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sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Juros: aposta de alto risco

Recordam-se por certo os nossos ilustres Comentadores do desafio/aposta que aqui lancei, em POST do dia 6 de Outubro, quanto ao nível a que estaria a principal taxa de juro directora do BCE em 31 de Dezembro próximo.
Embora não tivessem sido muitos, os Comentadores que aderiram a esse desafio mostraram o seu gosto pelo risco: Tonibler, Rui Vasco, CMonteiro e um dos grandes animadores deste BLOG, JMFAlmeida.
Fiquei surpreendido, confesso, pela abstenção de Pinho Cardão, reputado especialista nestas matérias (ou talvez por isso?).
Também fiz a minha aposta, tendo colocado sobre a mesa um jantar na Adega do Saraiva, em Nafarros, a pagar pelos perdedores.
Apostei que o BCE, depois da última subida das taxas para 3,25%, mantê-las-ia inalteradas até final do ano.
Fui acompanhado nessa arriscada previsão por JMFAlmeida e por Rui Vasco.
Diferente foi a aposta de Tonibler e de CMonteiro, que previram uma subida para 3,5%.
Não teremos de esperar por 31 de Dezembro para saber o resultado, pois na semana que começa a 4 de Dezembro se ficará a saber a decisão do BCE.
Entretanto, o que já sabemos hoje é que a inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), foi de 1,7% em Setembro e de 1,6% em Outubro.
A inflação está assim bem abaixo do nível de vigilância que o BCE estabeleceu, que é de 2% como também se sabe.
Posso agora confessar que a minha aposta se baseou na expectativa de que viesse a suceder com os preços no consumidor aquilo de que temos agora confirmação.
A baixa acentuada dos preços do petróleo desde meados de Agosto muito contribuiu para esta desaceleração dos preços no consumidor.
Acresce que foram divulgados muito recentemente alguns indicadores que sugerem um próximo abrandamento da actividade económica na Alemanha e na França.
Apesar da evolução dos preços e dos sinais transmitidos por estes indicadores, que em condições normais deveriam conduzir o BCE a uma atitude de esperar para ver, mantendo as taxas inalteradas na sua próxima reunião, devo confessar que tenho muitas dúvidas e que corro elevado risco de perder a aposta.
Na verdade, parece que no BCE ainda vigora um certo “fascínio” pela evolução das grandezas monetárias, que toma como indicadores antecipados da tendência dos preços.
E as variáveis monetárias, M3 & Cª, continuavam a evidenciar um crescimento pujante pelo menos até Setembro.
Se perder, posso afirmar que terei o maior gosto em oferecer (só ou acompanhado) aos ganhadores o jantar em Nafarros, com a promessa de continuar a respeitar o anonimato dos Comentadores que nos derem o gosto de aparecer.
Só espero que Rui Vasco e CMonteiro não transformem o repasto em palco de “duríssima” confrontação de opiniões...sobre a qualidade do bacalhau assado.
Não acontecerá, com certeza, pediremos a P. Cardão, árbitro por excelência, para também comparecer, sendo o seu jantar pago 50/50 por ganhadores e perdedores.
E também espero alguma compensação, pois tenho por quase certo que Tonibler não deixará de zurzir o BCE, em especial se ganhar a aposta...

6 comentários:

Tonibler disse...

Caro Tavares Moreira,

Ganhe ou perca a aposta, parece que concordamos no fundamental. O BCE parece o cão do Pavlov, qualquer computador rasca faz aquele serviço.

A euribor3m está a 3.60%, o que indica que o resto do mercado financeiro está a apostar em mim para ganhar a aposta.

Anónimo disse...

Suspeito que o meu investimento no saber do Tavares Moreira vai ser mesmo reprodutivo ;)

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Ainda não chegamos a Dezembro, ao momento fatídico (ou não) e já o meu amigo zurze, sem dó nem piedade, o "infalível" BCE.
Reserve pelo menos um bocadinho da sua capacidade de fogo para 7 de Dezembro, pois aí poderei precisar mais da sua soildariedade.
A propósito, li há pouco um texto de especialistas do Citigroup, em que estes referem(cito) "We expect one additional 25 baisis-point rate hike by year-end. As has historically been the case, the ECB aapears to be erring on the side of restraint".
Como vê meu Caro, não está só, está até bem acompanhado.

Caro Ferreira de Almeida,

Pagando ou não, o bacalhau assado da Adega do Saraiva não nos poderão tirar, pelo que o nosso investimento está assegurado e a reprodutividade deve ser como habitualmente exuberante!

Carlos Monteiro disse...

Camarada Rui Vasco, venham de lá esses ossos!

:)

just-in-time disse...

Caríssimos

Recentemente, e inesperadamente, tive a oportunidade de ouvir, e, agora, de ler trabalhos de Patrick Viveret, que muito me entusiasmaram.
Viveret é filósofo e exerce a função de conselheiro do Tribunal de Contas, em França.
Chegou à conclusão que as bases da Contabilidade Nacional, que foram lançadas no pós-guerra, numa perspectiva da industrialização e do crescimento da França, estão carregadas de efeitos preversos e que a quantificação do valor acrescentado não tem nada a ver com a melhoria da qualidade de vida. Por exemplo, se no próximo ano não houver acidentes de automóvel no país, o PIB terá uma forte queda; da mesma maneira, o produto aumenta muito mais se uma pessoa tiver de ir dez vezes ao médico e acabar por ser operada, do que se o médico lograr a cura na 1ª consulta...
Vale a pena meditar!

RuiVasco disse...

Caro CMonteiro :
Venha de lá esse excelente bacalhau assado!...Os ossos são todos seus, como é seu desejo!
Um abraço