O Expresso apresenta neste fim-de-semana um artigo (para o qual não consegui fazer o link) no qual são reveladas algumas conclusões constantes dos relatórios de análise às provas de aferição de Português e de Matemática do 4º e 6º anos elaborados pelo Gabinete de Avaliação Educacional.
A Matemática continua, invariavelmente, a ser um “quebra-cabeças” nacional, com os alunos a não responderem correctamente a problemas considerados elementares, a manifestarem dificuldades na análise e compreensão dos problemas e na elaboração do raciocínio matemático.
Eu que dei aulas de matemática durante muitos anos sei que os métodos utilizados no ensino da matemática são fundamentais para que os alunos percebam a lógica dos números. É a falta de conhecimento lógico e de treino que impede os alunos, e mais tarde quando adultos, de fazerem operações simples de multiplicar e dividir. Os miúdos hoje em dia não sabem, em geral, a tabuada porque não lhes é ensinada e explicada a lógica da sua construção.
O quebra-cabeças da matemática é mais uma daquelas fatalidades nacionais que teimamos em não enfrentar de frente, que as autoridades continuam ciclicamente a tentar desvalorizar, jogando com percentagens, mais à esquerda ou mais à direita, que na época das provas nacionais servem para dourar a pílula, tentando convencer as pessoas que as coisas estão muito melhores, sabendo-se que a maioria da população não faz uma pálida ideia da importância da matemática, nem tem consciência da falta que lhe faz.
Nos ditos relatórios o GAVE faz as seguintes recomendações: “Nesse sentido, recomenda-se aos professores que façam mais vezes experiências matemáticas em que os alunos tenham de resolver problemas num dado contexto, discutir estratégias de resolução, analisar o significado das soluções e comunicar os resultados a que chegaram”.
Mas é preciso fazer estas recomendações? É que sem elas não se entende como podem ensinar matemática. Não admira, pois, que seja complicado para os alunos interpretar, resolver e pensar as soluções...
A Matemática continua, invariavelmente, a ser um “quebra-cabeças” nacional, com os alunos a não responderem correctamente a problemas considerados elementares, a manifestarem dificuldades na análise e compreensão dos problemas e na elaboração do raciocínio matemático.
Eu que dei aulas de matemática durante muitos anos sei que os métodos utilizados no ensino da matemática são fundamentais para que os alunos percebam a lógica dos números. É a falta de conhecimento lógico e de treino que impede os alunos, e mais tarde quando adultos, de fazerem operações simples de multiplicar e dividir. Os miúdos hoje em dia não sabem, em geral, a tabuada porque não lhes é ensinada e explicada a lógica da sua construção.
O quebra-cabeças da matemática é mais uma daquelas fatalidades nacionais que teimamos em não enfrentar de frente, que as autoridades continuam ciclicamente a tentar desvalorizar, jogando com percentagens, mais à esquerda ou mais à direita, que na época das provas nacionais servem para dourar a pílula, tentando convencer as pessoas que as coisas estão muito melhores, sabendo-se que a maioria da população não faz uma pálida ideia da importância da matemática, nem tem consciência da falta que lhe faz.
Nos ditos relatórios o GAVE faz as seguintes recomendações: “Nesse sentido, recomenda-se aos professores que façam mais vezes experiências matemáticas em que os alunos tenham de resolver problemas num dado contexto, discutir estratégias de resolução, analisar o significado das soluções e comunicar os resultados a que chegaram”.
Mas é preciso fazer estas recomendações? É que sem elas não se entende como podem ensinar matemática. Não admira, pois, que seja complicado para os alunos interpretar, resolver e pensar as soluções...
14 comentários:
Eu continuo a acreditar que as pessoas estão cientes da importância da matemática - refiro-me principalmente a adolescentes e adultos – aceito a hipótese de estar desactualizada e redondamente errada; o que não tenho a certeza é se eles se apercebem que alguns dos seus professores não têm mesmo competência para leccionar esta matéria, que os seus métodos deixam muito a desejar.
