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domingo, 19 de novembro de 2006

Estabilidade e governabilidade - II

Na sequência da nota anterior, não estava o PR a pensar na estabilidade do regime político quando manifestou o seu apoio ao Governo. Nem faria sentido que esse seu gesto fosse assim interpretado pois ninguém pôs ou põe em causa o regime, se descontarmos os excessos habituais das campanhas eleitorais e os dos políticos menos ajuizados.
Creio que o Professor Cavaco Silva pretendeu transmitir a mensagem de que para ele, no quadro relacional para que aponta o semi-presidencialismo, o PR deve ser o garante da estabilidade governativa.

Resta saber se pensa assim face à conjuntura que o País atravessa, considerando que a falta de apoio presidencial pode agravar o fosso entre o Governo e a sociedade e com isso se comprometer a saída da crise. Ou se assim pensa porque, em situação social e económica mais favorável, em que o País não passava as dificuldades por que hoje passa, Cavaco Silva sentiu na pele de Primeiro-Ministro os efeitos da falta de solidariedade do Chefe do Estado, quando activamente Mário Soares, então PR, se atravessou no curso de um Executivo - tal como hoje apoiado por uma maioria absoluta no Parlamento -, condicionando-lhe a acção e contribuindo para corroer a aceitabilidade pública das políticas.
Há marcas nos percursos políticos longos como o do Professor Cavaco Silva, que não podem deixar de ter reflexos em comportamentos futuros.
Pela minha parte estou em crer que a marca deixada pela actuação de Mário Soares como Chefe do Estado na última governação pela qual Cavaco Silva foi responsável, não é alheia à afirmação do seu apoio a este Governo. Como estou em crer que não o será no futuro, apesar de esse ser um cenário improvável, se José Sócrates dele necessitar para terminar a legislatura.

6 comentários:

Tonibler disse...

Pois, mas JMFA, o contrário de falar é estar calado (como diria com pompa a Lili Caneças), não é ir a um estúdio de televisão dizer o contrário. Cavaco não falou no sentido da estabilidade governativa, isso seria estar calado, fortaleceu este governo.

Anónimo disse...

Não esteve atento meu caro Tonibler...

Tonibler disse...

Estive, estive.

RuiVasco disse...

Caro Ferreira de Almeida:
Arrumado o caso das contra programações estou absolutamente de acordo com a sua interpretação. Vou, até um pouco mais longe. Para alem das "memórias" que o possam motivar julgo que Cavaco Silva age tambem de acordo com aquilo que julga neste momento vital para a sobrevivencia do país! E não é o unico a pensar assim, da mesma e de outras áreas ideologicas!
Já repararam o cuidado que se está a ter com as F.A.? Porque será?

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo meus caros Pinho Cardão e Rui Vasco

Adriano Volframista disse...

O PR não é a oposição ao contrário, nem o contrário da oposição.
Mas tambêm não se substitui a esta.
Mário Soares foi tudo isso que acima se enumerou.
Se não fosse um candidato putativo a Pai da Pátria Próxima, seria desancado, como o foi e é, Ramalho Eanes.
Cavaco Silva quer ficar para a História, pôs-se a jeito, vamos ver se ela passa por ele. Senão fica para a "estória". Por isso, o PSD é o menor dos seus interesses.
Cumprimentos
Adriano Volframista