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segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Nairobi

Está reunida desde hoje em Nairobi, prolongando-se por duas semanas de trabalhos, uma conferência internacional para discutir o que fazer depois de Kyoto, isto é, após 2012, ano para o qual o protocolo sobre as emissões poluentes fixou os objectivos de redução (que se sabe hoje que não serão atingidos).
Pode parecer paradoxal começar a falar-se no pós-Kyoto numa altura em que, com os EUA de fora, se verificou um crescimento total de 2,4% de emissões entre 2000 e 2004, para 41 países industrializados.
A conferência de Nairobi não fixará, pois, limites de emissões de gases para depois de 2012. Seria irrealista fazê-lo face à experiência passada e ao risco de um onda de pessimismo global que lance o descrédito sobre a definição de metas quantitativas.
A conferência que hoje se inicia é um primeiro passo de um longo e difícil caminho destinado a tornar universal a consciência das implicações das emissões poluentes no clima e da urgência das soluções. Em especial após ter sido conhecido o relatório de Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, segundo o qual, se nada for feito, o aquecimento global do planeta poderá custar, por ano, entre 5 e 20% do total da riqueza produzida pela economia mundial.
Discute-se em Nairobi, igualmente, a ajuda aos países em desenvolvimento na adaptação aos impactos das mudanças climáticas.
A Convenção da ONU sobre as Mudanças Climáticas e o Protocolo de Kyoto instituíram três fundos especiais para apoio ao processo de adaptação e de transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento. Os países de economia mais débeis em nada foram beneficiados com este esquema.
Prevê-se agora que os fundos possam servir para auxiliar os países mais directamente afectados pelas mudanças climáticas, em especial os do continente africano que, sendo o que menos emissões produz, é inequivocamente aquele que mais prejudicado tem sido.

9 comentários:

Adriano Volframista disse...

Caro Ferreira de Almeida

Peço desculpa, mas um economista a falar de clima é como o violino de Ingres.
Mas, falando de coisas mais interessantes, sabe quando foram construídas as catedrais? entre 800 e 1100 da nossa era. Sabe como se denomina esse período? Medieval Warm Period (MWP para os intimos).
Reconçe pelo menos que as condições climáticas permitiram colheitas excepcionasi para permitir que tanta gente se dedicasse a construções sem sentido económico.
Já a partir de 1300 diminuiram fortemente as construções, sempre entrámos na Pequena Idade do Gelo que apenas terminou em 1820.
Já agora, não acha estranho que tantos marinheiros tenham desaparecido com a Invencivel Armada, numa época em que os conhecimentos nauticos e a tecnologia naval era das mais apuradas? Foi na época de Pequena Idade do Gelo que isso sucedeu, Sabe que foi por essa época que a Holanda quase desapareceu?
Posto isto, não será um período quente mais proveitoso que um período frio? Sempre podemos ter mais colheitas.
O que se passa é que estamos com um espirito Malthusiano ao contrário. Agora é o calor que mata...mais do que o frio.???
Cumprimentos
Adriano Voframista

Anónimo disse...

Meu caro Adriano Volframista, deixe-me recomendar-lhe um pequenino artigo sobre os efeitos da desertificação entre numerosos que podem ser colhidos na net. Por ele se percebe porque existe a preocupação de muitos com as variações provocadas no clima. Aqui vai o endereço para o caso de ter tempo e paciência para o ler: http://www.eden-foundation.org/project/desertif.html

Conheci muitos cépticos que contiuam a ser cépticos. Mas devo dizer-lhe que conheci alguns cujo cepticismo deu lugar a uma profunda preocupação sobre as consequências de alterações climáticas que se verificam a uma velocidade verdadeiramente alarmante, à medida que se iam conhecendo as relações causais com a poluição atmosférica. Pensamos nos nossos filhos e nos nossos netos e não queremos que vivam num mundo como o que, mesmo as menos radiciais previsões, prenunciam...
Já aqui li, em resposta a uma outra nota sobre o mesmo assunto, que observação da História demonstra que este não é um ciclo único ou mesmo raro. A questão está, porém, nas provas que se nos apresentam segundo as quais as alterações resultam de factores artificiais, como o são as emissões de CO2 e outros gazes nocivos da camada de ozono ou a desflorestação acelerada do planeta.
Mas mesmo na dúvida, meu caro Adriano Volframista, estando em causa o que inquestionavelmente está, vale a pena não arriscar. E não arriscar é fazer tudo para que sejam reduzidos os impactos da poluição. Designadamente não procurar na História a explicação que pode estar no presente, muito próxima e dependente de nós.

Tonibler disse...