Quando as expectativas para as crianças de 4 e 5 anos é que estejam aptas a contar até 10 (como eu li não me recordo onde), apercebemo-nos de que há uma desactualização no ensino a este nível. “De pequenino é que se torce o pepino”. Tenho conhecimento de turmas, onde 90 por cento das crianças desta faixa etária, já sabem, nesta altura do ano lectivo, contar até 30 e alguns até 50. Os mais espertinhos até 100....! Ora, só estamos em Novembro! Se não se incentivar esta matéria desde tenra idade... o resultado não vai ser muito promissor. É evidente que também conheço turmas do oitavo ano onde alguns alunos não sabem a tabuada na ponta da língua! A Matemática sempre teve má reputação , coisa enfadonha... e não tem que ser... basta encontrar um professor à altura! E digo isto por experiência própria. Quanto tive a sorte de ter uma boa professora no terceiro ano, a matemática deixou de ser um bicho de sete cabeças... embora não tivesse seguido ciências! : )
Cara Margarida, ao longo dos últimos anos tentou tornar-se o ensino numa coisa divertida, levezinha, que se leva a brincar. Isto pode funcionar muito bem para algumas coisas mas para a matemática não funciona. Nem para a física, nem para a química nem para as ciências em geral. E enquanto não se perceber que aprender matemática dá trabalho, requer estudo e prática, requer horas de trabalho e resolução de problemas não se vai lá.
Aprender matemática não é uma brincadeira. Enquanto se continuar a tentar ensinar matemática e ciências como jogos didáticos, pois dificilmente se chegará a algum lugar. O raciocínio abstracto que é necessário desenvolver para progredir nas matemáticas a partir de certo nivel não se coaduna com joguinhos e brincadeirazitas.
Em capitulos seguintes (e perdoe-me, cara Margarida, se estou a ser atrevido) talvez se pudesse abordar a questão do interesse da aprendizagem da matemática nas perspectivas de desenvolvimento e potenciamento do investimento num país. A criação de riqueza advinda do conhecimento científico do qual a matemática é base por oposição à riqueza (??) gerada pelos conhecimentos de humanidades.
Estamos a falar de ensino da matemática como método geral, não como método em particular. O facto é que há professores que conseguem e outros, manifestamente, não conseguem. Noutra actividade qualquer haveria uma filtragem, os bons mandavam nos inexperientes, os maus eram rejeitados pelo sistema e, o método seria aperfeiçoado para o agregado pela excelência dos métodos particulares.
Mas isto é Portugal, onde professores, médicos e advogados fazem parte da nobreza que é protegida e nós somos a trampa que é para espezinhar. E enquanto houver mais preocupação em proteger os professores que os alunos, é irrelevante falar-se de método.
Assino por baixo o comentário do Caro Zuricher.
"Nesse sentido, recomenda-se aos professores que façam mais vezes experiências matemáticas em que os alunos tenham de resolver problemas num dado contexto, discutir estratégias de resolução, analisar o significado das soluções e comunicar os resultados a que chegaram". Esta recomendação do GAVE (mais um dos imensos gabinetes que vivem à custa dos desgraçados centros de entretenimento e guarda dos filhos dos outros) está em prática há mais de 20 anos...
Caro Tonibler,
Era tão bom que tivesse razão!!!!!!!!!!
Até essas recomendações, Margarida, quase que também precisam de ser decifradas, parecem mais complicadas que um quebra cabeças matemático!E há excelentes alunos a matemática, talvez fosse mais simples se os professores desses alunos fossem convidados a dar umas conferências sobre os métodos que usam com sucesso, em vez de recomendações que ficam muito bem a quem as escreve mas que se ficam pelo papel...
Continuo a achar que a matemática é um mal preadquirido. É uma questão de mudança de mentalidade/atitude, aqui assenta maioritariamente os problemas de uma sociedade, mentalidade/atitudes que adquirimos por aceitar que é assim que as coisas funcionam, sem questionar. Matemática, que nunca me causo nenhum tipo de problema, na minha opinião é uma questão de organização, capacidade de analise, construção de soluções por fazes, capacidade de refazer problemas e principalmente treino e exercício da mente. Algo que no ser humano após pouco tempo se torna automático.
Atenção, questionar com senso comum e racionalidade.
Cara Catarina
Posso dizer-lhe que também tive a sorte de no liceu ter tido uma excelente professora de matemática.
A ela devo, em parte, o gosto pela matemática e as opções que posteriormente fiz em termos de formação académica.
A matemática, dentro de determinados níveis de conhecimento ou graus de dificuldade, deveria ser uma disciplina obrigatória em todos os ciclos. É fundamental para a aprendizagem de outros domínios do conhecimento e é um facilitador de aprendizagem ao longo da vida. É, de facto, uma ajuda preciosa.
Caro Zuricher
É um óptimo "atrevimento" falarmos sobre a importância da matemática em domínios que são fundamentais para a modernização e a competitividade. Aceito o desafio de num próximo texto escrever sobre o assunto. A inovação, por exemplo, é um domínio onde temos grandes atrasos, que implica, entre outras coisas, uma forte componente científica e analítica. Sem matemática não é possível...
Caro Tonibler
Administrar o saber e gerir o progresso implica ter talento humano. Colocar o talento ao serviço de um colectivo, seja uma empresa, uma escola, um serviço da administração pública, implica uma boa gestão de recursos humanos que passa sempre por premiar o desempenho. Quando os consumidores (utentes) não exigem qualidade o problema aumenta.
