No dia 8 de Novembro escrevi umas breves notas sobre a corrupção, num post com o título - Corrupção um "imposto" a abater...
Aí defendi que a corrupção deveria ocupar um lugar prioritário na agenda política. O combate à corrupção deveria ser assumido pelo Governo como um grande desígnio nacional, e transversal, a toda a sociedade e economia.
Mal sabia eu que passados poucos dias o tema voltaria a ser notícia na comunicação social, com a divulgação de alguns dos números "assustadores" que constam do Relatório de Segurança Interna de 2005, a confirmar a "monstruosidade" do fenómeno.
Esse Relatório refere que a criminalidade económica e financeira "consolidou-se" em Portugal e que os fundos movimentados pela economia paralela podem envolver cerca de 9% do PIB!
Não partilho da opinião de alguns que publicitam que o combate à corrupção passou a ocupar uma posição substancial no discurso político. Não creio que se possa fazer essa leitura, pela simples razão de que a corrupção não se equivale a fraudes e crimes fiscais. Há mais corrupção para além do horizonte fiscal!
Recentemente, o tema voltou a ocupar as páginas dos jornais, dando tempo de antena ao "desaguisado" político que se instalou entre o deputado socialista João Cravinho, autor de um pacote legislativo anti-corrupção, e o seu partido, o PS, que tem relutância em o aceitar.
Não conheço o referido pacote e não tenho conhecimentos que me habilitem a julgar com propriedade sobre quais serão as melhores leis. Mas há uma coisa que julgo saber, que não basta fazer leis, que é preciso grande acção no terreno – adequar as unidades orgânicas ao combate à corrupção, reforçar os recursos humanos e financeiros envolvidos na investigação, tornar efectivo o acesso a documentos oficiais – só para citar algumas das recomendações feitas a Portugal pelo " Grupo de Estados Contra a Corrupção".
E para concretizar tudo isto, também sei, que é necessária muita vontade e força política. De que estamos à espera? Os erros e as consequências não são suficientes? É preciso mais?
Estou tentada a dizer que o combate à corrupção mereceria de todos os quadrantes políticos e da sociedade civil um consenso alargado, sem "tabus" ideológicos.
É legítimo exigir que o Governo tome medidas enérgicas no combate à corrupção.
O caso é muito grave!
2 comentários:
Cara Margarida,
Também em comentário a esse post lhe lancei uma provocação em que dizia que se são os partidos os corrompidos, porque haveriam eles de mudar? Pegando num tema querido ao camarada Massano Cardoso, isso seria como encarregar a Philip Morris do combate ao tabagismo.
Eu não conheço o projecto do João Cravinho. Não conheço porque ninguém fala nele, não interessa, daqui a duas semanas será recordado como um ataque a moinhos de vento. O PS não quer saber, o PSD não comenta, o BE assobia para o lado, o PCP é indiferente,...
A corrupção tem ajudado e muito, a denegrir e a desprestigiar a classe política. O cidadão comum, ainda que com alguns laivos de um comportamento sério que lhe advem de gerações anteriores, é sem dúvida alguma um " magnífico" oportunista e um " soberbo" invejoso. Com uma cultura e uma formação cívica diminutas, com exemplos vergonhosos verificados ao nível das mais altas instâncias,ao que se diz, está bem de imaginar o terreno propício que se lhe proporciona com uma corrupção activa e bem "remunerada", segundo consta.Há que combater o fenómeno, atacando com coragem as suas origens.
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