Acho "graça" ouvir determinados comentadores políticos lembrar que Portugal tem níveis de cobertura da eventualidade do desemprego superiores a outros países europeus e que tem o subsídio social de desemprego que não existe em outros países. Uma generosidade extra do nosso Estado Social! Mas a verdade é que se assim não fosse, em lugar dos 45% dos desempregados que não recebem prestação social do desemprego, o flagelo seria muito maior.
O problema é que o desemprego está a aumentar e não há perspectivas de que a situação se inverta. Se a economia não for capaz de gerar emprego, não só teremos mais pessoas sem emprego, como vai crescer o grupo dos desempregados sem direito a subsídio. É que o desemprego de longa duração está a aumentar, assim como está a crescer o trabalho precário. No primeiro caso o direito ao subsídio esgota-se com o tempo e no segundo caso o tempo de descontos não é suficiente para formar direito ao subsídio de desemprego.
O problema é que o desemprego está a aumentar e não há perspectivas de que a situação se inverta. Se a economia não for capaz de gerar emprego, não só teremos mais pessoas sem emprego, como vai crescer o grupo dos desempregados sem direito a subsídio. É que o desemprego de longa duração está a aumentar, assim como está a crescer o trabalho precário. No primeiro caso o direito ao subsídio esgota-se com o tempo e no segundo caso o tempo de descontos não é suficiente para formar direito ao subsídio de desemprego.
Com este quadro podemos esperar um aumento da pobreza e do número de pessoas com privações de bens essenciais à vida.
Se olharmos para a estrutura do desemprego, percebemos que teremos que ter soluções diferenciadas para resolvermos os problemas específicos dos vários grupos de desempregados, com idades e qualificações diferentes.
Se olharmos para a estrutura do desemprego, percebemos que teremos que ter soluções diferenciadas para resolvermos os problemas específicos dos vários grupos de desempregados, com idades e qualificações diferentes.
Segundo dados recentes do INE, o retrato do desemprego em Portugal é o seguinte;
. 609 mil desempregados, sem contar com os jovens que emigraram por não encontrarem trabalho em Portugal, os imigrantes que abandonaram o País e aqueles que desistiram de procurar emprego.
. Destes, 99 mil têm entre 15 e 24 anos e 185 mil têm mais de 45 anos.
. A maioria não tem formação superior: 418,5 mil têm até ao ensino básico – 3º ciclo e 122 mil têm o secundário e pós-secundário.
. Com formação superior, são 69 mil desempregados.
. À procura de emprego há mais de um ano estão 332 mil desempregados.
. Destes, 99 mil têm entre 15 e 24 anos e 185 mil têm mais de 45 anos.
. A maioria não tem formação superior: 418,5 mil têm até ao ensino básico – 3º ciclo e 122 mil têm o secundário e pós-secundário.
. Com formação superior, são 69 mil desempregados.
. À procura de emprego há mais de um ano estão 332 mil desempregados.
10 comentários:
A falta de medidas de fundo para resolver ou minimizar o elevado desemprego em Portugal, leva-me a crer que os nossos governantes não adquiriram ainda a noção da verdadeira dimensão do problema.
Em causa estão, tal como muito bem refere a cara Drª. Margarida, o sustento de milhares de famílias activas e também o sustento de um enorme número de aposentados e incapacitados, cujas reformas e pensões só poderão continuar a receber se os activos efectuarem descontos sobre os seus salários.
E dado a dimensão deste problema, que penso, já podemos considerar tragédia, é urgente que os nossos governantes se decidam adoptar medidas de fundo, direi até, medidas radicalmente profundas.
Não me parece que o problema esteja no estado social. Entendo que está sim, na desmedida e no descontrole que o afectam, tornando-o pesado, obsoleto e desgovernado.
Muitas terão de ser as medidas a tomar, as quais irão forçosamente retirar privilégios àqueles que se acomodaram à fatídica frase "não compensa... para ganhar isso, mantenho-me no fundo de desemprego".
A par de medidas profundas e radicais, é necessário também que o governo devolva à procedência os emigrantes ilegais e todos quantos receberam ordem de repatriação e se mantêm no país, aumentando a despesa do estado.
É urgente mexer no sistema, mas mexer bem, com vontade e pensando na dignidade de todos quantos trabalharam árduamente para fazer crescer o país e que hoje, devido à idade avançada e às fragilidades físicas, precisam e merecem que o estado os proteja e ampare.
Não se trata de uma questão de esmola, mas sim de direito e dignidade social.
