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terça-feira, 26 de dezembro de 2006

“Jogar na divisão dos macacos”…

Os estudos que se debruçam sobre as capacidades mentais dos animais são sedutores, já que podem por em causa determinados princípios em que se baseia a singularidade humana.
A teoria da mente, que permite pensar os que os outros pensam, característica da nossa espécie, parece que se estende aos grandes macacos.
Falar de consciência é muito complexo. Parte dos elementos que a constituem encontram-se nalguns animais, mas os grandes macacos são os únicos que mostram evidências de uma mente semelhante aos seres humanos, como demonstram estudos recentes A ser assim, ainda poderemos assistir a verdadeiras revoluções, não só em termos de bem-estar animal, como também ao reconhecimento dos seus direitos, originando graves problemas à nossa espécie, excepto se entretanto desaparecerem…
Em termos de direitos, sempre é melhor atribui-los aos macacos do que aos robôs! E é melhor que seja o mais rápido possível, porque, de acordo com um cientista do governo britânico, responsável por um relatório em que são elaboradas projecções para os próximos 50 anos, os robôs, que entretanto irão sofrer transformações inimagináveis, passarão a votar, adquirindo direitos que os macacos de hoje nem “pensam”! Tudo, porque sendo “conscientes” vão querer ter direitos.
O escritor checo, Karel Èapek, que em 1921 criou o termo robô (da palavra checa “robota”, trabalho pesado e servidão), anteviu o dia em que nos libertariam do trabalho pesado, mas decerto ficaria surpreendido com a rapidez com que se libertariam do nosso controlo.
A ficção científica tem perspectivado não só esse momento, como também o surgimento de uma inteligência artificial “superior”.
Neste preciso momento, já há robôs que se auto reparam, e alguns são mesmo “artistas”! No último caso, um português está a tentar criar máquinas capazes de fazerem “arte” ! Há mesmo quem considere que os futuros “seres”, dotados de inteligência artificial, serão o resultado natural da evolução das espécies, ao ponto de, quando olharem para o passado, terem, também, o seu próprio Charles Darwin. Levanta-se uma dúvida, será que haverá lugar para “seres inteligentes artificiais” “criacionistas”?
Algumas destas perspectivas, que aparentemente nos fazem sorrir, não deverão deixar de ser equacionadas. Mas entre reconhecer direitos aos grandes macacos ou aos futuros “robôs”, prefiro aqueles, porque pode acontecer que um dia estes últimos não os reconheçam, e quem sabe o que nos poderá, também, acontecer.
Alguém se imagina a jogar na divisão dos macacos?

6 comentários:

Pinho Cardão disse...

Caro Professor:
Não tarda muito estarão os macacões e os robots a fazerem experiências científicas quanto à capacidade de inteligência dos actuais animais racionais...

Adriano Volframista disse...

Caro Professor

Apenas não percebo porque não estende os "direitos" dos macacos aos outros animais, a começar pelos mamíferos.
Ou em que se baseia para diferenciar os "macacos superiores" dos restantes animais?
Cumprimentos
Adriano Volframista

Suzana Toscano disse...

Então os golfinhos, também terão direito a voto?isso não vai ser assim tão simples...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Receio bem que se não nos contivermos na nossa inteligência criativa – criando inteligências artificias – acabemos por ser capturados pelos macacos ou pelos robôs.
Seria muito mau! É coisa que está nas nossas mãos não deixar que aconteça. Temos que moderar a nossa inteligência...

Massano Cardoso disse...

Caro Adriano Volframista

Os outros animais, incluindo os mamíferos, têm também direitos. Há legislação sobre o assunto, para não falar já da ética animal.
Agora, neste caso concreto estamos a falar de outras coisas que é o modo de pensar. Estender o conceito da "teoria da mente" a outras espécies que não a humana. Para o efeito recomendo-lhe a leitura do artigo “Known unknown” publicado na revista New Scientist de 16 de Dezembro de 2006 (pag. 28 a 31) (www.newscientist.com) onde pode aprofundar as diferenças entre as várias espécies e o facto de algumas serem portadoras de parte ou “totalidade” dos componentes que são atribuídos à consciência humana. O cerne da questão é precisamente este ponto: “consciência”!

Os golfinhos não estão esquecidos, com a sua natural “empatia e emoções”…

A inteligência humana tem limites? Há quem diga que sim, mas há quem diga que não! E neste último caso…

Adriano Volframista disse...

Caro Professor

Então vamos passar a ter:
Humanos
Seres vivos conscientes
e animais?
E isso o que tem que ver com os robots?
Onde está a ameaça dos robots? No facto da ficção científica retratá-los com comportamentos biológicos (de tipo mamífero) e não supôr comportamentos alternativos, ao biológico? Ou no medo atávico da novidade?
Cumprimentos
Adriano Volframista