Que a honra, seriedade e honestidade de Cavaco não estavam em causa, mas que Cavaco devia esclarecer a pitoresca questão da compra das cento e tal mil acções da SLN foi o teor de judiciosos artigos e de conspícuas declarações nos media deste fim-de-semana.
Há uma total falta de coerência e lógica em tão abstrusas tomadas de posição.
Pois se, como dizem, a honra, seriedade e honestidade de Cavaco não estão em causa, é porque, das duas uma: ou consideram essa honra e honestidade um pressuposto e não se vê que necessitem de esclarecimentos, quaisquer que sejam; ou consideram que essa honra e honestidade não foram de forma alguma infirmadas pelos factos conhecidos e profusamente esclarecidos, não se vendo então a necessidade de mais explicações.
Isto, se houvesse lógica e coerência. Mas, claro, essas tomadas de posição podem-se fundamentar em tudo menos na lógica e na coerência.
Derivam talvez mais da contumaz tendência de estar bem com Deus e com o diabo.
Nada de afrontar muito Cavaco, porque o mais que provável é ele ganhar as eleições e um Presidente sempre é um Presidente.
E nada de ignorar, nem que seja por omissão, as vozes e posições das esquerdas, o que constituiria verdadeiro atentado fatal ao politicamente correcto. E capaz de hipotecar qualquer futuro nos media ao melhor comentador independente.
Se esses comentadores não põem em causa, como dizem, a honestidade de Cavaco, então honesto seria absterem-se de lançar novas suspeitas, para já não falar no dever deontológico de utilizar a informação que recolheram ou a que acederam para informar, no sentido nobre da palavra. Ou então referir, de forma concreta e explícita, o que desejam saber. Porque exigir sempre mais e mais esclarecimentos, sem dizer de quê, é apenas querer prolongar a telenovela e exigir que Cavaco nela intervenha em todos os actos e intervalos. Postas as cenas nesse palco, faz muito bem Cavaco em não aderir à farsa.
Há uma total falta de coerência e lógica em tão abstrusas tomadas de posição.
Pois se, como dizem, a honra, seriedade e honestidade de Cavaco não estão em causa, é porque, das duas uma: ou consideram essa honra e honestidade um pressuposto e não se vê que necessitem de esclarecimentos, quaisquer que sejam; ou consideram que essa honra e honestidade não foram de forma alguma infirmadas pelos factos conhecidos e profusamente esclarecidos, não se vendo então a necessidade de mais explicações.
Isto, se houvesse lógica e coerência. Mas, claro, essas tomadas de posição podem-se fundamentar em tudo menos na lógica e na coerência.
Derivam talvez mais da contumaz tendência de estar bem com Deus e com o diabo.
Nada de afrontar muito Cavaco, porque o mais que provável é ele ganhar as eleições e um Presidente sempre é um Presidente.
E nada de ignorar, nem que seja por omissão, as vozes e posições das esquerdas, o que constituiria verdadeiro atentado fatal ao politicamente correcto. E capaz de hipotecar qualquer futuro nos media ao melhor comentador independente.
Se esses comentadores não põem em causa, como dizem, a honestidade de Cavaco, então honesto seria absterem-se de lançar novas suspeitas, para já não falar no dever deontológico de utilizar a informação que recolheram ou a que acederam para informar, no sentido nobre da palavra. Ou então referir, de forma concreta e explícita, o que desejam saber. Porque exigir sempre mais e mais esclarecimentos, sem dizer de quê, é apenas querer prolongar a telenovela e exigir que Cavaco nela intervenha em todos os actos e intervalos. Postas as cenas nesse palco, faz muito bem Cavaco em não aderir à farsa.
13 comentários:
A honestidade não se proclama, pratica-se.
Cavaco passou a usar uma linguagem imprópria: "os outros têm que nascer duas vezes para serem tão honestos como ele"; "tudo terá que ser resolvido no próximo dia 23 a fim de evitar que a Presidência seja tomada pelos aventureiros e extremistas que só têm palavreado"!
Cavaco está deveras atrapalhado e crispado. E emprestou o seu nome "para prestigiar a SLN" (Eanes).
Ora, quem põe a render a sua "credibilidade"...terá de arcar com as desvantagens de tal empréstimo...
Quando lhe convém, o caro Pinho Cardão socorre-se dos prestigiados Sol e Correio da Manha. E agora insurge-se contra o Expresso e o Público. Ora não querem lá ver?
Caro Fartinho do Silva:
Simplesmente factos: uma farsa sem protagonista.
Ah, e por falar em jornais: desde que me conheço que os leio. Aliás, a primeira palavra que li foi num jornal. Já contei a história aqui no 4R. Comecei pelo Comércio do Porto, pelo Primeiro de Janeiro e pelo Século. Este, infelizmente, também já desaparecido, quando era editado por uma empresa pública. E, curiosa e lamentavelmente, pela mão de Manuel Alegre.
Caro Pinho Cardão
Sem protagonista? Que se saiba, pelo menos, há dois: Cavaco Silva e Oliveira e Costa!
