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segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Glamour...

A Margarida foi ao SPA e ao ténis eu fiquei a jardinar, tentando recuperar o meu jardim do abandono a que o votei nos últimos tempos. Ao fim de duas longas tardes de intenso labor, sentei-me a folhear uma revista “feminina” que prometia grandes novidades e ajudas para a quadra natalícia que já se aproxima.
À medida que avançava na leitura, o meu estado de espírito, tão recomposto depois do exercício ao ar livre no meio da natureza, foi-se adensando. A beleza é uma árdua conquista! Não só física mas sobretudo material! Página sim, página sim, é o anúncio de cremes, loções, perfumes, maquilhagem em sucessivas camadas e tonalidades. Roupas que disfarçam imperfeições que, por pequenas que sejam, ali parecem intoleráveis, e depois jóias, peles, sapatos e adereços. O resultando é fascinante mas a fasquia é impossível. Tudo para estar apresentável nas festas de Natal. Depois, há que tratar dos festejos propriamente ditos, comprando enfeites, toalhas e loiças, decorando a casa, confeccionando iguarias. E os presentes “mais”, em que as sugestões ocupam páginas e páginas que no fim nos provocam um longo suspiro de desânimo…
O culto do belo e do perfeito é cada vez mais exigente. Numa época em que as mulheres se assumem como profissionais e donas da sua personalidade, ali está em pleno a bonequinha articulada, em cima de sapatos impossíveis, espremida em licras e sedas, abafada em peles e tilintando jóias. Vá lá que, como diz a Margarida, os homens também já são público-alvo, também já lá não vão sem poções, relógios com brilhantes e linhas de jóias tão adequadas à sua masculinidade. Pelo menos, já não é só um a protestar que o orçamento familiar não resiste, há que partilhar as angústias e ver quem é que fica para trás na corrida ao glamour…
No meio daquilo tudo, uma entrevista a Ira de Furstenberg, grande guru do mundo da moda, que dizia que o verdadeiro luxo é uma pessoa gostar de si própria.
Fiquei a olhar para as minhas mãos de jardineira-domingueira, calcei as luvas de borracha e voltei para as minhas rosas.

2 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana,

As ROSAS são lindíssimas.
Ontem ainda tentei inserir no post uma fotografia alusiva ao relaxamento masculino. Mas não consegui, estava a ver que não divulgava o post no Domingo. Uma verdadeira frustração!
Diferentes as nossas ocupações do fim-de-semana, mas com a satisfação em comum de nos dedicarmos a algo que nos dá prazer e nos faz gostar de nós próprias.
Totalmente em desacordo com o "grande guro do mundo da moda", ao considerar que o verdadeiro luxo é a pessoa gostar de si própria. Não vejo porquê!? É claro que o seu negócio é criar e vender moda. E ao preço a que a vende, é realmente um “luxo".
Esquece", porém, que muito mais importante do que a fantástica moda é a pessoa sentir-se bem com o que faz. Mas esta é certamente "música celestial".
Gosto de me arranjar e vestir bem, gosto que me olhem como uma mulher interessante, que sabe cuidar de si, mas nunca de forma luxuosa, porque não teria o dinheiro suficiente, e ainda que o tivesse não o faria, para vestir a moda (ou à moda) que nos impingem, muitas das vezes completamente absurda!

RuiVasco disse...

Se nada mais fosse "a beleza da rosa" e o "suave perfume" de que falou o PCardão, mas que aqui não chegou, (problenas de software) valeu o seu post!
"O culto do belo e do perfeito é cada vez mais exigente"... mas é possível! Mesmo de luvas e tesoura a podar rosas!
Porque o "glamour" está, sempre, naquilo que nos atrai!