Já agora, aqui vai um poema de Fernando Pessoa, pela voz de Maria Bethânia, o qual desejo lhe soe agradável.
http://www.youtube.com/watch?v=gWI1gs0dJYk
O subsídio de desemprego é um daqueles fármacos do estado social que os economistas da treta não conseguem entender. Ele é, em si mesmo, uma causa de desemprego, uma vez que a inactividade das pessoas deixa de ter efeito multiplicativo e acaba por gerar mais desemprego. No entanto, a sua inexistência, pode gerar desemprego porque a insegurança acaba por limitar o crescimento. Como qualquer fármaco, tem que ser usado com cuidado e parcimónia e portanto deve ser cortado nesta fase.
"Mas a verdade é que se assim não fosse, em lugar dos 45% dos desempregados que não recebem prestação social do desemprego, o flagelo seria muito maior."
Concordo inteiramente consigo neste ponto. O problema é que quem faz comentários desta natureza muito provavelmente nunca esteve desempregado... conheço de perto quem tenha sido director e que agora por mais currículos que envie não consegue nem uma entrevista de emprego, quanto mais trabalho... e eu bem vejo como ele se está a aproximar perigosamente de uma depressão, apesar de estar desempregado "apenas" desde Novembro!
Sem crescimento económico não há criação de emprego .
Esta é a realidade, por mais dura que ela seja.
Não vale a pena teorizar ou criar utopias sobre as medidas de apoio a este flagelo, porque neste momento o país está confrontado com constrangimentos de variada ordem, que não permitem uma melhor intervenção nesta área.
De salientar o bom comportamento que as exportações estão a ter, considerando que neste momomento é verdadeiramente a porta que se abre à nossa economia, visto que o consumo interno, fruto da austeridade imposta, não irá ajudar a alavancar o nosso crescimento.
Cump.
Caro A.J.Faria, não sei se é necessário haver crescimento económico, para que surjam hipoteses de emprego.
Em meu entendimento, existe economia suficiente, para dar lugar a empregos. Aquilo que me parece não existir é regulamentação adequada, que vise proteger os trabalhadores e em simultâneo os patrões. Assim como uma coerente e ajustada de subsidiar o desemprego.
Faltam também, normas que protejam a produção nacional, que regulamentem a distribuição dos produtos, obedecendo em simultâneo a uma política de preços, equilibrada e regulada que vise compensar o produtor e tornar os bens, acessíveis ao consumidor.
Caso este equilíbrio fosse alcançado, cresceria consequentemente a produção, a venda e a exportação.
Desde ha quinze anos atrás, que nos habituámos progressivamente, a viver acima das nossas possibilidades económicas. A chegada da UE dos fundos para desenvolvimento e projectos, soaram aos nossos ouvidos, como herança de um tio multimilionário que havia emigrado ha um ror de anos e, como nos convencemos que essa herança nos havia caído dos céus, sem termos que nos preocupar com mais nada, desatámos a gasta-la nas maiores futilidades. Como se esse esbanjamento não bastasse, convencemo-nos que tinhamos entrado pela porta dourada do clube dos milionários.
Hoje, ainda vivendo na fantasia, mas sentindo já os abanões da realidade, sentimo-nos desorientados e rezamos a todos os santinhos por um milagre que nos coloque novamente dentro do sonho que tão agradável nos pareceu.
Temos de reconhecer caro A.J.Faria, que a nossa realidade é a mesma de ha um século atrás e que, cada passo que dermos, tem de ser consistente e firme, contudo pequeno, para evitarmos a situação passada, em que fizemos uma curta corrida de cem metros, mas acabámos na cauda do pelotão.
Caro Bartolomeu
O nosso grande problema é não termos economia. E com o desemprego a aumentar temos vários custos. Menos trabalho, mais população inactiva, menos actividade produtiva, menos riqueza para distribuir, mais despesa social e menos contribuições para a segurança social. Veio tudo ao mesmo tempo. O Estado Social tal como o temos também não é mais sustentável. Temos a mudança demográfica do envelhecimento da população, menor natalidade, maior esperança de vida, menos activos e mais pensionistas e temos uma forte pressão sobre o aumento dos custos sociais, designadamente com a segurança social e a saúde.
Sem economia, não há riqueza. Mas enquanto não temos nem uma nem outra não podemos esquecer que temos milhares de pessoas e famílias que a viver em enormes dificuldades com tendência paar se agravar. Não há emprego. A solução é cortar nos apoios sociais a quem deles precisa?
Gostei muito da interpretação do Menino Jesus pela Maria Bethânia. Muito sentida, muito bonita. O poema do Menino Jesus é uma esperança.
