1.“Investidores no mercado da dívida da zona Euro já viram este filme”...Esta expressão, carregada de ironia, encerra um artigo da última edição da revista Economist, dedicado à situação portuguesa, e tem a ver com os auto-elogios proferidos pelo PM aquando do anúncio de um défice orçamental de 7,3%do PIB, ou inferior, em 2010.
2.Nesse mesmo artigo é referido que a procura no último leilão de dívida pública (de médio e de longo prazo) não consegue mascarar os sérios problemas com que se debatem as finanças públicas portuguesas...
3.Num comentário que serve para percebermos até que ponto os mercados externos atribuem crédito às declarações de auto elogio de responsáveis governamentais lusos, a revista refere-se à declaração do PM, anunciando um défice de 7,3% do PIB em 2010, nestes termos:
4. “O PM afirmou que o défice de 2010 iria ficar abaixo de 7,3% do PIB e que Portugal seria um dos países em que o défice iria cair mais de 2% do PIB em relação ao ano anterior”. Mas acrescenta,
5.“Todavia, o rendimento contabilizado pela transferência do fundo de pensões da PT representa uma grande parte dessa redução”. E ainda,
6.“Este arrastamento do processo de consolidação orçamental não irá mudar, por muito tempo, o estado de espírito dos investidores. O sucesso do leilão de dívida deverá proporcionar um alívio apenas temporário”...
7.E o artigo remata com a frase irónica citada no ponto 1...
8.Torna-se claro que o discurso balofo de auto-elogio, se ainda produz alguns efeitos internamente – pelo menos ao nível dos habituais “media” colaborantes e graças ao esforço “patriótico” das agências de comunicação – no exterior está esgotado, não convence ninguém...
17 comentários:
Caro Tavares Moreira
No outro dia "elucidava" a um amigo sobre o que, em Portugal, se denomina "os mercados".
Na verdade, em termos de actores relevantes não devem ultrapasar os 2.000, incluindo os países emissores. ( Não me refiro a quem, juridicamente é o detentor da dívida mas, sim quem influencia decisivamente o mercado)
Os países emissores não devem passar dos 50/60, em 192, convenhamos que são poucos.
Como as quantias envolvidas são sempre grandes, não é difícil concluir que o mercado é pequeno e muito, diria melhor, muitíssimo sofisticado.
O meu amigo ficou espantado com a "exiguidade" do mercado.
Por isso o artigo do Economist deveria servir de alerta; infelizmente, como vivemos neste planeta distante, a realidade é "fatiada" para se conseguir levar a "vidinha" sem sobressaltos.
Dito isto e no contexto, considero que o seu comentário pode, no sentido que se dá no planeta Plutão-onde habitamos-, ser considerado "simpático" quando deve ser lido como um alerta muito sério.
Cumprimentos
joão
Caro Dr. Tavares Moreira, a revista Economist, está a esquecer-se que a partir de dia 9 de Março, Portugal tera um novo Presidente da República. E que, se até aqui o governo beneficiava de um acordo estratégico de cooperação entre governo e presidente, o qual não gurou alcançar a tão desejável estabilidade financeira do país, a partir de Março o governo irá conhecer um presidente intreventivo, actuante, doa a quem doer. A partir de Março... de dia 9 mais precisamente, a roca passará a fiar mais fino, muiiiito mais fino. O Sr. PM que se cuide!
Caro João,
Sábio comentário, o seu, relembrando a nossa correcta posição planetária e conseguindo encontrar elementos de simpatia no meu comentário...
Como terá reparado, eu limitei-me a transcrever texto de uma artigo da Economist, sendo da minha lavra a conclusão, absolutamente obvia - diria mesmo La-Palissiana - de que no exterior estas intervenções dos nossos "dirigentes" já não têm crédito.
Em qq caso, com ou sem simpatia, considero esta situação muito lamentável, impondo custos crescentes ao País.
Caro Bartolomeu,
Vamos a ver até que ponto o novo clima de "co-habitação" entre os dois órgãos de soberania vai ter influência na condução da política em gearl e da económica em particular - e em que medida esse novo dado pode ter influência na perda de credibilidade externa que, como vemos por este exemplo, é já muityo profunda...
Este tipo de perdas normalmente leva anos a recuperar e tem custos formidáveis...
O passivo desta governação em relação ao País é realmente mastodontico, caracterizando uma insolvência extrema, irresoluvel...
Caro Tavares Moreira,
Penso que ficou hoje cientificamente provado que isso dos mercados externos, dos especuladores e das fontes anónimas, surpreendetemente, não existe sequer. Nem as bolsas, nem a oferta e a procura. Se existissem em qualquer forma, depois daquele show algures entre um Chacrinha e um Tiririca deslavado a que hoje se assistiu na forma de um dos mais horrorosos episódios da vida política nacional, o juro da dívida teria de ter disparado pelo menos para os 90%, tal a miséria do retrato da nação que ali foi passado e da nossa profunda propensão para criar um enorme enredo de pormenores que não interessa a ninguém senão aos ilusionistas. E como aquele Presidente da Assembleia da República é tratado!
Caro Flash Gordo,
Não tive o privilégio de assistir a mais esse empolgante episódio da vida nacional...como eu o invejo!
É preciso notar, todavia, que esses episódios ilustradores da pobreza franciscana dos seus actores se tornaram comuns pelo que os mercados já os descontam como se usa dizer...
Daí que o facto de as taxas de juro não terem reagido a tal facto não seja nada estranho.