Sobre o cepticismo, vi em tempos na televisão um antigo professor meu que dizia "Já experimentaram olhar pela janela?". O planeta está de facto a aquecer, não percebo este tipo de cepticismo como se a humanidade não soubesse medir temperturas médias há séculos. E CO2 em excesso contribui para tal, como a humanidade também sabe há décadas. Com tudo isto, o meu filho tem uma boa expressão para os cépticos - DAH!!!!!!!!

Adriano Volframista disse...

Caros F Almeida e Tonibler

Existe alteração climática... se, bem, qual é o vosso padrão de referência? Que décadas? De que século?
Apenas tenho fundadas dúvidas que seja antropogénica, é apenas isso.
Mais, não se pode provar que não existiu períodos semelhantes, no passado.
Relativamente a temperaturas posso-lhe sempre dizer que, quer o termómetro, inventado por Torricelli e o barómetro, inventado por Galileu, datam de +/-1650.
Só desde 1850 existem registos e parciais de temperaturas e pressão atmosférica.
Só desde 1950 é que esse registo é global.
Só desde a decada de 90 é que esses registos são por satélite, evitando erros e distorções, cidades por exemplo.
Nenhum modelo climático até agora reproduziu as condições climáticas do passado, (para não ser exaustivo, para o ano de 1650 em Londres).
Podem-me explicar como podem prever o futuro?
Pareçe-se mais com os advinhos que advinham tudo menos o totoloto( pareçe que é porque não podem).
Ah Sim, não estou só. Vejam o blogue mitosclimáticos e vão ver que as coisas, a começar pelos relatórios tem muito que se lhe diga.
Notem que o estudo do clima é uma ciência recente fruto da Idade Moderna e contemporânea da revolução Françesas. Antes era um dado adquirido, tanto que não se questionava sobre o mesmo. Recordo-lhes que, por exemplo, a classificação das nuvens data de finais de 1700.
É de uma incomensurável insensatez considerar que o homem é responsável pelas alterações climáticas, quando, por exemplo, a corrente termoclinia só foi descoberta nos anos 60 do século passado e ainda não se sabe quais a sua influência em todo o sistema; ou que sabemos menos sobre os oceanos do que sobre o nosso sistema solar.
Cumprimentos
Adriano Volframista

Tonibler disse...

Caro Volframista,

Essa argumentação serve para negar a evidência do aquecimento planetário como para demonstrar a minha incapacidade para temperar a água do banho. Afinal tudo o que diz se aplica à temperatura da água do meu chuveiro.
Ao contrário do que muita gente pensa, não se resolveu começar a medir a temperatura para ver se o planeta aquece. O que aconteceu foi que simptomas de aquecimento, como o degelo das calotes, o recuo dos glaciares, a migração de centros de pressão indicavam esse aquecimento. E tudo indica que esse aquecimento é potenciado pelos novos níveis estacionários de CO2 de produção humana e a redução da seu consumo, ainda por intervenção humana.

Claro que podemos sempre recorrer à pseudociência que nos diz que a evolução das espécies deve-se a um ente inteligente, que não estão provados os malefícios do tabaco ou que queimar petróleo não é particularmente nocivo ao ambiente. Mas isso, caro Volframista, não me parece motivo de discussão para ninguém, muito menos envolvendo sensatez.

Adriano Volframista disse...

Caro Tonibler

Aparentemente não percebeu: tenho dúvidas que sejam, as alterações climáticas, de origem antropogénica.
Não porque não existam evidências, apenas porque não existam provas de que estas alterações não se tenham verificado no passado, ainda antes de se verificarem as emissões humanas de CO2.
Mais e por fim, recorda-se que em 72/73 (com direito a capa na TIME) que o mundo ia caminhar para uma era de gelo? Olhe, não foi há muito tempo assim.
A escala dos fenómenos climáticos não tem nada que ver com a escala humana, é como a borboleta de um dia e outro animal qualquer. A borobolete de um dia se calha em dia de chuva leva uma péssima imagem do seu planeta, ao passo que tem a sorte de calahr num dia de sol...
Climatologia, como a medecina não são ciências no sentido estricto, são metodologias e socorrem-se de outras ciências.
E, naturalmente, reproduzem as falhas e as limitações das ciências de que se socorrem.
Cumprimentos
Adriano Volframista

Carlos Monteiro disse...

Caro Volframista,

O que a Time disse mantém-se actual; o que sucederá após uma era de aquecimento será uma era de gelo. Os ciclos da água assim farão acontecer.

Anónimo disse...

