Causou-me profundo espanto o teor publicitado do Relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência ontem apresentado em Bruxelas, ontem já referenciado nas televisões e hoje divulgado pelo DN.
Creio que nenhuma campanha de marketing dos barões da droga faria mais e melhor a favor da colocação do produto no mercado.
Como boa campanha de marketing, a questão da acessibilidade do preço vem logo à cabeça. O Relatório diz que tem havido uma baixa generalizada nos preços. O que, em termos de marketing, visará democratizar o produto e estimulará o acesso aos mais carenciados.
Mas, ao mesmo tempo, e em obediência às boas regras do marketing, o Relatório também vai avisando que o preço de algumas espécies, como a heroína, poderá subir. O que, também em termos de marketing, servirá para estimular, desde já e sem perda de tempo, a aquisição a grosso ou a retalho, como forma de prevenção e de poupança futura.
O Relatório estuda também os mercados de rua, por produtos e por países, apresentando mesmo uma tabela com o preço por unidade de referência do haxixe, da heroína, da cocaína, do ecstasy e do LSD, em diversos países da Europa. O DN inclui um quadro com os preços em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra.
Portugal apresenta uma enorme vantagem competitiva de preço sobre os restantes países em todos os produtos, apenas com excepção da heroína.
Por exemplo, Portugal é o país da Europa onde a cannabis é mais barata. Cada grama de haxixe custa 2,3 euros e cada grama de erva 2,7 euros, quando a média dos restantes Estados varia dos cinco aos dez euros, e na Noruega ascende mesmo aos 12.
Portanto, e face aos preços, fica a feito o convite ao abastecimento em Portugal, o que potenciará este país como um entreposto e plataforma do comércio da especialidade, atraindo investimento acrescido.
Os barões devem sentir-se satisfeitos pela publicidade sem custos que assim o Relatório possibilitou aos seus produtos.
E fica-me a suspeita sobre se os barões, para além de investirem em clínicas de toxicodependência, como há tempos foi referido, não investem já em observatórios e quejandos, para terem a fileira total do negócio.
Aliás, a propósito da notícia, na sua edição de hoje, o DN tem o cuidado de referir, em nota de pé de página, que viajou a convite do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.
O que normalmente se faz quando se pretende distinguir claramente publicidade a uma Instituição, no caso o Observatório, de informação criteriosa respeitante à sua actividade. O que também poderá indiciar que a notícia mereceu dúvidas e só saiu por estribada na “idoneidade” da fonte. Do mal...o menos!...
Creio que nenhuma campanha de marketing dos barões da droga faria mais e melhor a favor da colocação do produto no mercado.
Como boa campanha de marketing, a questão da acessibilidade do preço vem logo à cabeça. O Relatório diz que tem havido uma baixa generalizada nos preços. O que, em termos de marketing, visará democratizar o produto e estimulará o acesso aos mais carenciados.
Mas, ao mesmo tempo, e em obediência às boas regras do marketing, o Relatório também vai avisando que o preço de algumas espécies, como a heroína, poderá subir. O que, também em termos de marketing, servirá para estimular, desde já e sem perda de tempo, a aquisição a grosso ou a retalho, como forma de prevenção e de poupança futura.
O Relatório estuda também os mercados de rua, por produtos e por países, apresentando mesmo uma tabela com o preço por unidade de referência do haxixe, da heroína, da cocaína, do ecstasy e do LSD, em diversos países da Europa. O DN inclui um quadro com os preços em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra.
Portugal apresenta uma enorme vantagem competitiva de preço sobre os restantes países em todos os produtos, apenas com excepção da heroína.
Por exemplo, Portugal é o país da Europa onde a cannabis é mais barata. Cada grama de haxixe custa 2,3 euros e cada grama de erva 2,7 euros, quando a média dos restantes Estados varia dos cinco aos dez euros, e na Noruega ascende mesmo aos 12.
Portanto, e face aos preços, fica a feito o convite ao abastecimento em Portugal, o que potenciará este país como um entreposto e plataforma do comércio da especialidade, atraindo investimento acrescido.
Os barões devem sentir-se satisfeitos pela publicidade sem custos que assim o Relatório possibilitou aos seus produtos.
E fica-me a suspeita sobre se os barões, para além de investirem em clínicas de toxicodependência, como há tempos foi referido, não investem já em observatórios e quejandos, para terem a fileira total do negócio.
Aliás, a propósito da notícia, na sua edição de hoje, o DN tem o cuidado de referir, em nota de pé de página, que viajou a convite do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.
O que normalmente se faz quando se pretende distinguir claramente publicidade a uma Instituição, no caso o Observatório, de informação criteriosa respeitante à sua actividade. O que também poderá indiciar que a notícia mereceu dúvidas e só saiu por estribada na “idoneidade” da fonte. Do mal...o menos!...
8 comentários:
Vá para "fora" cá dentro...;)
Caro Pinho Cardão,
Não estaremos perante um singular conflito de interesses?
No dia em que o fenómeno da droga e toxicodependência estiver a desaparecer - ou existir a percepção, correcta ou errada, de tal eventualidade - o Observatório entra em colapso e as suas estruturas serão desmanteladas no contexto de um qualquer PRACE à escala europeia (lá chegaremos).
Então, mais vale transmitir a ideia de que esta praga social está aí para ficar e se desenvolver, espera-se que por muitos e bons anos...
Para quê investir na indústria textil, calçado ou turismo se temos uma onde a vantagem competitiva é enorme?? E com o TGV colocamos o "material" no resto da Europa num estantinho!
Legalizar já!!!
A ética de responsabilidade Vs a ética de valores absolutos. É que essa de retirar intencionalidade onde ela não existe é armadilha fácil, para o próprio. É bem mais confortável que lidar de frente com os (eventuais) problemas, claro, segundo uma ética de responsabilidade.
A ética de convicções resume facilmente as coisas aos "maus" que têm más intenções. Pois. Assim, claramente, não vamos longe.
Dr. Pinho Cardão,
Tem toda a razão, o Relatório divulga informação relevante para a compreensão do funcionamento do mercado. O "infractor" agradece.
Transparência sim, mas fica-me a dúvida se nestes casos não seria necessária alguma "censura". Não sei!?
Chegou o desmancha prazeres...
Caro Pinho Cardão,
O meu estimado Amigo crê sinceramente que alguém decidirá ser toxicodependente porque soube via DN que o "produto" está em "saldos"?!
Caro Pinho Cardão:
Essa sua 1ª resposta ao camarada Monteiro é o chamado tiro certeiro...Na mouche, tendo em conta a pergunta!
Subscrevo!
A questão é mais profunda mas, não sendo especialista, fico por aqui!
O que afirmo é que o mesmo, em termos objectivos, faz o jogo dos traficantes.
Se é apenas isso, então as minhas conclusões são de facto abusivas. É o preconceito para com o preconceito. :-)
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