Uma empresa que não atenda a estas preocupações, e naturalmente que a outras igualmente importantes, não sobrevive.
Não creio que seja tanto uma questão de protecção dos professores...
Caro Fartinho da Silva
Perante as ditas recomendações, o que podemos pensar sobre o que andam os professores a ensinar? Matemática seguramente que não é.
Suzana
Acabo por chegar à conclusão que essas recomendações servem para justificar os GAVES que por aí povoam a administração pública. Sem dúvida que a difusão das boas práticas teria melhores resultados, para além de constituir um incentivo ao bom desempenho.
Caro Paulo
Fico arrepiada quando tento fazer a troca. É difícil...
Caro crotalus
As questões que levanta constituem o busílis do problema. Apreensão da lógica e treino são fundamentais, mas pelos vistos
há quem não entenda assim.
Cara Margarida,
Claro que os professores das "escolas" públicas não ensinam matemática. Estão impedidos de o fazer porque ensinar é considerado autoritário... devem realizar actividades que envolvam as criancinhas e os jovenzinhos no sentido de eles descobrirem a matemática, devem criar actividades lúdico-pedagógicas em que o centro sejam o interesse das criancinhas e dos jovenzinhos e nunca o conhecimento, devem criar formas de avaliação inclusivas e democráticas, devem aceitar a cultura das criancinhas e dos jovenzinhos, devem reflectir sobre questões tão essenciais como a importância da família, ter dois frigoríficos em casa (e não estou a brincar, isto é feito nos centros de guarda e entretenimento dos filhos dos outros por imposição de um gabinete ministerial qualquer) no sucesso, etc., etc., etc.
Ensinar tabuada? A ignorância nestas matérias é, por vezes, assustadora. Então não foram as orientações da DGIC (acho que é assim que se chama) que riscou o ensino da tabuada das escolas por a considerar uma tortura para as criancinhas e um acto de autoritarismo do tempo da outra senhora?? E agora aparece o GAVE com estes resultados?? Esperavam o quê?? Que os alunos aprendessem a tabuada com as tais actividades lúdicas?? Mas andamos a brincar? E atiram com as culpas para quem se limita e limitou a obedecer?? E o que aconteceu aos ideólogos que criaram este disparate? Pululam pelos diversos organismos criados para evitar que a direita conservadora e reaccionária ponha fim ao PREC nas escolas. E já ouvi esta expressão de pessoas que aparecem imensas vezes na comunicação social a darem conta que os professores devem fazer isto e aquilo e blá, blá, e blá!! Esquecem é dizer que os centros de entretenimento e guarda são para os filhos dos outros, porque os seus filhos e netos estão em colégios como aquele onde trabalho e que é claramente conservador....
Os centros de guarda e entretenimento dos filhos dos outros fazem tudo excepto as coisas simples e essenciais: ensinar e aprender. Cumprem todas as regras excepto as fundamentais: disciplina, organização e trabalho. Estes centros fazem-me lembrar as estações de correio dos CTT, fazem tudo e ninguém sabe o que fazem realmente...
Há quem diga que é progressismo...
Bom, acho que já escrevi demais :)
Apesar de todas as grandes deficiências na educação em Portugal, não custa nada admitir, mesmo para os “barras”, que a Matemática não é propriamente uma matéria fácil. Há quem não tenha propensão nenhuma para esta disciplina e, consequentemente, sinta alguma dificuldade no seu percurso académico. Mesmo os que têm grandes competências em Cálculo com múltiplas variáveis, Álgebra Linear, Trigonometria, sabem disso. É evidente que um bom professor pode e faz uma grande diferença... Quando referi que a Matemática deixou de ser para mim um bicho de sete cabeças devido a uma excelente professora, omiti com quantas cabeças o bicho ainda ficou... : )
Mas estou plenamente de acordo em que a Matemática deve ter a importância que merece.
Fico a aguardar, cara Margarida, esse “ensaio” sobre Matemática.
Caro Paulo
E a loucura pode levar ao suicídio!
Caro Fartinho da Silva
Escreva à vontade. Gostamos muito de o ler. O exemplo dos CTT é óptimo. Quem diria que prestam um serviço público essencial? Aos balcões dos CTT vende-se de tudo e mais alguma coisa. Um desgraçado que se lembre de ir aos CTT para expedir uma carta pensa duas vezes em lá voltar.
Quanto ao progressismo só se for retrógrado!
Cara Catarina
O segredo está em juntar um bom professor e um aluno aplicado. Nada de grandes expectativas em relação ao "ensaio"...
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