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quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Teoria da Conspiração ou um Génio à solta?...


O Génio de Sócrates!...

Mário Soares, como fundador do PS, antigo Primeiro-Ministro e antigo Presidente da República e também devido às teias que, como patriarca, foi tecendo, tem uma influência grande no Partido.
Alguns Secretários Gerais, desde Constâncio a Guterres souberam-no bem, e não pelos melhores motivos!...
Sócrates também já provou algum desse fel, quando teve João Soares, bem apoiado pelo Pai Soares e seus “compagnons de route”, como adversário para Secretário - Geral do Partido e continua a provar algumas das suas picardias.
Jorge Coelho é geralmente considerado o todo poderoso homem do aparelho e sem o qual nada se decide no Partido Socialista e, consequentemente, no Governo.
E, se o Governo decide em contrário, evidentemente que leva!...
Manuel Maria Carrilho é um problema de sempre: apoia e não apoia Guterres, apoia e não apoia Soares, está e não está com Sócrates!...
Não esteve com Sócrates na luta deste para Secretário- Geral, esteve com Sócrates para ser candidato a Lisboa e deixou de estar, quando, na noite das eleições, lembrou a Sócrates que também era tinha responsabilidades na derrota, ao agradecer-lhe a confiança depositada!...
Ora Sócrates conhecia o perfil de todos estes seus camaradas e amigos.
Então lá terá pensado qual a melhor maneira de se desembaraçar de todos eles!...
E, se bem pensou, melhor o fez!...
Aceitou a candidatura presidencial de Mário Soares: perdendo as eleições, terminaria certamente o seu fulgor político e deixaria de embaraçar o Governo e o Partido.
Aceitou a candidatura autárquica de João Soares: perdendo mais umas eleições, ficaria desacreditado, deixaria de ter os apoios que ainda lhe restavam e Sócrates resolvia mais um problema.
Aceitou que Jorge Coelho fosse o Coordenador Autárquico de umas eleições difíceis, certamente para perder, e que também fosse Candidato à Assembleia Municipal de Sintra: perdidas as eleições, o espaço de manobra diminuiria drasticamente.
Aqui, Sócrates jogou mesmo em dois tabuleiros e ganhou!...
Aceitou que Manuel Maria Carrilho fosse candidato a Lisboa: aqui foi como jogar no totoloto, depois dos desafios efectuados!...
Irado com Sócrates, seu adversário no PS, pelo seu apoio a Soares, Alegre candidatou-se, caindo no laço eleitoral.
Com a sua previsível derrota, mais um adversário no tapete!...
Em ousados golpes de génio, Sócrates livrou-se dos principais adversários, cortou os ímpetos a outros e está perto de atingir o pleno!...
Com isso, estendeu a Cavaco a tal passadeira para Belém!...
Porque é com Cavaco que Sócrates se poderá entender e nunca com os esquerdismos ultrapassados de Manuel Alegre!...
Um génio, Sócrates?...Ou mera teoria da conspiração?...

13 comentários:

crack disse...

Caro Pinho Cardão
De génio, é o seu post; para o Sócrates, fico com a teoria da conspiração.Mas duvido da passadeira vermelha para Belém, porque olho e só vejo um tapete voador...

Suzana Toscano disse...

Concordo com Crack quanto à alocação do génio ao Pinho Cardão, o resto é ficção. Mas, quanto à passadeira vermelha, vamos vê-la de certeza...

Adriano Volframista disse...

Nem génio, nem teoria da conspiração, pareçe-me mais uma situação do tipo arábe:
a realidade é mais prosaica do que se imagina, o desenlaçe final sucede mais tarde do que se supõe e o desfecho é completamente diferente do que se tinha imaginado.

Cumprimentos

Pinho Cardão disse...

Caro A.Volframista:
Gosto dos contos das mil e uma noites e da imaginação delirante que neles perspassa.
Neste conto, concordo que a realidade não será muito excitante, mas a acção será rápida, terá poucas dezenas de noites e o desenlace não será tarde nem cedo, pois já tem data marcada, algures para Janeiro;quanto ao desfecho,a realidade mudou em relação às mil e uma noites, em que o autor punha e dispunha, e será a imaginação dos "beduinos" a ditar a cena final!...

Caros Crack e Suzana:
"Touché"!...
Com que então, vêem-me como a figura patusca que ilustra este post? Pobre de mim, coitado!...

Adriano Volframista disse...

Caro P Cardão

Não era por este caminho que queria entrar mas, lá vai:
Quando o cidadão Mário Soares anunciou a sua candidatura sempre pensei que iria conseguir os 40 % do votos.
Para tal bastava negociar com o Arquimandrita ortodoxo, Jerónimo, e comprar com alguns marevidis, as tribos nómadas que encontraria pela caminho (BE).
Os velhos das tribos estão em saldo (e baratos); os novos sempre acharam que seria um bom califa (ou um califa fixe).
Enganei-me, o Arquimandrita não consegue segurar os fiéis e os velhos,podem estar em saldo (aliás, acho que são grátis), mas, o novos, querem que um deles seja califa no lugar do califa.
Recorda-lhe algo?
Cumprimentos

Manta de Retalhos disse...

