Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

“Há 100 anos”…

Em 3 de Novembro de 1906, numa reunião da Sociedade de Psiquiatria da Alemanha do Sudoeste, Alois Alzheimer apresentou um caso clínico, devidamente documentado em termos neuropatológicos, de uma doença a que, posteriormente, foi designada com o seu nome: Doença de Alzheimer.
Neste momento é considerada a doença neurodegenerativa mais prevalente, com mais de 20 milhões de casos por esse mundo fora, e com 4,6 milhões de novos casos por cada ano que passa.
Esta pequena observação surgiu de um pequeno encontro com um velho professor jubilado que, cheio de energia e de iniciativas, me visitou há dois dias. Sempre que o vejo, considero uma honra ter sido seu aluno e depois colega e companheiro em tarefas académicas e administrativas na nossa Faculdade. Aproveitamos parte da tarde para por a conversa em dia. Entre outros assuntos, manifestou a sua tristeza pelo facto de na última reunião de curso – a diminuir de ano para ano – o seu velho camarada de estudo apresentar um quadro de doença de Alzheimer numa fase bastante avançada. – Veja lá oh M.! Volta e não volta quando lhe perguntava quem era eu, dizia: És o meu primo! – Teu primo? Olha bem para mim! – Mas nada. De repente no decurso do almoço voltou-se para mim e disse: - Tu és o Tonecas, não és? – Sou! Olha, está aqui o Tonecas! Está aqui o Tonecas!
A conversa continuou ao redor desta matéria e do medo que cada um sentia face à perda das faculdades mentais. O “peso” que acarreta para as famílias e para a sociedade é muito preocupante, exigindo cada vez mais estruturas de apoio. Mas é necessário que a dignidade das vítimas não seja posta em causa, facto bastante comum quando somos confrontados com certas notícias.
Os conhecimentos sobre esta doença aumentam de ano para ano, entrevendo-se algumas perspectivas de prevenção, graças a vários tipos de acção, fomentando e musculando a actividade cerebral (espero que os blogs dêem uma ajuda!), e a fármacos, alguns dos quais já são utilizados, mas outros, bastante mais prometedores, poderão sair do actual pipeline.
O número de casos de demência vai aumentar nas próximas décadas o que irá determinar o aparecimento de novas terapêuticas. Resta saber a que preço, já que as mesmas não irão ser baratas. Não podemos esquecer que estamos perante um grupo etário cronicamente deficiente em termos económicos.
As atitudes, em termos de suporte social e de assistência médica, que vamos assistindo não prevêem grandes soluções nem esperanças de um futuro melhor para os que têm mais necessidade. Vive-se cada vez mais, o que determina riscos acrescidos de virmos a sofrer de doenças que necessitam de fortes apoios sociais. Tudo isto exige muito dinheiro e, sobretudo, respeito pela dignidade humana.
É preciso dar visibilidade ao assunto, enquanto as nossas cabecinhas…

4 comentários:

RuiVasco disse...

Recebi e enviei a alguns amigos um dessas muitas mensagens que pela Internet circulam diariamente. Sem ilustrações e, com alguma síntese, aqui fica uma história que o Tonecas do prof Massano me fez ir buscar e compartilhar convosco!

AMOR MAIUSCULO
Um homem bastante idoso procurou uma Clínica para um curativo numa mão ferida, dizendo-se muito apressado, porque estava atrasado para um compromisso.Enquanto o tratava, o jovem médico quis saber o motivo da sua pressa e ele disse que precisava ir a um Asilo de Velhos tomar o café da manhã com sua mulher que estava internada lá há bastante tempo ...
Sua mulher sofria do “Mal de Alzheimer” em estado bastante avançado...
Enquanto terminava o curativo, o médico perguntou-lhe se ela não ficaria assustada pelo facto dele estar atrasado.
- “Não, disse ele. Ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos ela nem me reconhece...”
Intrigado o médico pergunta:
- “Mas se ela já nem sabe quem o senhor é, porque essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?”

O velho sorriu, deu uma palmadinha na mão do médico e disse:
- “É verdade... ela não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem QUEM ELA É”

Suzana Toscano disse...

Cá está o Prof. Massano a bulir com as nossas consciências. Hoje são "eles", amanhã somos nós...
A história de RuiVasco é lindissima, merece bem a divulgação que faz dela.
Curiosamente, conheço uma história parecida mas muito intrigante.
Uma mulher que viveu sempre numa pequena aldeia e cujo marido, ao fim de uns anos de casado, "arranjou outra". Ele não saiu de casa, ela também não porque tinham uma filha e não tinham para onde ir, e ali ficaram, como dois estranhos. Ou antes, ela como criada, limpando, cozinhando, lavando a roupa, enfim, tudo o que é suposto fazer para manter o conforto do lar. Viveram a maior parte da vida em quartos separados e a aldeia deixou de criticar a situação.
Há poucos anos, os hábitos de alcoólico foram agravados com a doença de Alzheimer e ele passou a depender totalmente dos outros. Dela, melhor dizendo. Porque a amante de sempre já estava também senil e no lar da terra e ela recusou-se a pôr o marido ao pé da "outra"...Perguntei-lhe porque insistia em tomar conta dele. "É que ele não ME conhece", disse ela, "senão eu não me sujeitava a isto!"
Que estranha é a mente humana!

Massano Cardoso disse...

Suzana e RuiVasco.
Valeu a pena ter escrito a minha nota, porque de outro modo não teria acesso a duas lindas e profundas histórias. Os comentários ultrapassaram a nota. Ainda bem!

Anónimo disse...

Bons momentos.