Esses episódios têm nos investidores um impacto similar ao da declaração de auto-elogio do PM...nenhum!
Também aqui, como diz a Economist, se trata de um filme já visto!!
Noto grande desânimo nas suas palavras, quanto ao futuro do nosso país, caro Amigo, Dr.Tavares Moreira.
Será que na cerimónia de tomada de posse no dia 9 do próximo mês de Março, José Socrates irá cantar para Cavaco Silva, os versos do tema "My Way"?
And now the end is near
And so i face the final curtain
My friend i'll say it here
I state my case of which i'm certain
I've lived a life that's full
I've travelled each and every highway
And more much more than this....
(tcharammmmm!!!)
I DID IT MY WAY!!!
http://www.youtube.com/watch?v=Aht9hcDFyVw&feature=related
Creio que não restam dúvidas quanto à ignorância económica do nosso PM.
Não há uma frase, uma palavra, um rasgo que nos mostre que ele acredita, ou sequer sabe, do que está a falar. A economia caiu-lhe em cima, literalmente.
Qual patologia visceral!
Tantos discursos portentosos
de psitacismo eleitoral
brotam de motivos pastosos,
qual patologia visceral!
Dessa gente bastante convencida
só germinam sórdidas fantasias,
nesta Nação assaz desvanecida
há quem despreze tais hipocrisias.
Caro Bartolomeu,
Mas que extraordinária inspiração, olhe que não excluo nada essa possibilidade!
Com S. Silva no bombo, T. Santos no saxofone, S. Pereira clarinete, R. Pereira contra-baixíssimo (e empunhando um cartão de eleitor - e todos sob a batuta do grande maestro Quim Barreiros - que dia de glória para o País ao ouvir essa melodia!
Existe no entanto o risco de a Economist comentar "Isso é musica já ouvida, é um replay!"...
Daniel Letras,
Olhe que ainda há quem acredite na sabedoria de Sexa...ou seja remunerado para acreditar ou fazer acreditar, que vai dar ao mesmo!
Caro M. Brás,
Bravo, bravo, só falta mobilizar as massas populares entoando seus versos, seguindo o exemplo da Tunísia e do Egipto!
Acho bem, caro Dr. Tavares Moreira, nenhuma possibilidade deve ser excluída... nos tempos que correm.
Aliás, como já alguem antes de mim disse, os hoje, são feitos de pedaços de ontem, que pretendem construir o amanhã.
E a afirmar o que lhe digo, aqui vai a versão original idealizada por um homem que queria ser primeiro ministro, Paul Anka:
http://www.youtube.com/watch?v=WIWHxEIU1VE&feature=related
E... como acabei de referir, nada nos garante que o amanhã, não venha a ser protagonizado, por um conjunto de ciganos... reis, possivelmente, mas ciganos (talvez, os "reis da ciganada"!
http://www.youtube.com/watch?v=avGAe9EVkjc
Caro Bartolomeu,
Com o devido respeito pelo autor da interessante frase que cita, tomo a liberdade de propor um ajustamento, assim:
"Os de hoje reduziram a destroços o que os de ontem legaram, não tendo a mais leve intenção de construir o amanhã"...
Que lhe parece, acha muito radical?
Sem retirar todo o valor e sentido ao ajustamento que o caro Dr. Tavares Moreira, propõe, apresento um terceiro: "Os de hoje, após reduzirem a destroços o que os de ontem legaram, acautelam com muito afã o seu próprio amanhã, sem a mínima intenção de acautelar o amanhã dos restantes".
Caro Bartolomeu,
Bem dizia eu que o meu amigo se encontra em fase de grande inspiração!
Absolutamente perfeita a emenda sugerida, na "mouche"!
Atrver-me-ia a propor apenas um ligeiríssimo retoque, aonde diz "...sem a mínima intenção de acautelar...", passar a dizer "...com plena consciência e dolo de que ao faze-lo estão a comprometer...".
Que lhe parece? Será razoável ou ainda benigno?
Está certamente V. Exª imbuido de forte espírito benigno, ao considerar somente dolosos, os estragos perpetrados por estes agentes avançados do apocalipse.
Caro Dr. Tavares Moreira, temo que estes cavaleiros negros que nos governam, no fim, não deixem pedra, sobre pedra.
Se assim for... não deixa de ser uma forma de nos vermos livres deles... já demasiadamente tardia, mas, uma vez que a vontade nos faltou para que fosse em tempo, será contudo, efectiva.
:(
PS: Que se passará com o nosso querido Amigo, Professor Massano Cardoso?
Espero sinceramente que se encontre de saúde, e que, regresse rápidamente à tertúlia quartarepúblicana!
Caro Bartolomeu,
Sendo assim, se ainda é benigna a redacção proposta, então avanço mais uns degraus, a saber:
"De plena consciência, possuídos de uma exacerbada intenção dolosa e sentindo-se muito felizes, de que ao faze-lo estão a compromoter para sempre...".
Quanto ao Prof. Massano não tenho qualquer indicação preocupante, admito que se trate de um indispensável período sabático, que terminará não tarda!
Pelo facto de ser de "plena consciência", é que me parecem exíguos quaisquer adjectivos que possamos acrescentar-lhes, caro Dr. Tavares Moreira.
No entanto, compenso os desaires, com a notícia de que o nosso caro Amigo Salvador Massano Cardoso se encontra de boa saúde e que após este paríodo hermético de reflexão, voltará ao nosso convívio, trazendo as energias repostas e os chakras realinhados.
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