A tese da conspiração por si relatada, no meu ver, não andará muito longe da realidade, só discordando do desfecho, uma passagem á 2ª volta dará por certo a vitória ao candidato da esquerda, espero eu que seja Manuel Alegre, muito dificilmente esta “contenda” se resolverá com uma “demão”.

Pinho Cardão disse...

Caro A. Volframista:
Essa de imaginar o grande Jerónimo, devidamente ataviado, em traje de gala,e de cruz ao peito, com as vestes de Superior do Mosteiro e Arquimandita de todos os Ortodoxos, nunca me lembraria!...
Mas o que referiu pareceu-me mais uma luta entre os fieis ortodoxos e os infieis pertencentes a um qualquer califado de tribos nómadas ou sedentárias.
E se as guerras "religiosas" só trouxeram tragédia para os povos, as guerras entre os grãos-vizires dos califados trouxeram a queda dos reinos!...
E, nestas lutas, estão a estender a passadeira vermelha àquele que consideram inimigo, mas que o povo se apresta para aclamar!...

Caro Manta de Retalhos:

Mas se a "esquerda" é uma manta de retalhos, como pode haver um candidato da "esquerda"?
Que é que tem a ver o PS com o Bloco, em matéria de desígnios para o país?
Que é que tem a ver o PS com o PC em termos de pensamento económico e em termos de economia de mercado?
Que é que tem a ver o PC com o Bloco, em termos estratégicos, senão a luta por mais um ou menos um vereador em Lisboa ou no Porto?
E o que é isso de "esquerda", no meio de tantas esquerdas?

Manta de Retalhos disse...

Caro Pinho Cardão

Ser de esquerda é uma forma de estar, de pensar e actuar, ser de esquerda é quebrar com os conceitos e preconceitos, é não ser pragmático, e muito menos, teórico, ser de esquerda é não ter partido e ser de todos os partidos, é uma forma de pensamento livre e libertador, ser de esquerda é ser sonhador, e até utópico se quiser, mal do homem que só se revê nos partidos como se mais nada existisse, PS, BE, PCP ou mesmo PSD são siglas que nada dizem, o que conta são as ideias dos homens que pela casualidade “vestem” as siglas.

Caro Pinho Cardão as ideias de esquerda não são da responsabilidade das siglas mas dos homens, eu acredito que todo o nosso espectro politico é atravessado por homens com ideais de esquerda, e por isso, Manuel Alegre tem a vantagem de não ser apoiado por nenhuma sigla, porque é um homem de esquerda, desta esquerda que eu falo e acredito.

Pinho Cardão disse...

Caro Manta de Retalho:
Congratulo-me com seu idealismo.
Mas a esquerda inclui, sempre incluiu, aqueles homens que assassinaram e mandaram assassinar milhões de outros homens na União Soviética, que fizeram a revolução cultural na China, com milhões de vítimas, que tornaram a Coreia do Norte o país mais torcionário da actualidade.
Todos eles provavelmente disseram o mesmo que o meu amigo diz.
Mas o que é que tem o meu amigo a ver com eles?
Provavelmente dirá que eles não são esquerda!...
Acontece é que a esquerda não faz essa conveniente e necessária distinção; eu faço, e, por isso, digo que há diversas esquerdas.
Poderá dizer que isso é passado!...
Será, mas, em Portugal, há ainda muita gente dessa esquerda que apoiou o regime soviético, a invasão da Checoslováquia e da Hungria e que ainda considera a ex-União Soviética o sol do mundo.
Como é possível que todos confluam num único candidato e, sobretudo,como é possível que esse candidato não se importe com tal apoio?
Como se sente um homem de esquerda no meio dessa companhia de gente também de esquerda?
Por isso, louvo o seu idealismo, mas conviria "pousar" um pouco!...
Sans rancune!...

Manta de Retalhos disse...

Caro Pinho Cardão

O que é ser de direita? É apoiar a politica de Salazar? Pinochet? Franco? Até mesmo Hitler, Mussolini e outros? Não se esqueça que também nos partidos que hoje compõem a direita em Portugal existe apoiantes do regime deposto no 25 de Abril de 74, até Franquistas e apoiantes, escondidos, mas apoiantes do regime Nazi, a diferença está só nisto, enquanto a direita não é tolerante, a esquerda mais tolerante, mais do tipo… deixa já passou, isso ficou para história, não guarda rancores nem “repisa” na mesma “tecla”.

Eu considero-me tolerante, quero mesmo é discutir ideias sem adjectivar as pessoas, todo o meu, no seu ver idealismo, é assente em pressupostos humanistas, exigir tolerância para com toda a forma de manifestação de consciência, quer religiosa quer filosófica, cujos objectivos sejam os de conquistar a verdade, a paz e o bem social.