Caro Tonibler
Não me diga que entende que não há economia porque há desempregados e subsídio de desemprego!
Caro Fartinho da Silva
É gente que não sabe o que é estar desempregado e que não sabe o que é viver sem dinheiro, com privações de toda a ordem, na dependência da boa vontade dos outros.
Os ditos comentários contribuem para a ideia perigosa, que vai fazendo o seu caminho, de que os desempregados não querem trabalhar e de que os pobres são preguiçosos.
Caro A.J.Faria
Tem razão. A actividade exportadora é uma porta que se abre à economia. Mas não é suficiente. Precisamos de investimento estrangeiro, conhecimento e qualificação e sabemos que há entraves que não temos sido capazes de resolver (justiça, educação, fiscalidade, etc.). Mas a actividade exportadora não será suficiente. A título de exemplo, precisamos de retomar a agricultura e a pesca.
Quanto ao desemprego e à pobreza não podemos deixar de ter medidas de apoio às pessoas que sofrem na pele estes flagelos. Temos que dar muita atenção a esta realidade. Enquanto não tivermos emprego, estas pessoas não podem ficar desamparadas. É um problema que faz parte da resolução da difícil equação da crise.
Permita-me cara Drª. Margarida, que discorde da sua opinião, relativamente a não termos economia. Portugal tem economia... mal gerida, mal explorada e mal apoiada, mas tem. Não tem economia suficiente para o estado que temos... esse já é outro problema, no qual estamos de acordo.
Para mim, o maior problema, é encontrar o caminho, ou seja, a concertação entre governo, patrões e trabalhadores, que permita tornar a nossa economia competitiva e produtiva.
Neste aspecto, parece-me que o grande entrave reside no facto de as três partes, defenderem grandes e diferentes interesses.
Diz muito bem, cara Drª "O Estado Social tal como o temos também não é mais sustentável". E, os problemas que elenca, são mais que evidentes e reais, a nossa sociedade está envelhecida, não tanto pela média etária, mas sobretudo pela desmoralização e desmotivação geral. Cortar nos apoios sociais a quem deles precisa, não é, nem poderá nunca ser a solução. Se fosse essa a opção dos nossos governantes, tornarnos-íamos num país fantasma e desumanizado. A solução está no trabalho e na produção, passando por tudo aquilo que aqui no "quarta" tem vindo a ser dito, educação e formação profissional especializada, a par de regras muito concretas e ajustadas à nossa realidade empresarial e social, que visem defender em unissono a mesma solução, o bem-estar social e o progresso concreto e coerente, tendo em conta as características específicas do nosso país e da nossa sociedade.
Como diz o ditado: é preciso ter ovos, para poder fazer omeletas mas, para ter ovos, é necessário ter galinhas, alimentá-las e protegê-las da raposa, se não... nem omeletas, nem ovos, nem galinhas, nem raposa (que ainda se pode fazer com elas, uns casaquitos de peles ou umas golas para as samarras)
Caro Bartolomeu
A economia é como as empresas. Podemos ter recursos humanos e financeiros, instalações e máquinas, mas se estes recursos não forem geridos e organizados para de forma harmoniosa originarem um resultado novo que acrescente valor e se o meio envolvente for esquecido a empresa não produz e definha, acaba por encerrar.
É neste sentido que afirmo que não temos economia. Temos recursos que não aproveitamos e fazem-nos falta recursos sem os quais não conseguimos ter uma economia de boa saúde, capaz de produzir e escoar os seus bens e serviços.
Alguns exemplos. Temos o mar, mas não temos economia do mar. Temos pessoas, mas não temos qualificações nem cultura empreendedora.
Muito bem, cara Drª Margarida.
Conclui-se então que a economia portuguesa é como um doente em estado muito débil, quase a falecer, a quem o médico já diagnosticou o mal que o faz definhar e, a quem já prescreveu medicação adequada, a qual, teima em não querer tomar.
Será que este médico não inspira confiança, ou pior... este doente está decidido pela eutanásia?
Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, se não produzimos riqueza, não há para distribuir, se penalizamos os que ainda produzem alguma coisa lá se vai o pouco que temos, se não ajudamos os que precisam mais estamos a falhar na nossa sociedade... Deve ser terrível ver-se no desemprego e os que ainda têm trabalho e salário cada dia recebem menos e têm que gastar mais para si e para ajudar os que lhes são próximos. O pior de tudo é que se criou um clima de agressividade de uns contra os outros,as medidas são mal explicadas e mal entendidas e não se vê como vamos sair disto tudo.
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