Estação dos comboios de Jaipur, 5 de Julho: São seres humanos, como nós!...
Depois da cidade cor-de-rosa de Jaipur, o destino era a cidade azul de Jodhpur, assim colorida para amenizar as temperaturas do vizinho deserto de Tahar.
Como entre Jaipur e Jodhpur a distância se mede por mais de 8 horas de autocarro (menos de 300 quilómetros), o percurso foi feito em comboio, cerca de 5 horas.
Na estação de Jaipur, tive uma das experiências mais terríveis da minha vida, de exposição brutal da miséria e da degradação humanas.
De um lado e do outro, ao longo de uma extensa plataforma que atravessava a estação e dava acesso à gare, alinhavam-se corpos humanos, deitados no chão, imóveis todos, muitos estropiados, na maioria cobertos , situação estranha num fim de tarde de muito calor, alguns literalmente embrulhados dos pés á cabeça, possivelmente mortos á espera de serem recolhidos.
Os detritos, o lixo e porcaria de toda a espécie acumulavam-se entre os corpos inertes e o odor era nauseabundo.
Entre as alas de homens, mulheres e sujidade, um corredor estreito para passar: teria duas, três centenas de metros, mas não me lembro de um caminho me parecer tão comprido e tão sem fim.
E ainda me martelam a cabeça as palavras de um companheiro de excursão, que, atrás de mim, exclamou: óh Pinho Cardão, e pensar que todos eles são seres humanos, como nós!...
Em Jodhpur, a saída da estação faz-se por uma passagem superior semelhante á de Jaipur, com as mesmas alas de pessoas deitadas, quais estátuas jazentes.
Já não fiquei tão impressionado, efeito da vacina de Jaipur: a facilidade de adaptação dos humanos é enorme!...
A poucos minutos de autocarro, aguardava-nos, num belo parque, um requintado e luxuoso hotel.
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