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sexta-feira, 10 de julho de 2015

A tragédia dos gregos VII

Tsipras convocou um referendo para plesbicitar a sua política anti-austeridade. Com o "não", o povo grego apoiou Tsipras, não querendo a austeridade justificativa do referendo.   
Hoje, Tsipras acabou de apresentar à União Europeia um novo programa em que a austeridade se mede por mais 8 mil milhões de euros, que os cidadõs terão que pagar.
Injustamente, a meu ver, é criticado pela contradição. Todavia, não creio que haja razão na crítica, por não haver contradição alguma. 
O que os cidadãos votaram foi aquela específica austeridade prevista no referendo. Não votaram a colossal austeridade adicional. Assim sendo, Tsipras não ignorou, e até cumpriu, o veredicto popular. 

14 comentários:

Carlos Sério disse...

Nesta guerra entre “Gregos e Troikanos” os pontos principais da proposta do governo são:

- Baixa do IVA de 6,5% a 6% para medicamentos, livros e teatro.
. IVA de 13% para alimentos básicos, hotéis, energia e água.
- Aumento do IRC de 26% al 28%.
- Aumento do imposto sobre bens luxuosos.
- Novo Imposto sobre a publicidade em televisão.
- Redução das despesas militares em 300 milhões de euros.
- Aumento do IRS de 11% para 15% para rendimentos menores que 12.000 euros, e de 33% para 35% para os superiores.
- Aumento da idade da reforma para os 62 anos para pessoas com carreiras contributivas superiores a 40 anos.
- Eliminação a partir de Outubro do desconto de 30 % em IVA nas ilhas do mar Egeu mais ricas e com maior afluência de turistas. Se exceptuam as ilhas mais remotas.
- Eliminação gradual dos subsídios ao gasóleo.
- Eliminação gradual do sistema de pré-reformas exceptuando profissões de risco e a mães com filhos incapacitados, com um sistema de penalizações.
- Aumento do IVA de 23 % da restauração.
- Aumento da idade da reforma para 67 anos até 2022.
- Aumento das quotizações dos pensionistas ao sistema de saúde de 4% a 6%.
- Eliminação gradual das ajudas às pensões (EKAS) até 31 de Dezembro de 2019.
- Privatizações dos aeroportos regionais, de portos e de uma auto-estrada.

Pedro Almeida disse...

As propostas do Governo grego estão disponíveis no seguinte link:

http://s.kathimerini.gr/resources/article-files/h-ellhnikh-protash.pdf


Haverá um esforço para generalizar os 67 como a idade efectiva dos gregos aquando da reforma, ou então 62 anos mas com 40 anos de contribuições.

Afinal, eleva-se a idade da reforma para 67 anos até 2022 ou, enfim, haverá um esforço nesse sentido, o que implica o reconhecimento da existência de um problema de sustentabilidade das pensões que urge resolver...

Em Portugal continua-se a fazer de conta que o problema não existe...

Privatizações são anunciadas agora, embora tenham sido suspensas quando o Syrisa chegou ao Governo...Então, agora, já são boas?... Não são uma prática lastimável do capitalismo?...

Pedro Almeida disse...

Agora, claro, não se sabe se isso é para ser levado à prática pelo Governo grego ou se é apenas estratégia para ganhar tempo. Com a esquerda radical todo o cuidado é pouco.

Carlos Sério disse...

"Os apertos pelo dinheiro e os pedidos de crédito do governo do Syriza transformaram o Não ao referendo num Sim. A transição da democracia à ditadura financeira foi completa.
Se este novo programa de austeridade deixa a situação igual ou pior que antes, a Tsipras não lhe restará mais que renunciar por ter actuado como um cavalo de Troya e ter burlado a decisão dos gregos do passado Domingo que votaram 61,3 por cento na recusa das políticas da troika. Esta decisão soberana do povo grego foi, no dizer de Jean-Claude Juncker "totalmente irrelevante" e foi parar ao caixote do lixo. O que só confirma que a UE funciona como uma ditadura financeira e defenderá sempre os interesses do dinheiro.

Para a troika, são as pessoas que devem submeter-se à ditadura da economia e não a economia que deve estar ao serviço das pessoas. É o mundo ao contrário, de uma total distorção.

Tsipras havia oferecido menos troika e sai como ovelha tresmalhada com mais troika. Para isso não era necessário haver referendo.

Grécia retirou-se do combate sem sequer esperar pelo primeiro round. Veremos se sai da asfixia com estas novas medidas ou se cai para sempre no abismo".

Carlos Sério disse...

Sair porque se é empurrado, sem cobertura europeia, é uma atitude criminosa — equiparável a uma política de “liquidação total” ou “extermínio” da economia grega! Então, para complicar ainda mais a vida aos gregos, temos que às possíveis vantagens de uma saída negociada, se contrapõe o “terrorismo” sob a ameaça de uma saída empurrada. Então, Tsipras resiste à saída porque não quer ser empurrado; Schauble, que até já admitiu um cenário de saída, persiste na única via da austeridade porque quer impor uma política de submissão através do medo!
Varoufakis

Pedro Almeida disse...

Penso que as seguintes palavras de Rajoy traduzem bem a dura realidade, dando uma ideia de como a esquerda radical enganou o povo grego:

Rajoy lembrou que esteve em Janeiro último em Atenas, para uma reunião com o ex-primeiro-ministro grego Andonis Samaras, e que, nessa altura, a previsão de crescimento económico para a Grécia era quase de três por cento para 2015 e que a Grécia ia abandonar o segundo resgate, regressar aos mercados e pagar a dívida.

