Abrimos este Jornal Especial Sondagens com a notícia de que a campanha eleitoral entrou agora numa fase renhida, com as empresas de sondagens a disputar palmo a palmo os votos dos eleitores. A decisão, como se sabe, irá recair sobre aquela que mais vezes, ao longo da campanha eleitoral, tenha conseguido acertar na ordem de preferências que os cidadãos vão manifestar sobre os objectos de estudo, a saber, a opinião dos portugueses sobre os Partidos Políticos que se candidataram ao Governo do País. Em primeiro lugar, até ao momento, a preferência dos eleitores vai para a empresa que, não tendo acertado em cheio nos estudos de opinião efectuados nas últimas eleições, propõe no entanto um ranking inovador, capaz de rasgar os novos horizontes da sondologia do futuro. Por outro lado, a empresa que repetidamente insistiu em apresentar conclusões que vieram a revelar-se ser completamente erradas, mesmo à boca das urnas, faz um esforço para recuperar a credibilidade, jurando que usou sempre as mais modernas técnicas de aferição de opiniões e não teve culpa nenhuma que os critérios de decisão dos indecisos tivessem mudado a meio do jogo.
Há ainda a considerar a forte contestação de algumas das estações de rádio até agora afastadas das parcerias empresas/universidades/comunicação social, as quais alegam que não é pelo facto de não terem aderido a essas modernices que devem ser afastadas dos tempos de antena, porque também têm uma palavrinha a dizer sobre as opiniões dos cidadãos, quanto mais não seja nos noticiários, que toda a gente sabe que se apoiam em power points. O caso mais aceso é o da rádio que, para levar à reflexão alguns temas manifestamente em desuso, como a mania da ética e outras vulgaridades, usava o slogan “vale a pena pensar nisto”, e que, agora, optou por um marketing agressivo com a nova frase “non è vero ma è bene trovato”, ainda por cima em estrangeiro, como prova de cedência aos ventos da globalização. O novo slogan tem causado furor, por traduzir uma leitura actualista do pensamento mais profundo da política portuguesa. Há ainda o caso da emissora que teima em passar só músicas clássicas dos anos 70, que alega que tem imensa audiência e que não fará concessões à barulheira que toca nos comícios onde se discutem as sondagens e que nem por isso terá menos direito a submeter-se ao vaticínio do eleitorado. Quem parece que não chegará a entrar nos boletins de voto é a estação do fado, não porque não tenha toda a dignidade mas porque, definitivamente, o que se pretende é virar as costas ao passado, mudar de onda, por assim dizer, e um Estado moderno não se constrói de modo nenhum a partir de lamúrias e de amores para sempre, como toda a gente sabe e a legislação comprova.
No entanto, o que poderá decidir o voto é a transparência da informação contida na ficha técnica que acompanha cada sondagem, a qual continua enigmática para os que terão que escolher a empresa líder, quer porque continua em letra miudinha que mal dá para ler no écran, quer porque a senhora que lê em voz alta o que lá está escrito ainda confunde mais, porque tem um ritmo de leitura e uma entoação que faz baralhar a ordem das linhas, não havendo óculos que resistam à dificuldade de decifração.
Há ainda a considerar a forte contestação de algumas das estações de rádio até agora afastadas das parcerias empresas/universidades/comunicação social, as quais alegam que não é pelo facto de não terem aderido a essas modernices que devem ser afastadas dos tempos de antena, porque também têm uma palavrinha a dizer sobre as opiniões dos cidadãos, quanto mais não seja nos noticiários, que toda a gente sabe que se apoiam em power points. O caso mais aceso é o da rádio que, para levar à reflexão alguns temas manifestamente em desuso, como a mania da ética e outras vulgaridades, usava o slogan “vale a pena pensar nisto”, e que, agora, optou por um marketing agressivo com a nova frase “non è vero ma è bene trovato”, ainda por cima em estrangeiro, como prova de cedência aos ventos da globalização. O novo slogan tem causado furor, por traduzir uma leitura actualista do pensamento mais profundo da política portuguesa. Há ainda o caso da emissora que teima em passar só músicas clássicas dos anos 70, que alega que tem imensa audiência e que não fará concessões à barulheira que toca nos comícios onde se discutem as sondagens e que nem por isso terá menos direito a submeter-se ao vaticínio do eleitorado. Quem parece que não chegará a entrar nos boletins de voto é a estação do fado, não porque não tenha toda a dignidade mas porque, definitivamente, o que se pretende é virar as costas ao passado, mudar de onda, por assim dizer, e um Estado moderno não se constrói de modo nenhum a partir de lamúrias e de amores para sempre, como toda a gente sabe e a legislação comprova.
No entanto, o que poderá decidir o voto é a transparência da informação contida na ficha técnica que acompanha cada sondagem, a qual continua enigmática para os que terão que escolher a empresa líder, quer porque continua em letra miudinha que mal dá para ler no écran, quer porque a senhora que lê em voz alta o que lá está escrito ainda confunde mais, porque tem um ritmo de leitura e uma entoação que faz baralhar a ordem das linhas, não havendo óculos que resistam à dificuldade de decifração.
7 comentários:
A tentetiva de formatação da opinião pública. Para o sistema, convém que a democracia, ande pelo centrão, nada de voos altos.
De facto, os orgãos de enformação, andam a sentirem-se orfãos, estão preocupados com a vidinha deles.
Se nos detivermos a tentar compreender aquilo que está a acontecer neste processo eleitoral, concluímos imediatamente, que está a contecer tudo, menos aquilo que o Presidente da República apelou aos partidos que acontecesse.
Mais. Percebemos que estão a decorrer várias e distintas eleições em simultâneo, promovidas pelos partidos, pela comunicação social e pelas sondagens divergentes e tendenciosas, ou então, simplesmente imprecisas.
É notória, a tendência cada vez mais evidente das civilizações, das sociedades para aderir ao conceito de pluralidade, de unidade e de evolução na fraternidade.
Esta tendência, contrasta com a forma como se está a desenrolar o processo eleitoral em curso. A agressividade nos discursos, as sondagens e a comunicação social, disfarçadas pela capa da isenção e da liberdade de informar, a promover a agressividade e o clubismo.
Assiste-se nestas eleições, tal como em anteriores, mas talvez nestas, com maior agressividade, à promoção da discordia e da desunião. Assim, não será de estranhar, que a tendência de voto, venha a dar a maioria à abestenção.
Cara Suzana:
Excelente!
Cara Anfitrite:
Devo estar hoje com a mente particularmente obtusa, já que não consegui alcançar a lógica do seu primeiro parágrafo.
E, "porca miseria", também pouco entendi do segundo.
Não me dá uma nova oportunidade para entender?
Caro José Domingos, há várias formas de formatar a opinião pública, tem razão, é disso que se trata.
Caro Bartolomeu,"a agressividade nos discursos, as sondagens e a comunicação social, disfarçadas pela capa da isenção e da liberdade de informar, a promover a agressividade e o clubismo", são realmente um desafio para que os cidadãos tentem ver claro no meio da confusão.É natural que numa campanha eleitoral aja debates e confrontos de ideias mais ou menos acesos, o problema é quando tudo se reduz à agressividade e se impede, de todas as formas, que as opiniões de formem livremente.
Cro Pinho Cardão, obrigada!
...em fogo lento, que é para não fazer como a rã, que salta se a deitarem em água a ferver, assim se for suavezinho, embrulhado em muita conversa que não diz nada, a rã deixa-se ficar no quentinho, até ficar cozida.
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