Ainda a propósito das dificuldades com a matemática, o David Justino lançou aqui um desafio para se preencher um questionário e os comentários ao seu post lembraram-me um pequeno episódio a que assiti e que mostra bem o que pode fazer um bom estímulo em vez da falsa compreensão, que muitas vezes esconde a indiferença.
Era a altura das provas de acesso ao ensino superior e o ambiente de críticas à "violência" dos exames e ao stress que causaria aos alunos estava no seu auge. Chegavam então ao Ministério (e ainda deve ser assim...) centenas de cartas de pais e filhos a queixarem-se das dificuldades que sentiam, uns para aturarem as crises dos jovens, outros dos tormentos que sofriam para estudar e passar.
Uma das cartas era de uma rapariga que se dirigia ao Ministro pedindo por tudo que acabasse com o exame de informática, porque era tema que ela, boa aluna a tudo o resto, nunca conseguiria aprender. Ora isso ia impedi-la de seguir o curso que queria o que, dizia ela, era uma grande injustiça, porque não ia poder realizar-se nunca na vida.
- A si não custa nada - dizia ela - é só fazer o despacho a acabar com este exame. Com esse gesto vai fazer com que um jovem possa seguir a sua vocação e ser um bom profissional... Não é isso que um Ministro deve querer?
Acontece que a carta teve resposta num cartão escrito pela mão do próprio responsável pela pasta e dizia que não era por lhe retirarem o obstáculo da frente que ela seria ajudada, porque certamente encontraria muitos outros perante os quais voltaria a sentir fraqueza. A ela caberia ajudar-se a si própria, trabalhando o dobro ou o que fosse necessário para conseguir alcançar o seu sonho e, com cada sucesso, ficava mais perto da vitória. E que sabia que ela iria conseguir superar essa insegurança.
Pouco tempo depois chegou um postal da rapariga, a contar com evidente orgulho a boa nota que tinha obtido em informática e a dizer que nunca mais se esqueceria da preciosa ajuda que tinha recebido.
E que tinha passado a gostar de informática.
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