateram essa maioria de esquerda.
Imaginem que volvidos aqueles 12 anos, esses militantes conseguem eleger um Presidente da Câmara do seu partido.
Imaginem agora que passados mais 4 anos o partido político desses militantes apresenta uma lista a essa Câmara Municipal, onde pontifica em segundo lugar um dito "independente" que durante vários anos esteve eleito pelas listas da então maioria de esquerda.
Imaginem o estado de espírito desses militantes.
Imaginem como eles sentem esta deslealdade para com a sua memória e património político.
Infelizmente, isto não é o resultado da imaginação.
Passa-se em Lisboa, com as listas do PSD.

12 comentários:

O Reformista disse...

Passou-se isto por exemplo em Benfica com a integração (e eleição)de um autarca que era do PCP, eleito pela coligação PS/PCP nos dois últimos mandatos, chegando inclusive nu último a substituir na Presidência o Presidente quando este esteve ausente por doença.

Curioso é que em Benfica o PSD ganhou a Presidência quando a esquerda aumentou quase 6% dos votos. Simplesmente porque à esquerda desta vez não houve coligação.

os mandatos foram:
2005 2001
PSD 8 9
PS 7 10 (ps+pcp)
PCP 3
BE 1 1
CDS 0 1

a Freguesia encolheu dois mandatos e eles foram perdidos pela direita. Mas o PSD ganhou. Com quem é que o próximo presidente vai governar?

Ps. Eu sou suspeito em estar a falar porque tendo sido o número dois da lista anterior desta vez nem falaram comigo, desprezaram a mais valia eleitoral que imodestamente valho em Benfica, e preferiam o ex PC porque era vice Presidente da Associação de Reformados.

vascodagama disse...

VREIS:

Não concordo com o que escreveu. Penso aliás que é essa perspectiva que mina a vida politiva em geral e o PSD em particular - os partidos não são irmandades. Se o PSD escolhe CR (também independente...)para cabeça de lista, tem de lhe dar alguma margem para escolher a sua equipa.

A ausencia de margem para cada um constituir a sua equipa justifica (por vezes com muita razão) que os eleitos não sintam necessidade de justificar um mau trabalho perante os partidos que os apoiaram.

Pinho Cardão disse...

Caro Vítor:
Em primeiro lugar, saudações pelo regresso!...Ficaremos mais ricos!...
Mas, desgraçadamente, começo logo a discordar amigavelmente consigo!...
Creio que está a ver a coisa com demasiada paixão, compreensível, é certo, mas demasiada paixão.
E a paixão tolda muitas vezes a perspectiva.
Veja o que o meu amigo diz: "...imaginem uns quantos militantes...que estiveram na oposição e que combateram essa maioria de esquerda... Imaginem que, volvidos 12 anos, esses militantes conseguem eleger um Presidente da Câmara do seu partido..."
Oh! Vítor! Foram só esses 10, 12, 20, 50 militantes que estavam na oposição na Câmara ou na A. Municipal que elegeram o Presidente?
Cá por mim, também dei uma contribuiçãozita, como alguns milhares de habitantes de Lisboa!...
É óbvio que não esqueço o entusiasmo que esses militantes puseram na campanha, e ele foi relevante para essa eleição, mas também terá que concordar que a militância não se esgota aí, e o poder do voto dos milhares de votantes também teve alguma importância para a eleição!...
Quanto à questão da "recuperação" do dito "independente": o que é relevante saber é se é competente ou não.
Se o é, ainda bem que o PSD tem capacidade de atracção de pessoas competentes.
Tem sido esse um dos patrimónios do Partido.
Se não é competente, a responsabilidade cai em Carmona Rodrigues.
E aqui estou de acordo com Vascoda gama: se o presidente não é responsável pela equipa,lança as responsabilidades do fracasso sobre outrem e, quando ninguém é responsável, a derrocada é iminente!...
Em determinado momento da minha vida profissional fui Administrador de uma empresa pública, accionista de algumas outras empresas, uma delas de importância vitalpara a empresas mãe.
O Ministro da Tutela pretendeu impor para essa empresa uma Administração diferente daquela que a empresa pública accionista propunha e pediu para suspender a Assembleia Geral.
Lembro-me de, na "discussão" então havida, ter dito ao Ministro: Sr.Ministro, quem tem competência para nomear os órgãos sociais da empresa X, que está em Assembleia Geral, somo nós.
Quem tem competência para me nomear e nomear a Administração de que faço parte é o Sr.Ministro.
O Sr. Ministro demite-nos, pode fazê-lo, não pediremos indemnização, e nomeia, então, quem lhe aprouver.
E olhe que fazemos isto para o proteger.
É que, assim, o Sr. pode exigir-nos responsabilidades. Se procedemos como quer, ao primeiro revés, é óbvio que diremos de imediato:não foi o Senhor que nomeou a Administração da empresa X?
Depois de alguma luta, o Ministro anuiu. Somos amigos!...
"Sans rancune", caro Vítor.
E concordarei muitas vezes consigo!...

Vítor Reis disse...

Não confundi independência com oportunismo.
Ou será que basta que alguém se declare independente para num dia poder ser do CDS, depois saltar para o PS e agora parar pelo PSD?
Pelos vistos basta que alguém se declare independente para não lhe ser exigida coerência...
Lembram-se quando o PSD em 1993 "comprou" vários Presidentes de Câmara de outros partidos para se candidatarem pelo PSD?
Será que as listas candidatas às autarquias podem ser feitas como se formam as equipas de futebol?