Quanto ao jornal O Século: provavelmente, se Manuel Alegre tivesse "aguentado" o jornal, seria agora acusado de ter contribuído para a acumulação de prejuízos para o erário público!!!
Caro Pinho Cardão,
Não sei se são mais incoerentes os comentários que aqui reproduz -- fazendo um enorme favor aos respectivos autores, para os quais a hipocrisia da "incoerência" não é inocente -- ou a sua atitude em, sistematicamente, escalpelizar o assunto "ad nauseam".
Crê que é esta a melhor atitude para arrumar este assunto? Quando diz que Cavaco faz bem em não comentar, porque "não lhe segue o seu" conselho??
Fosse Portugal uma Monarquia e tivesse D. Duarte a verve de D. Juan Carlos...
Caro Pinho Cardão
Já lhe sucedeu assistir, quando passamos por momentos de stress, a comportamentos "estranhos" dos nossos colaboradores ou amigos; o normal é, no meio da "algazarra" vermos pessoas a cumprirem as tarefas mais corriqueiras e menos necessárias, no momento, como se quizessem manter a "normalidade".
O caso BPN/Cavaco Silva ilustra isso:perante uma "tempestade" externa, a incapacidade para gerir o stress faz com que os nossos jornalistas, políticos e ainda eleitores, focalizem em actividades ou questões menores...
Cumprimentos
joão
Pois é, caro João. Raramente vai o sapateiro além do chinelo...
Domingo, 9 de Janeiro de 2011
«Preços baixos
A venda de bens a preços inferiores aos habitualmente praticados, não sendo época de saldos ou não se tendo o propósito de uma rápida liquidação do estabelecimento, suscita sempre dúvidas, seja no âmbito fiscal, ou civil, ou criminal.
Um fiscalista não deixará de pensar numa fuga ao fisco, através de uma subfaturação.
Um civilista não deixará de pensar num negócio simulado, escondendo uma eventual doação.
Um criminalista terá presente o crime de receptação, não descartando que o bem vendido tenha sido subtraído fraudulentamente.
É evidente que uma venda a preços inferiores aos praticados pode não traduzir um ilícito fiscal, ou civil, ou criminal.
Mas não deixa também de ser verdade que num contexto de dúvidas plausíveis, as explicações são absolutamente necessárias».
Postado pr A.R. em Direitos Outros
Se bem percebo, todo o problema está no facto do Oliveira e Costa ter querido ter o Cavaco como sócio, ao ponto de lhe ter vendido umas acções mais baratas que vendeu a outros, e não ter feito a mesma coisa com as pessoas que se queixam. Sim, parece ser esse o caminho para ganhar uma chefia de estado...
Tenho pena(embora compreenda) que Manuel Alegre tenha aceite o apoio de tal gente. Vai chegar à conclusão que o apoio do PS e do BE lhe vai custar, não só uma eleição, mas o nome.
Primeiro, era o preço de venda, que era preço de favor.
Depois, esgotado o argumento, passou o preço de compra a ser o preço de favor.
Constrange-me falar desta matéria, pela simples razão de verificar que os políticos que começaram a campanha de levantar suspeições sobre este assunto denotam não ter a mais leve ideia de como se forma ou é assegurada a liquidez interna dos títulos em grupos ou empresas não cotadas, mas com um número razoável de accionistas como a SLN. Claro que não são obrigados a saber, mas mandaria o decoro que não se lançassem gratuitamente suspeitas sobre pessoas envolvidas na transacção de acções nestas circunstâncias e sobre a forma e preço por que são transaccionadas, sobretudo quando almejam o cargo de Presidente da República.
Com base na minha experiência de trabalho de mais de dez anos num Banco de Investimento, talvez me disponha a fazer um post de cariz técnico sobre a matéria. Embora tenha a convicção de que de pouco poderá servir. É que não há tecnicidade que possa ultrapassar pré-juízos ou os preconceitos estabelecidos.
Caro Pinho Cardão,
O que isto mostra é que há gente a mais com poder que nunca teve que fazer pela vida, nunca teve que viver do seu próprio trabalho e que nunca teve que criar nada. Para quem toda a vida viveu de parasitar o trabalho alheio, existir alguém que tente encontrar capital para o seu negócio, por vezes a preços mais baixos, é absurdo.
Mas sugeria-lhes que fossem trabalhar para vós, em vez de andarem a retirar dinheiro dos impostos que serve para os pobres, para perceberem o que isso significa. Vão ver que, no fim, as coisas não parecem assim tão estranhas.
Caro Tonibler:
Ora aí está. Isso é que é acertar no alvo!... Só prova que vale mais um bom atirador do que um par de Purdeys, por mais sofisticadas que sejam.
Caro Paulo:
Bela alegoria. Mas creio que Manuel Alegre para chegar a D. Quixote ainda teria que comer muitas rasas de sal, como diz a sabedoria popular...
Tonibler
Deixe o Alegre em paz e vá inscrever-se na comissão de honra de Cavaco, onde, tenho acerteza, será bem recebido...
Enviar um comentário