"Isso era a Grécia há seis meses", recordou, observando que, após a chegada do Syriza ao Governo, o país entrou novamente em recessão, à espera de um terceiro resgate e com uma economia "estrangulada", por falta de financiamento e reformas.

A tudo isto - acrescentou - os cidadãos gregos passaram a ter de formar filas diante das caixas multibanco, para "conseguir uns euros para passar o dia".

http://economico.sapo.pt/noticias/rajoy-caso-o-acordo-seja-alcancado-sera-pior-do-que-o-anterior_223459.html

Pedro Almeida disse...

O referendo grego foi um número de circo protagonizado pela esquerda radical na Grécia, esquerda essa que prometia demagógica e irresponsavelmente acabar com a austeridade e implementar medidas cuja consequência seria o agravamento da despesa pública! E com que dinheiro? Como meteram os pés pelas mãos, agora atirarão as culpas para os outros!

Pedro Almeida disse...

STRIP POKER (Por João Pereira Coutinho)

Seria possível olhar para as medidas de ‘austeridade’ apresentadas pelo governo grego e rir alto: se aquilo não é uma fotocópia da última proposta de Bruxelas, que os gregos rejeitaram em massa, o melhor é consultar um oftalmologista. Mas a questão, a única questão, é saber por que motivo Alexis Tsipras traiu a vontade do seu povo – uma revelação de carácter que não inspira confiança a ninguém. A resposta, avançada pelo jornal ‘Daily Telegraph’, vem pela boca de um dirigente do Syriza. Que diz: ‘Nunca tivemos um plano B’ para o colapso económico do país. E depois acrescenta, com igual candura: ‘Sempre acreditámos que quando o momento chegasse a Europa iria ceder.’ Eis um governo para quem o destino da Grécia é um jogo de póquer – e a aflição do seu povo, um argumento de negociação. Se este é o caminho que uma parte da nossa esquerda pretende seguir, o melhor é começar já a forrar os colchões.

http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/joao_pereira_coutinho/detalhe/strip_poker.html

Carlos Sério disse...

A proposta de Juncker previa uma extensão de cinco meses do programa existente, com uma avaliação a cada mês; a proposta do governo grego prevê um novo programa de três anos, com fixação das condições para esses três anos e não a costumeira mudança de regras a meio do jogo. A proposta de Juncker propunha 8 mil milhões de Euros de austeridade para cinco meses; a proposta do governo grego propõe 13 mil milhões para três anos.

A proposta de Juncker previa apenas a transferência de fundos necessária para pagar as tranches ao FMI e ao BCE, nem um cêntimo para a Grécia; a proposta do governo grego prevê a cobertura das necessidades financeiras do país para três anos e um caminho para a reestruturação da dívida.

A proposta de Juncker inseria-se no quadro da troika; a proposta do governo grego transfere tudo para o Mecanismo Europeu de Estabilidade. Traduzido por miúdos, o FMI fica de fora, a Grécia volta aos mercados, o BCE volta a poder comprar títulos de dívida, há uma transformação ao nível das maturidades da dívida detida pelo BCE, transformando dívida de curto prazo em dívida de longo prazo e com juros mais baixos.
A juntar a estas medidas, há um pacote de reformas no combate à fraude e à evasão fiscal, coisa sempre rejeitada pela troika que, como se sabe, defendia que os cortes na despesa (por eles entendidos como receita) só eram válidos se atacassem os mais pobres. E há ainda um pacote de investimentos de 35 mil milhões de euros de “dinheiro velho”, o dinheiro dos fundos estruturais que os governos anteriores não executaram, e o acesso ao novo plano europeu de investimentos, do qual a Grécia estava excluída.

Nuno Cruces disse...

A proposta de Tsipras não passou.

Anónimo disse...

O que passou (bom, veremos, se passa finalmente mas Tsipras assinou) foi a transformação da Grécia numa colónia dos credores. Por menos do que isto começaram guerras. Compare-se o que foi assinado ontem com o ultimato Austro-Húngaro à Sérvia, por exemplo.

Não me lembro de alguma vez ter visto um governo supostamente civilizado ceder assim a sua soberania a terceiros e, cereja em cima do bolo, assina um papel com uma cláusula que diz que é esse governo quem vai pedir para ser tutelado por terceiros.

All in all, porém, perdemos todos, perdeu a Europa e perdeu a moeda única. Sobretudo deitou-se pela janela uma oportunidade de ouro de largar lastro, para mais quando há evidencias bastas e vastas de que seria barato faze-lo.

Carlos Sério disse...

É lamentável que o primeiro-ministro português se venha gabar para as televisões de ter apertado o último nó do garrote com que a troika irá asfixiar por completo a Grécia.

Nuno Cruces disse...

O governo grego quis evitar sair do euro a qualquer custo. Os restantes governos não aceitaram manter a Grécia no euro a qualquer custo. Sem plano B, prolongar a negociação só prejudicou a posição do governo grego.

É lamentável que se tenha chegado a este ponto. A minha esperança é que o lado grego se mostre confiável e que seja possível suavizar o acordo ao longo do tempo.

Tavares Moreira disse...

O brilhantíssimo domínio dos jogos de estratégia de que Varoufakis é senhor, deu este resultado: (i) ele foi baldeado (e agora mostra-se ressabiado, com comentários que só prejudicam o seu País), (ii) a Grécia teve de aceitar um acordo bem mais gravoso do que aquele que rejeitou no já quase esquecido Referendo e, (iii) "last but not the least", a economia grega está de rastos, num estado de desorganização difícil de recuperar, ainda quero ver o que aí vem quando o Eurostat divulgar as estatísticas do PIB grego para o 1º semestre do ano...e para o ano todo.
Revelou-se um génio, Yanis Varoufakis, mas é deste tipo de génios que nós de todo não precisamos.