Meus caros, em especial, meu caro Adriano Volframista:
Não sou, como se vê pela minha escrita, especialista destes assuntos. Por dever de ofício episódico, mas sobretudo porque estou francamente preocupado com o futuro, tenho procurado informar-me sobre esta temática. Leio e tenho escutado com atenção os estudiosos da matéria. Também os cépticos. Percebo que a ciência não permita atribuir, para além de qualquer incerteza, às emissões de gases com efeito de estufa as variações climáticas que inequivocamente se fazem já sentir. Apesar dessa
incerteza, os cenários futuros traçados quanto à evolução do clima (especialmente gravosos para Portugal e sul do continente e menos, como se sabe, para o norte europeu) por gente que merece credibilidade, são suficientemente precupantes e fundados para justificarem a invocação do
princípio da precaução, estimulando políticas sérias de redução das emissões.
Admito que haja causas naturais do fenómeno. Essas dificilmente controláveis, como é óbvio. Mas estão identificados os factores antropogénicos e as evidências científicas da sua influência no clima. São hoje um dado. Indesmentíveis.
Entre 1990 e 2000 só a queima de combustíveis fósseis gerou uma
emissão média anual para a atmosfera de 6,3 mil milhões de toneladas de carbono
incorporado em moléculas de CO2. Parte deste CO2 dissolve-se nos oceanos. Outra parte é consumida pela biosfera por meio da fotossíntese. Mas o que resta - e são muitas e muitas toneladas! - permanece na atmosfera, alterando a sua composição, arrastando a modificação do clima.
Para os especialistas a estabilização da concentração
atmosférica desses gases é condição essencial para controlar as alterações climáticas
antropogénicas.
Dizem os cientistas que com essa estabilização se susterá o aquecimento global? Não, dizem coisa significativamente diferente. Dizem que o ciclo de aquecimento se proccessará mais lentamente, permitindo mais facilmente a adaptação dos indivíduos e das sociedades.
Sei bem que estas são péssimas notícias para uma economia mundial baseada na queima de combustíveis fósseis. Os cepticismos e as resistências vêm normalmente de quem prevê mais sacrifícios do abandono progressivo da economia do carbono do que a adaptação às alterações climáticas.
Mas haverá alteração sem perdas radicais da qualidade de vida e de empobrecimento colectivo se porventura se confirmarem os piores cenários que são os de um aumento da temperatura
média global de 1,4º a 5,8º C até ao fim deste século?
Será facilmente adaptável o nosso estilo de vida às previsões de alterações na precipitação com variações espaciais significativas?
Ou à maior precipitação nas latitudes elevadas e nas regiões
equatoriais e menor precipitação nas latitudes médias, em particular na região
mediterrânica e de todo o sul da Europa?
Ou à maior frequência de fenómenos climáticos extremos como os episódios de precipitação
intensa concentrada em intervalos de tempo curtos ou os períodos de seca intensa?
Continuo a achar que não vale a pena correr esse risco. E se houver uma réstia de prudência e sensatez universal, esta questão deverá ser, ao lado da promoção da paz, a prioridade das políticas dos Estados.

Adriano Volframista disse...

Caro F Almeida

Apenas algumas achegas:

a) Os modelos são modelos científicos, logo falsificáveis. Mas o problema principal dos modelos é que sendo uma ferramenta não são objectivos,dependem de dados e do modo como o autor os selecciona.
Os "modelos" climáticos são demasiado simples para imitar a realidade, como sucede com um simulador de voo, por exemplo.
É por isso, entre outras coisas, que os modelos climáticos não conseguem reproduzir nem o presente, nem o passado.
Tem utilidade, tem mas não projectam nem prevêm o futuro. Servem para melhorar a compreensão do clima, nada mais. Claro que são mais úties que as previsões astrológicas, mas estão muito próximas destas, mesmo que sejam realizadas por cientistas. Newton era um alquimista disfarçado e isso não o impede de ser um gigante da física.
O que não se pode fazer é erigir a ciência e os cientistas como oráculos, como se faz em Portugal.

b) Não caia na falácia lógica de considerar que existem factores antropogénicos causadores das alterações climáticas, é exactamente isso que não se sabe e que se discute.

c)O planeta aqueçe desde 1820, porque desde 1100 que vinha arrefecendo acentuadamente. Experimentou períodos de estabilidade climáticas entre essas duas datas.
Esses períodos podem durar mais de 50 anos, daí a metáfora da borboleta.
Porque raio teriam que ser as emissões de gases os responsáveis e não uma alteração que é prórpia do sistena climático?
O que sabemos sobre o clima do planeta tem menos de 150 anos de tradição e só nos últimos 50 possuímos instrumentos fiáveis de medição.
Acho que estamos a dar-nos demasiada importãncia.
Cumprimentos
Adriano Volframista