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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eis a realidade do idolatrado Serviço Nacional de Saúde

Quando ouço os políticos da situação, os pais, as mães e sobretudo os filhos ainda não desmamados do Serviço Nacional de Saúde a falar dele como coisa intocável, dou comigo a pensar em que País diferente do meu toda esta gente vive. No meu País, a realidade é outra. É a que esta notícia documenta.

10 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
O mapeamento das redes estatais de prestação de serviços públicos está a desertificar o interior e a crira dificuldades de vida às populações que aí vivem. As pequenas e médias cidades vão, por este caminho, morrendo aos poucos. É um erro!

Anónimo disse...

Caro Ferreira de Almeida, lamento muito pelas consequências que estas notícias têm em termos humanos. Todavia não posso deixar de vestir um pouco o fatinho profissional nestas questões (que ainda que não directamente são colaterais). O povoamento Português fora duma faixa de 50km em redor do litoral entre Setubal e Viana do Castelo caracteriza-se por um povoamento pulverizadissimo. Ora, com este tipo de povoamento, prestar seja que serviços for torna-se carissimo. É-o em qualquer lado. Agora, em países que podem aguentar essas coisas, ainda vá lá, vão-se pagando. Num país a empobrecer vertiginosamente como é o caso Português onde há dinheiro para manter, sequer, a mais mínima assistência médica de proximidade em todos os lados e mais alguns?

Essencialmente este tipo de situações decorre de em Portugal nunca terem sido dados os estimulos à criação de cidades médias como existem em todo o resto da Europa Ocidental agravado pelo empobrecimento fortissimo do país. Mas custa-me, caro Amigo, custa-me muito ver o ponto a que tudo isto está a chegar e os efeitos que essas coisas têm nas pessoas.

Tenho pena. Muita pena de ver o rumo e o estado em que esta gente conseguiu deixar Portugal.

Anónimo disse...

Assim é, Margarida. Estas medidas vêm na continuidade das políticas de liquidação dos pequenos centros populacionais, consequência de uma política de estímulo à concentração no litoral e em algumas cidades médias no interior.
Creio que cedo perceberemos este erro político, como estamos hoje a entender os erros de algumas políticas de há 20, 15, 10 anos atrás. Dou só como exemplo as opções de realojamento concentrado em detrimento da inserção das populações a realojar no tecido social consolidado.

Compreendo a perspectiva de Zuricher e reconheço que existem boas razões - algumas delas adiantou no seu comentário - para julgar correctas estas medidas. Porém, um Estado que se diz de Direito não pode deixar de ser um Estado de direitos. Eu pago os meus impostos para que os filhos das pessoas que vivem a 1 hora ou 1 hora e meia do local onde agora presta serviço a médica pediatra a que se refere a notícia, não corram risco de vida quando o infortúnio de uma doença grave, mas susceptível de ser assistida, lhes bater à porta. Como eu, as pessoas que optaram viver por ali também pagam impostos e a essas deveriam ser reconhecidos os mesmos direitos daqueles que vivem nas grandes e médias cidades de um País que, como o Zuricher diz - em bem - é pobre, mas discriminatório, chocantemente discriminatório, na pobreza em que se afunda.
Um País pobre. Que envia a pediatra de Lamego para Vila Real, com a consequência do fecho de um serviço de socorro que já era mínimo que se diz que é caro e não se pode manter. Mas também manda uma dirigente administrativa a um congresso qualquer no continente americano, e gestores públicos a um inútil evento algures no oriente. Um País pobre assim, só pode colher a minha indignação.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
É chocante que estejamos a aprofundar o desfavorecimento das regiões menos favorecidas quando os portugueses que aí vivem pagam os mesmos impostos e taxas que os outros portugueses.
As políticas de redistribuição devem preocupar-se com a correcção, designadamente, de assimetrias de rendimento, de acesso a bens e serviços públicos essenciais, de condições económicas e sociais das regiões.
As políticas de redistribuição implicam escalas de prioridades e estratégias de desenvolvimento consistentes, de modo a conferir sustentabilidade nos objectivos e efeitos e estabilidade de expectativas. Não é isto que se tem passado, em particular para mal dos portugueses mais penalizados pelas assimetrias existentes.

Anónimo disse...

Caro Ferreira de Almeida, feitas assim, ad-hoc, não as considero correctas, de todo em todo e em absoluto. Este tipo de coisas para ser feito teria que acautelar, antes do mais, o serviço de transportes necessário a leva-las a cabo com o mínimo de transtornos para a população. Da forma que se fazem, encerra-se o serviço e os utentes que se amolem, é uma brutalidade, uma violência enorme para com as pessoas.

Estamos a falar de pediatria, de crianças. Eu não consigo imaginar como pode uma mãe sem carro agarrar num garoto de 4 ou 5 anos, ir num autocarro de manhã, fazer a sua consulta e ficar depois com o miúdo, sabe-se lá como e em que condições, o dia todo à espera do autocarro de volta. Estas coisas feitas assim são totalmente inconcebiveis. São, mesmo, violentas.

Quanto a mandar dirigentes para congressos, pois é... a ordem é rica, os frades pagam. Incidentalmente os frades pagam mas só levam patadas.

Anónimo disse...

Pois, meu caro Zuricher, as poucas pessoas que vivem em Mazes, em Meijinhos ou Melcões, pequenas localidades de Lamego, ou em Várzea da Serra em Tarouca, têm de rezar muito para que nos dias de invernia, não lhes bata à porta o infortúnio da doença.
Pode parecer que 50 ou 60 km que distam de Vila Real são uma distância menor para os padrões de hoje. O tempo para percorrer essa distância em aflição é intolerável pelos mesmos padrões.
Quanto às viagens desregradas ao estrangeiro num momento como este, não são ficção, foram assunto de hoje e justificação para que um interlocutor que deveria estar disponível, não estivesse presente para remover um dos tais custos de contexto que, removidos, valem mais para a economia do que os subsídios às PME de que tanto fala o governo.

Anónimo disse...

Margarida,
Há muito que a correcção de assimetrias só existe na intenção e no discurso político-partidário. A realidade é a que se documenta nos casos que são conhecidos todos os dias. Fechos de escolas comunitárias de sucesso, de pequenos serviços de proximidade, postos de correio, etc, etc.
Em tempos alguém inventou a expressão "democracia territorial" para acrescentar mais essa dimensão ao nosso regime supostamente democrático. Um utópico, esse inventor...

Eco da Província disse...

Quando se gere um país à distância e sem conhecer a realidade dá nisto. É esta a mesma gente que pensa que fazer 30km no concelho de Lamego é o mesmo que fazer em Lisboa...

Suzana Toscano disse...

Caro Zé Mário, o Pais encolheu da pior maneira.Temos belas e muitas estradas mas parece que tudo fica mais distante e intransponível. Foi fugaz e ilusório o tempo em que pensámos que podíamos ter tudo, vamos agora ver o que sobra.

Anónimo disse...

O que me revolta nesta notícia é a construção do TGV. É a escolha entre saúde e comboio, entre sanidade e insanidade, entre a falta de vergonha e a responsabilidade. Fico-me por aqui para quem fala de custos destes centros: o prejuízo que o TGV vai dar a cada ano provavelmente daria para abrir tudo o que já foi fechado durante dois ou três.