É realmente triste esta constatação, ano após ano, dos resultados lamentáveis a matemática, sem que pareça haver capacidade para se modificar o que quer que seja que está mal. Há a teoria da genética, de que fala, ironicamente, aqui no blog o David Justino e, se calhar, é a que mais se adequa ao espírito lusitano. Mas ser fatalista ou conformista é muito grave quando se trata de condenar gerações sucessivas a não poderem, simplesmente, escolher a profissão em que se poderiam realizar e a reduzir o mercado de trabalho a um leque monocromático de ofertas... Quantos jovens deixam de ser engenheiros ou economistas só porque não puderam ter explicações de matemática até recuperarem o que deviam ter aprendido? E quantos se convencem de que são pouco inteligentes ou uma desilusão para os pais porque têm sempre más notas à disciplina "difícil"?
É por isso de inteira justiça referir aqui que a Ministra da Educação falou sobre o assunto com frontalidade e muita clareza, dizendo que, no meio de tantas dúvidas, devíamos pelo menos ter uma certeza firme: a de que o defeito não está nos nossos alunos, que as crianças portuguesas não são seguramente menos capazes ou menos dotadas do que as outras. Essa desculpa não serve.
O que é absurdo é que esta verdade cristalina tenha que ser afirmada e seja notícia, exactamente porque é de uma sensatez pouco comum...
Resta-nos agora a esperança de uma actuação consequente, sem promessas de milagres instantâneos ou ameaças demolidoras que já ninguém se dispõe a levar a sério. Para variar, poderíamos ter um plano de actuação sensato, realizável, persistente, que recupere a confiança dos pais e dê alento aos educadores. Não haverá milagres, mas será que não há remédios?
Sem comentários:
Enviar um comentário