Gostei desta entrevista, da abordagem frontal e lúcida sobre as transformações inevitáveis, assim parecem, que terão que acontecer no Serviço Nacional de Saúde. Muito do que é dito tem aplicação em outros sectores públicos que fazem o nosso bem-estar individual e colectivo. Não que a mudança seja para pior, nada disso. O ponto é que a falta de “(...) um debate alargado entre as várias forças políticas, não havendo um plano para os próximos anos com o que deve ser atingido, em que áreas, sacrificando o quê, concentrando onde (...)” conduzirá, com uma espada apontada para um corte orçamental de 6%, ao improviso, com cortes irracionais e cegos, criando disparidades locais e regionais incompreensíveis e injustas.
Não adianta, em nome de uma ideologia teimosa e de um modelo de SNS que cumpriu com méritos o seu percurso, insistir que tudo ficará na mesma como dantes ou, pior ainda, que o modelo existente será reforçado.
Não será assim, porque a crise económica e financeira vai-nos obrigar a repensar os actuais modelos sociais. Haverá um primeiro momento de ajustamentos, em que as irracionalidades e injustiças se farão sentir, como, aliás, já hoje acontece, para no momento seguinte, e acredito no prognóstico apresentado, dispormos de unidades prestadoras de cuidados de saúde mais pequenas em lugar das megas organizações, de entidades não públicas com maior peso do sector social em lugar das tradicionais unidades do Estado, de uma gestão flexível e eficiente em lugar de uma administração pública pesada envolta num complexo mapa legislativo que tudo determina centralmente reduzindo a margem de manobra para soluções descentralizadas de gestão. Tudo a bem da qualidade dos serviços prestados, da satisfação dos cidadãos e da economia de custos e desperdícios. Será que o SNS “estará irreconhecível daqui a quatro anos”? E seremos nós capazes de o fazer para melhor, reduzindo as irracionalidades de um processo de mudança não planeado? Ouvi há pouco um responsável da Comissão Europeia apoiar a reforma da saúde que está em curso em Portugal. Fiquei espantada. Confesso que não conheço a dita reforma...
Não adianta, em nome de uma ideologia teimosa e de um modelo de SNS que cumpriu com méritos o seu percurso, insistir que tudo ficará na mesma como dantes ou, pior ainda, que o modelo existente será reforçado.
Não será assim, porque a crise económica e financeira vai-nos obrigar a repensar os actuais modelos sociais. Haverá um primeiro momento de ajustamentos, em que as irracionalidades e injustiças se farão sentir, como, aliás, já hoje acontece, para no momento seguinte, e acredito no prognóstico apresentado, dispormos de unidades prestadoras de cuidados de saúde mais pequenas em lugar das megas organizações, de entidades não públicas com maior peso do sector social em lugar das tradicionais unidades do Estado, de uma gestão flexível e eficiente em lugar de uma administração pública pesada envolta num complexo mapa legislativo que tudo determina centralmente reduzindo a margem de manobra para soluções descentralizadas de gestão. Tudo a bem da qualidade dos serviços prestados, da satisfação dos cidadãos e da economia de custos e desperdícios. Será que o SNS “estará irreconhecível daqui a quatro anos”? E seremos nós capazes de o fazer para melhor, reduzindo as irracionalidades de um processo de mudança não planeado? Ouvi há pouco um responsável da Comissão Europeia apoiar a reforma da saúde que está em curso em Portugal. Fiquei espantada. Confesso que não conheço a dita reforma...
6 comentários:
Quer a dita reforma esteja em curso ou em vias de..., uma coisa é certa, não serão os mais pequenos (no sentido social de mais desprotegidos) que vão ter maior ou melhor acesso ao sistema de saúde. Isso é quase uma garantia, cara Margarida. E não estou a ser pessimista.
Cara Catarina
A revisão dos modelos sociais é necessária para justamente garantir a protecção social, incluindo os cuidados de saúde, às pessoas mais carenciadas. O que hoje verificamos é que as pessoas com maior rendimento têm capacidade de optar pelos serviços de saúde que melhor resolvem os seus problemas. Não são estas pessoas que estão em fila de espera ou que deixam de comprar medicamentos porque a pensão ou o salário que recebem não são suficientes.
Absolutamente de acordo. E “dói-me” pensar nas grandes dificuldades que os mais carenciados ainda irão enfrentar... principalmente as crianças e os idosos. Ah, se eu tivesse uma varinha mágica.... : )
aqui http://oreformista.blogspot.com/
o resumo do meu pensamento sobre o tema (publicado de forma alargada em livro em 2002)
Mas é um monologo sem respostas...
António Alvim
Quem nos dera essa varinha mágica, Catarina!
Wishful thinking (o meu) foi o que foi, cara Susana! : ) Parece que de vez em quando fico no reino das fadas boas! Resta-nos apenas o voto e esperar que a “boa governação” ilumine os dirigentes.
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