Pinho Cardão disse...

Caro Manta de Retalhos:
Estou a gostar do debate.
E penso que quase tudo o que disse no seu segundo comentário também pode ser aplicado a uma pessoa de direita: portanto, não será aí que existe a diferença.
Aliás, para mim, esta coisa de esquerda e de direita tem, neste momento, muito pouco conteúdo. Bem sei que muitos dizem ,mas não o provam, que uma afirmação destas só pode ser de uma pessoa de direita...é daquelas expressões fáceis, de quem não tem mais argumentos...
Até, porque para mim, todos os imobilistas, os que vivem do passado e dos amanhãs que cantam, são os novos conservadores, a nova direita.
E muitos dos que são, agora, apodados de direita são os que querem o progresso, a justiça social,são os que querem menos, mas melhor estado, são esses os progressistas, progressistas de que a antiga esquerda dizia ter o exclusivo.
De qualquer forma, mesmo na actual configuração artificial direita esquerda, a extrema direita nazi está ilegalizada.
Mas a extrema esquerda soviética, albanesa, chinesa, herdeira do pensamento que tantos crimes perpetou, anda por aí triunfante, todos os dias na televisão!...
Gostava, por fim ,de lhe dizer que concordo com as ideias que tão bem expressou no último parágrafo do seu último comentário.
Também sou tolerante, o que não significa que não saiba muito bem onde está a intolerância e ela está está também numa parte da esquerda, que não é a sua.
Sei, até porque já a sofri!...
Portanto, meu amigo, não meço tudo por igual; há esquerdas, não há esquerda!...
Na minha opinião, claro está!...

Manta de Retalhos disse...

Caro Pinho Cardão
Os meus cumprimentos, também estou a gostar do debate.

Menos estado, estou de acordo, menos estado interventor mas mais estado social, não podemos aplicar na Europa o tipo de estado americano, liberal, onde as maiores discrepâncias existem, onde tudo se paga directamente, onde os impostos só servem para pagar guerras, não nos podemos esquecer que o nosso ordenado mínimo é cerca de 375€, o médio pouco mais de 500 €, onde uma casa digna, sem luxos mas digna, custa alugada, 300 a 400 €, um passe social qualquer coisa como 50 €, um filho a estudar numa universidade publica custa por mês mais de 200 €, temos que ter sensibilidade, e é por isso que apoio Manuel Alegre, para este tipo de situações, a grande maioria dos portugueses não tem condições para uma sociedade com “menos estado” onde tudo se paga, veja o que se está a passar com a saúde, com os medicamentos, onde aqui poderíamos aplicar medidas de grande valor social, e ai sim com menos estado, aplicando a politica dos medicamentos vendidos em unidose, onde o utente compra o que necessita, passando o estado a pagar menos na comparticipação, pois é, mas isto vai colidir com o interesse de alguns poderosos, sempre o mesmo problema, espero que um dia todos nós acordemos e digamos, temos ali no bairro ao lado gente menos afortunada, que não teve, ou não sobe aproveitar as oportunidades, o que pensam disto tudo, é que eles também têm ideias e também têm o direito de as veicular, vamos ser mais sensíveis e não tão individualistas, Caro Pinho Cardão eu até não me posso queixar, sou quadro de uma empresa média, ganho mais que o suficiente para viver, tenho casa paga, carros pagos e filhos a estudar em universidades publicas onde entraram com notas mais que suficientes, mas preocupo-me com os outros, tenho conhecimento de muitos portugueses que fazem “das tripas coração” para chegar ao fim do mês, e vejo a politica de “menos estado” a avançar, sem sensibilidade, preocupa-me…. preocupa-me…..

Pinho Cardão disse...

Caro Manta de Retalhos:
Tanbém a mim me preocupa!...
Mas ter menos Estado, é ter menos despesa improdutiva e ter menos despesa improdutiva é ter mais dinheiro para o essencial.
E o essencial é, por exemplo, prodigalizar bons cuidados de saúde, a todos, sem distinção, em hospitais privados ou públicos, é dar condições para que todos os doentes, pobres ou ricos, tenham todos os medicamentos que necessitam, é facultar a todos as mesmas possibilidades de acesso à educação...
E isto não é possível num Estado tentacular, que sirva interesses corporativos, desperdiçador dos impostos dos contrinbuintes.
O Estado tem que estar ao serviço dos cidadãos, o que não significa que seja o Estado a prestar o serviço; podem muito bem ser entidades privadas, quando o fazem melhor, com melhor qualidade e mais barato.E são capazes de o fazer!...
E é por este caminho que se tem que ir.
Sou liberal em termos económicos, para poder assegurar um Estado que proteja os cidadãos, todos os cidadãos.
E estou muito longe de ser de esquerda!...