Tonibler disse...

Caro VReis,

Deixe-me transcrever parte de um texto que li:

"Nós: o ( pedro, a maria, o antonio o manel ) somos aqueles que vocês encontram desde há muito pelas ruas de Vila Nova e Alvito, conhecem as nossas famílias e as nossas historias de vida, têm ideia das nossas qualidades e defeitos, sabem que somos diferentes uns dos outros, que temos opiniões diversas sobre muitas coisas, sabem que entre nós, mesmo no campo político partidário, as simpatias são muito diferenciadas"

Isto foi tirado de um comunicado do movimento independente que ganhou no Alvito. Não há partido político que consiga ganhar a isto. Neste sentido, em resposta à sua pergunta "Será que as listas candidatas às autarquias podem ser feitas como se formam as equipas de futebol? " a resposta é: Sim, pelo menos as que ganham!

Suzana Toscano disse...

Olá Vitor Reis, também quero cumprimentá-lo pelo seu regresso a este espaço e cá estaremos para manter acesas trocas de opinião com a cordialidade de sempre.É isso que anima o blog!
Quanto ao seu texto, não posso deixar de concordar plenamente com o que disse o Pinho Cardão, acrescentando ainda um pequeno ponto: é que o tempo de discussão sobre a composição das listas já está passado, a equipa foi ganhaadora e agora o PSD tem a responsabilidade de governar a Câmara com a qualidade e a coragem que prometeu.Estou certa que o fará, com o compromisso de todos os seus elementos e a nossa solidariedade para apoiar a sua acção.

vascodagama disse...

VReis: Com todo o respeito pela sua opinião e pelo seu trabalho no PSD permita-me que lhe diga que nada justifica que venha agora, passados 14 anos, dizer que o PSD comprou Presidentes de Camara em 1993.

Penso que este tipo de argumentos só fragilizam a sua posição relativamente às autarquicas de 2005.

Vítor Reis disse...

Susana e vascodagama

Se o PSD tivesse perdido as eleições em Lisboa era fácil desancar os derrotados... Como ganhou considero que é ainda mais interessante discutir este assunto.
Se tivesse suscitado esta questão quando as listas estavam a ser elaboradas, alguns teriam dito que eu tinha segundas intenções...
E com esta liderança no PSD já teriam chovido as ameaças de processos disciplinares.
Agora que as eleições já passaram é que devemos colocar o dedo na ferida.
Como militante do PSD sempre lutei por alargar a base de apoio do meu partido. Sempre respeitei os independentes que se juntaram ao PSD e sempre convivi com eles. Não sou daqueles que tem medo de perder o lugar quando o PSD cresce. Não existem lugares cativos e a renovação é um processo saudável em qualquer partido político.
Mas tenho memória e não me esqueço dos que andaram durante vários anos a justificar as medidas da maioria de esquerda em Lisboa, que votaram a favor do elevador para o Castelo de S. Jorge (lembram-se?), que aceitaram o terminal de autocarros no Arco do Cego (espero que ainda se recordem) e que deram cobertura aos mais diversos disparates de João Soares.
E nestes casos o problema não está só do lado dos saltimbancos que mudam de partido como quem muda de camisa.
O principal problema está nos partidos que aceitam "fazer aquisições neste mercado". E por muito que lhe possa custar meu caro vascodagama, este problema vem de longe e teve uma particular expressão nas eleições autárquicas de 1993.

o indiscreto disse...

VReis,

A sua reacção parece esconder alguma inveja ou se quiser, ciume.

O VReis já esteve na câmara de Lisboa, teve responsabilidades, fez asneiras e disparates, foi cúmplice de más decisões, como se é sempre quando se integra uma equipa.

De duas uma ou se toma uma posição sistemáticamente individual e não se pode sustentar em equipas - o que parece ser o caso, ou se é infalível...

VReis, gostava de ter partilhado a vitória de Lisboa. Preferiu excluír-se tal era a cegueira de oposição a Marques Mendes que tudo o dali viesse era mau. Enganou-se. Marques Mendes teve razão. Em Lisboa mas também em Oeiras e em Gondomar.

VReis tem dificuldade em trabalhar em equipa. Porque não é humilde. Porque não sabe admitir que nem sempre tem razão.

VReis ficou à margem da vitória de Lisboa. E ficará à margem de muitas mais realidades.

vascodagama disse...

Indiscreto: O problema é exactamente esse...

Vítor Reis disse...

Meu caro Indiscreto... ou lá como se chama pois deve ter outra identidade

Inveja? Ciume? Cegueira de oposição a Marques Mendes? Falta de humildade? Dificuldade em trabalhar em equipa?
Já reparou na hostilidade com que reagiu ao meu post? Porque é que não abordou o tema que eu suscitei em vez de procurar atribuir-me motivações que não existem?
De facto não sou perfeito, nem infalível. Mas gostaria de saber quais são as asneiras e disparates que me atribui.
Terá sido o facto de eu ter sido o único vereador de Lisboa que votou contra o elevador para o Castelo de S. Jorge? Espero pelos seus exemplos.
Uma última nota. Estou mesmo desligado, por vontade própria e desde 2002, da actividade política autárquica em Lisboa. Compreenderá que após 16 anos consecutivos de trabalho político em Lisboa me apetecesse parar.

Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.