Face à profusão dos diagnósticos económicos, das análises definitivas
e das soluções indiscutíveis que diariamente nos são oferecidas nos telejornais,
dá vontade de aprofundar a democracia, constituindo um governo de jornalistas e
comentadores. Como raramente têm dúvidas e nunca se enganam, teríamos a solução
para os nossos problemas. No final de contas, seria dar ao quarto poder aquilo que
realmente almeja: governar.
E assim os políticos travestidos de jornalistas tornavam-se políticos
de facto e de direito. O que tornaria a democracia bem mais transparente.
9 comentários:
O que é mais admirável é que o que dizem é repetido do que ouviram falar. Noutro dia ouvia o prof. Rosas e fiquei chocado com o à vontade com que ele fazia um comentário daqueles imbecis e ele nem sequer teve a decência de citar os autores originais do comentário dele.
Caro Pinho,
se bem me recordo foi precisamente isso que aconteceu nas ultimas eleições.
Recordo-me que foram proferidas variadissimas analises onde os "analistas" afirmavam por exemplo que:
a) mais impostos não, isto vai lá pelas gorduras.
b) já identificamos onde podemos diminuir X% da despesa publica
c) Não se pode carregar sempre nos mesmos
d) Não permitiremos que se mexam nos subsidios.
Ou seja os "analistas" defendiam isto...e foram para o poder!
...et voilá...
Eu, mas principalmente a realidade actual, garantimos que não é boa ideia a sua sugestão.
Não há muito tempo, havia, neste muito estimado Blog, um senhor comentador/postador que citava o relatório de outono do Banco de Portugal e dizia que o PIB só iria decrescer 1,0%.
Quando falei de que errava ao comparar um relatório de outono com um de inverno (com os riscos de previsões que necessariamente se corrigem num período de 3 meses), fui apelidado de usar argumentação tendenciosa.
Agora, que está publicado o relatório de inverno, gostava de ouvir este mesmo senhor a pronunciar-se acerca da revisão em baixa para a evolução do PIB constantes no boletim de inverno do Banco de Portugal, ao projetar um decréscimo do PIB em 1.9%.
Parece que afinal eu até tinha uma certa razão.
Caro António,
Também já tenho pensado nisso, mas temos de reconhecer que nós mesmos não resistimos à tentação de opinar.
A mim o que me espanta é o elevado número de meios de comunicação social num país com um índice de leitores relativamente baixo. Suponho que ainda se mantem o paradoxo que nos posiciona entre os países da OCDE com maior número de títulos e o menor número de leitores por mil habitantes.
Admira-me a exuberância gráfica e a qualidade do papel da generalidade das publicações diárias ou semanais em Portugal, o espaço publicitário que ainda vendem, quando as comparo com congéneres de países onde o número de leitores é incomparavelmente muito maior. A revista do Expresso, por exemplo, graficamente coloca na sombra o Magazine dominical do Washington Post (em queda, andará pelos 700 mil exemplares, o Expresso será pouco superior a 100 mil).
Os comentadores e analistas com banca garantida e remunerada nestes media ou são mal pagos ou o negócio é uma mina num país onde é difícil descortinar outras.
Considerem-se, no entanto, para além dos que vivem da venda de opiniões, os que, para além de as vender, as colocam a render politicamente. Há vários casos. Entre outros, Sócrates ganhou muita visibilidade nos frente a frente com Santana.
Mas o exemplar mais esfuziante desta amazónia de papagaios é, indiscutivelmente, o Professor Marcelo, o homem que há dezenas de anos vem dizendo aos outros o que devem fazer, e que ele não sabe ou não quer fazer. Mas mais: além de cobrar consoante o estatuto, o Professor Marcelo está permanentemente a amornar o caldo com que alimenta a esperança de presidir à República, livrando-se do incómodo de governar.
Um tipo esperto, não há dúvida.
O Relatorio do BdP deita por terra os analistas / comentadores defensores da politica austerista do governo / troika.
Precisamos de converter os austeristas ao crescimentismo com urgencia !
Paulo Pereira:
Mais depressa verá um porco a andar de bicicleta.
Desiluda-se.
A austeridade é necessária, mas o crescimento também (a Grécia é a prova dos 9), mas nem Austeritários nem Crescimentistas o querem admitir, refugiando-se cada um na sua meia-verdade.
Caro Pinho Cardão, mas ainda não são?
Esta democracia pretensamente representativa está podre e fora de prazo. Uma nova democracia directa que aglutine a participação de todos precisa-se!
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