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quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Para que conste!...

"O desafio é reorganizar a administração desconcentrada do Estado, preparando o caminho para uma regionalização da eficácia com o valiosíssimo crédito de aditamento democrático".
Eduaro Cabrita, Secretário de Estado da Administração Local, no Debate Olhares Cruzados sobre o Porto IV , citado pelo Público.

3 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão,
Mas onde é que vai descobrir estas coisas?
Sinceramente lhe digo que não tenho capacidade para alcançar um tal desiderato!
O que será de tão óbvio que o Secretário de Estado quis transmitir?
Será que é já o prenúncio de uma versão TLEBS do século XXII?
Fiquei impressionada com o estilo criativo e inovador, mas ao mesmo tempo bastante preocupada por não conseguir desvendar o significado de:
- Regionalização da eficácia??
- Valiosíssimo crédito de aditamento democrático??

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão,
A pergunta foi mais com um sentido de espanto! De espanto pelas coisas que se dizem e se ouvem!

Bartolomeu disse...

No que respeita a comentários políticos, sigo religiosamente o aviso de Apeles ao sapateiro que avaliáva os erros da sua obra, nunca indo além da minha sandália.
Assim, e desde já pedindo a todos desculpa pela extensão deste comentário, decidi copiar um poema de Guerra Junqueiro, porta-voz da geração republicana, cujos poemas foram um dos maiores contributos no combate à monarquia.

AOS VETERANOS DA LIBERDADE

Eu não vou, como a hiena sanguinária,
Despedaçar a loisa funerária
Dum velho rei no exílio adormecido,
Para, cheio de póstumos rancores,
Esbofetear co'as mãos dos vencedores
As faces do vencido.

Se já longe da pátria, destronado,
Eu encontrasse o rei amaldiçoado
Sem família e sem lar,
Conservando o rancor à tirania,
A minha musa descobrir-se-ia
Para o deixar passar.

Quando rogia ameaçadoramente
O grande mar profundo, o mar ardente
Da rubra indignação,
E pretendiam com latim de missa,
Loucos!, tapar a boca da Justiça
Como quem tapa a boca dum vulcão!

Quando sobre a Razão, já no monturo,
Caía um bando aziago, um bando escuro
De mil tartufos de sotaina preta;
Quando a lei se amarrava aos pelourinhos,
E quando a tirania usava arminhos,
E a liberdade usava uma grilheta;

Quando a verdade em fúnubres conventos
Era escondida, como os avarentos
Seu oiro escondem sem deixar indício;
E quando o frade, aos ombros a sacola,
Parasita de Deus, pedia esmola,
Como os inúteisque não têm ofício;

E quando enfim a Lei, deusa tranquila,
Era guardada por um cão de fila
Chamado o algoz, então,
Das descargas à música sonora
Rasgou-se a treva de repente... e a aurora
No azul fez explosão.

Como um titã que extrai resplandecente
Um disco em brasa da da fornalha ardente,
Assim tu, ó heróica mocidade,
Dentre o fogo das lutas do passado
Arrancaste purpúreo, ensanguentado
O sol da liberdade.

E ao regressardes, como herois antigos,
Ó triunfantes, épicos mendigos,
À vossa choça desolada e fria,
Em troca da vitória
O que vos deu a pátria? deu-vos glória,
A glória eterna... e seis vinténs por dia!

Mas, vergonha profunda das nações!
Que ela vos veja andar como Camões,
Pedindo esmola aos ricos e aos felizes,
Mostrando nas jaquetas desbotadas
Essas veneras que só eram dadas
Para cobrir no peito as cicatrizes.

Sereis vingados! Os farrapos tristes,
Essas gloriosas fardas que vestistes
Ha-de a História com trágica eloquência
Inda um dia ao futuro apresentá-las,
Primeiro esburacadas pelas balas
E rotas depois pela indigência!