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quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Os muros do nosso descontentamento !...


Por mera casualidade, estava em Berlim no dia 9 de Novembro, dia em que se comemorou o 17º aniversário da queda do Muro, em 1989.
Várias manifestações e homenagens à memória dos que nele pereceram serviram para lembrar essa construção vergonhosa, que cercou completamente Berlim Ocidental, ao longo de uma extensão de 155 quilómetros, e que durou 28 anos.
No início, tratava-se de uma barreira de arame farpado, construída apressadamente pela Alemanha Oriental, em 24 horas, em conluio com Moscovo, para evitar a fuga dos seus cidadadãos para o Ocidente e o desprestígio que o facto causava à construção forçada do socialismo. Logo depois, tomou a forma do Muro, com torres de vigia, trincheiras, guardas com ordens para disparar, cães e cercas eléctricas.
Subsistem, para memória futura, alguns trechos dessa sinistra muralha, que barrava ruas, separava famílias e simbolizava o medo comunista pelos valores ocidentais da democracia e da liberdade.
Chegado a Portugal, e folheando o Sol, logo deparei com uma notícia, na página 13, titulada "PCP volta atrás", em que se refere que esse Partido volta a elogiar a URSS, a radicalizar o discurso ideológico, e a convidar para os seus encontros internacionais os partidos irmãos que governam regimes tão democráticos como o da Coreia do Norte.
Essa notícia inclui ainda as palavras do responsável pelas relações internacionais do PCP que, em relação ao partido-irmão norte-coreano, salienta “a história comum, fundamental na libertação dos povos…”e que, em relação a Cuba, afirma que tem “um regime mais democrático do que as pseudo-democracias em vários países da Europa Ocidental…”
Tudo isto, enquanto, numa das últimas edições do Avante, em que se comemora ao aniversário da Revolução de Outubro, se elogia o “processo de construção do socialismo” na URSS!...O tal socialismo que construía muros como o de Berlim.
Não sei se em Portugal se comemorou a queda do muro. Mas esquecer essa data é dar margem para se recuperar e publicitar a ideologia subjacente à sua construção, como o PCP cada vez mais volta a fazer.

4 comentários:

Tavares Moreira disse...

Caro Pinho Cardão,

Por essas e por outras é que a Republica Checa, que ainda não esqueceu a Primavera de Praga e o seu fim, se prepara para ilegalizar a juventude comunista lá do sítio (em que a idade máxima
para adesão parece permitir a entrada de jovens como P. Cardão e eu próprio).
Apesar da conhecida cegueira dos "nossos" camaradas, confesso que o elogio à Coreia do Norte me deixa estarrecido.

Anthrax disse...

Ora caro Pinho Cardão :)))

Há tanta coisa - relacionada com esse assunto - que ainda subsiste para memória futura... :)))

Até aquelas estruturas "jeitosas", que se pensaria terem sido desmantaledas, subsistem e lá vão elas de vento em pôpa! Tudo como de antes, quartel general em Abrantes :)))

RuiVasco disse...

Tive a o "privilegio" (?) de conhecer o muro de pé e de o atravessar! Tive o privilegio de o ver cair!
Nao tive ainda o privilegio de ver os resultados positivos de tudo o que esperavamos. As guerras nas ex republicas sovieticas, os problemas economico-sociais na Alemanha, uma Europa cada vez mais confusa e não sei, se descaracterizada!! Isto é... as conclusoes não sao ainda o que desejavamos e muitos mortos, muita fome, muitos refugiados, tanta desgraça essa já são factos consumados! Sempre fui anti muro, anti sovietico, e mesmo anti-comunista. Mas o Mundo, -a Europa e EUA - têm sabido gerir a crise? Já há quem diga, espero que sem razão, que o equilibrio de potências de entao (antes da queda do muro) era uma salvaguarda para este desgraçado Mundo! Não afirmo: pergunto, apenas. E quem puder ajudar a esclarecer, venha aqui dar o seu contributo!
Ficou a LIBERDADE, é um facto. Mas a liberdade sem paz e sem pão, é algo de dificil definição!
Faz-me lembrar aquele felizardo que morreu, cheio de razão, porque foi atropelado, sobre a passadeira de peões e com o sinal vermelho para o veículo!
E quanto ao PComunista diria, tal como defendia Melo Antunes, mais vale tê-lo, com os seus defeitos e caracteristicas, dentro do sistema democratico que vamos tendo, do que como inimigo fora dele! saibamos nós gerir com inteligencia as situações!
E comemoraçoes do muro - faz-me lembrar - as comemoraçoes anuais do "sempre o mesmo"! Importantizam-se os acontecimentos quando se comemoram em datas especiais - o 1º aniversario, o 10º, o 25º , o 50º, ou algo parecido. De resto em ver de ser esquecido é vulgarizado e minimizado na sua importancia. E nao sei que é pior!

Tonibler disse...

Caro Pinho Cardão,

O PCP não voltou atrás. Nunca saiu do sítio onde se encontra. Infelizmente, à solta.