Sadam Hussein foi condenado à morte, por enforcamento, devido a alguns dos muitos crimes que cometeu. Presumo que dificilmente haverá alguém que ponha em dúvida a sua culpabilidade.
O que leva um homem a enveredar pelo crime? Será que não consegue distinguir o mal do bem? Será que Sadam fará um testamento manifestando arrependimento pelos crimes que cometeu? A este propósito, li, recentemente, no âmbito da comemoração do Dia Mundial contra a Pena de Morte (10 de Outubro), a descrição do último enforcamento realizado em Leiria, em 1841.
O jovem alferes da Guarda Nacional, João Marques Amado, elaborou um testamento onde manifesta a sua dor: "...Aceito resignado a morte que mereci, sirva esta horrorosa cena de desengano e aviso aos moços da minha idade...Sim ó moços respeitai e obedecei a vossos pais, aproveitai-vos das doutrinas de vossos mestres melhor do que eu fiz." E continua explicando o seu infortúnio e apelando para que outros não sigam o seu exemplo.
A diferença entre o correcto e o errado foi determinante na evolução da nossa espécie. Sabemos que a educação parental, a religião e a instrução legal são forças muito importantes na definição das fronteiras. Mas levanta-se um problema quanto à sua origem. Como deverá ter começado?
Primatologistas argumentam que as raízes da moralidade humana são evidentes nalguns animais sociais. Sentimentos de empatia e expectativas de reciprocidade são essenciais para a vida de grupo.
A hipótese de que as pessoas nascem com uma "gramática moral" desenvolvida através da evolução começa a ganhar adeptos. Sendo assim, o papel dos pais e dos educadores consiste em dar forma a um comportamento inato, ao passo que a religião, não sendo propriamente a fonte de códigos morais, reforça comportamentos morais instintivos.
Há quem, por analogia, utilize o conceito de gramática universal para explicar esta hipótese. No caso da gramática universal, estaríamos perante uma maquinaria neurológica inata para falar. No fundo trata-se de um sistema de regras capaz de gerar a sintaxe e vocabulário e não a linguagem, a qual depende da cultura.
A "gramática moral" seria um sistema que permite gerar comportamentos morais e não uma lista de regras específicas. Assim, poder-se-ia explicar comportamentos similares nas diferentes sociedades, por exemplo, cuidados com as crianças e com os mais fracos, não matar, não roubar, não mentir e evitar o incesto, entre outros. Mas, mesmo assim permite uma grande variabilidade ao ponto de algumas sociedades banirem o aborto, enquanto outras, em determinadas condições chegaram a admitir o infanticídio.
Esta área ainda necessita de muito estudo e reflexão. De qualquer modo, podemos constatar que muitas pessoas não são dotadas de uma “gramática moral” ou se o são deve ser tão fraca que, na ausência de um treino adequado, a nível familiar, educacional e religioso, originam situações confrangedoras e indignas de uma verdadeira e superior condição humana,
Sadam, sempre de Corão na mão, protestou contra a condenação, ao passo que o jovem Alferes começa a sua última disposição “Em nome de Deus”, manifestando um impressionante arrependimento…
O que leva um homem a enveredar pelo crime? Será que não consegue distinguir o mal do bem? Será que Sadam fará um testamento manifestando arrependimento pelos crimes que cometeu? A este propósito, li, recentemente, no âmbito da comemoração do Dia Mundial contra a Pena de Morte (10 de Outubro), a descrição do último enforcamento realizado em Leiria, em 1841.
O jovem alferes da Guarda Nacional, João Marques Amado, elaborou um testamento onde manifesta a sua dor: "...Aceito resignado a morte que mereci, sirva esta horrorosa cena de desengano e aviso aos moços da minha idade...Sim ó moços respeitai e obedecei a vossos pais, aproveitai-vos das doutrinas de vossos mestres melhor do que eu fiz." E continua explicando o seu infortúnio e apelando para que outros não sigam o seu exemplo.
A diferença entre o correcto e o errado foi determinante na evolução da nossa espécie. Sabemos que a educação parental, a religião e a instrução legal são forças muito importantes na definição das fronteiras. Mas levanta-se um problema quanto à sua origem. Como deverá ter começado?
Primatologistas argumentam que as raízes da moralidade humana são evidentes nalguns animais sociais. Sentimentos de empatia e expectativas de reciprocidade são essenciais para a vida de grupo.
A hipótese de que as pessoas nascem com uma "gramática moral" desenvolvida através da evolução começa a ganhar adeptos. Sendo assim, o papel dos pais e dos educadores consiste em dar forma a um comportamento inato, ao passo que a religião, não sendo propriamente a fonte de códigos morais, reforça comportamentos morais instintivos.
Há quem, por analogia, utilize o conceito de gramática universal para explicar esta hipótese. No caso da gramática universal, estaríamos perante uma maquinaria neurológica inata para falar. No fundo trata-se de um sistema de regras capaz de gerar a sintaxe e vocabulário e não a linguagem, a qual depende da cultura.
A "gramática moral" seria um sistema que permite gerar comportamentos morais e não uma lista de regras específicas. Assim, poder-se-ia explicar comportamentos similares nas diferentes sociedades, por exemplo, cuidados com as crianças e com os mais fracos, não matar, não roubar, não mentir e evitar o incesto, entre outros. Mas, mesmo assim permite uma grande variabilidade ao ponto de algumas sociedades banirem o aborto, enquanto outras, em determinadas condições chegaram a admitir o infanticídio.
Esta área ainda necessita de muito estudo e reflexão. De qualquer modo, podemos constatar que muitas pessoas não são dotadas de uma “gramática moral” ou se o são deve ser tão fraca que, na ausência de um treino adequado, a nível familiar, educacional e religioso, originam situações confrangedoras e indignas de uma verdadeira e superior condição humana,
Sadam, sempre de Corão na mão, protestou contra a condenação, ao passo que o jovem Alferes começa a sua última disposição “Em nome de Deus”, manifestando um impressionante arrependimento…
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