O Expresso apresentou este fim-de-semana um trabalho que reúne um conjunto de ideias para salvar Portugal – “Cinco ideias para salvar Portugal” - recolhidas junto de um conjunto de especialistas. Há ideias recorrentes, mas há ideias novas e há também em relação a muitas delas uma convergência de opinião.
As ideias são arrumadas em cinco grandes temas: Emagrecer o Estado, Rever a Fiscalidade, Promover o crescimento, Educação, Justiça e Saúde, Mudar a política e Aumentar a poupança.
É um trabalho interessante, que desde logo deixa uma pergunta no ar: porque é que muitas das ideias recorrentes, que delas ouvimos falar de tempos a tempos, de crise em crise, nunca foram efectivamente levadas por diante. É um ponto a merecer, também, atenção.
O desafio do Expresso deveria continuar, alargando a base dos intervenientes e os fóruns para o fazer, de modo a que um cada vez maior número de portugueses participasse e interiorizasse que temos que mudar de vida, que o tempo é de escolha de ideias e de concretização.
Precisamos de manter nas nossas agendas de cidadãos a preocupação de pensarmos e contribuirmos para a discussão fundamental que é a de saber o que devemos fazer daqui para a frente, contando não apenas com o que não fizemos e deveríamos ter feito, com o que fizemos menos bem feito e o que fizemos bem feito, mas fazendo o exercício prospectivo sobre o que devemos ambicionar ser e ter para acompanharmos o mundo e não nos deixarmos ficar ainda mais para trás.
Seria, também, fundamental divulgarmos aos cidadãos o que de bom tem sido feito nos mais variados sectores, identificando e explicando as razões do sucesso. Seria pedagógico pelos seus efeitos de demonstração, mas seria, não menos importante, um contributo para quebrar o círculo vicioso do negativismo em que desgraçadamente caímos e que teimamos em mediatizar e para gerar confiança e esperança de que somos capazes.
E porque o debate deve prosseguir, aqui fica um contributo:
- Incluir nos currículos escolares a vertente da "Cidadania". Educar também é formar pessoas e neste capítulo a educação também não tem cumprido o seu papel.
- Melhorar a qualidade da decisão pública, introduzindo a avaliação ex-ante e ex-post das políticas públicas mais importantes. Num país com poucos recursos, e ainda que assim não fosse, as políticas públicas devem ser justificadas.
- Criar um quadro incentivador do desenvolvimento da economia social, que promova o maior envolvimento da sociedade civil na promoção de iniciativas que respondam às crescentes necessidades sociais, sem esquecer o seu elevado potencial de geração de riqueza nacional.
As ideias são arrumadas em cinco grandes temas: Emagrecer o Estado, Rever a Fiscalidade, Promover o crescimento, Educação, Justiça e Saúde, Mudar a política e Aumentar a poupança.
É um trabalho interessante, que desde logo deixa uma pergunta no ar: porque é que muitas das ideias recorrentes, que delas ouvimos falar de tempos a tempos, de crise em crise, nunca foram efectivamente levadas por diante. É um ponto a merecer, também, atenção.
O desafio do Expresso deveria continuar, alargando a base dos intervenientes e os fóruns para o fazer, de modo a que um cada vez maior número de portugueses participasse e interiorizasse que temos que mudar de vida, que o tempo é de escolha de ideias e de concretização.
Precisamos de manter nas nossas agendas de cidadãos a preocupação de pensarmos e contribuirmos para a discussão fundamental que é a de saber o que devemos fazer daqui para a frente, contando não apenas com o que não fizemos e deveríamos ter feito, com o que fizemos menos bem feito e o que fizemos bem feito, mas fazendo o exercício prospectivo sobre o que devemos ambicionar ser e ter para acompanharmos o mundo e não nos deixarmos ficar ainda mais para trás.
Seria, também, fundamental divulgarmos aos cidadãos o que de bom tem sido feito nos mais variados sectores, identificando e explicando as razões do sucesso. Seria pedagógico pelos seus efeitos de demonstração, mas seria, não menos importante, um contributo para quebrar o círculo vicioso do negativismo em que desgraçadamente caímos e que teimamos em mediatizar e para gerar confiança e esperança de que somos capazes.
E porque o debate deve prosseguir, aqui fica um contributo:
- Incluir nos currículos escolares a vertente da "Cidadania". Educar também é formar pessoas e neste capítulo a educação também não tem cumprido o seu papel.
- Melhorar a qualidade da decisão pública, introduzindo a avaliação ex-ante e ex-post das políticas públicas mais importantes. Num país com poucos recursos, e ainda que assim não fosse, as políticas públicas devem ser justificadas.
- Criar um quadro incentivador do desenvolvimento da economia social, que promova o maior envolvimento da sociedade civil na promoção de iniciativas que respondam às crescentes necessidades sociais, sem esquecer o seu elevado potencial de geração de riqueza nacional.
12 comentários:
... e eu a pensar que quem nos trouxe a esta situação foi um conjunto alargado de especialistas, todos com umas ideias fantásticas....
Não, cara Margarida, não é por aí. Incluir, educar, melhorar, criar...são verbos no infinitivo dos quais os programas eleitorais estão cheios. Este "especialista" tem outra sugestão diferente: trabalhem, que vão ver que as outras coisas se resolvem por si.
Caro Tonibler... trabalhem?!
Desculpe, mas essa é a única medida que não funciona.
Aliás, a partir deste fim de semana, nova vida começou para os "Tugas". A China comprou uma parte significativa da dívida pública portuguesa. Assim sendo, Portugal já é menos pobre e, vai continuar a importar, cada vez mais, os produtos chineses. Logo, se trabalharmos mais, se produzirmos mais, iremos entrar em competição com a China. No mínimo deixaremos de ter tanto espaço no nosso mercado, para importar os produtos chineses.
Ora, sendo assim, não nos convém trabalhar, mas sim, intremediar, servir de ponte entre a China e Àfrica, entre a China e o Brasil e vender caro essa intremediação.
E temos cá pessoal de finas águas para esse fim.
Caro Tonibler
Programas eleitorais? Isso é tarefa dos partidos.
Concordo que temos que trabalhar, mas é preciso dar um sentido útil ao trabalho. E isto não é um exclusivo dos partidos.
Caro Bartolomeu
No dito trabalho do Expresso, um dos especilistas dizia, qualquer coisa deste género, que é preciso trabalhar, poupar e investir e que tudo o resto é conversa. Não me parece que seja apenas conversa (admito que seja uma força de expressão), porque aqueles que trabalham estão a apanhar por tabela com aqueles que não trabalham...
Deixo-lhe aqui uma "história" engraçada:
Um professor de economia da Universidade Texas Tech disse que raramente chumbava um aluno, mas tinha, uma vez, chumbado uma turma inteira.
Esta turma, em particular, tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, haveria igualdade e justiça.
O professor então disse, "Ok, vamos fazer uma experiência socialista nesta classe.
Ao invés de dinheiro, usaremos as vossas notas dos exames."
Todas as notas seriam concedidas com base na média da turma e, portanto, seriam justas.
Isto quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém chumbaria.
Logo que a média dos primeiros exames foi calculada, todos receberam 12 valores.
Quem estudou com dedicação ficou indignado, pois achou que merecia mais, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma.
Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que também eles se deviam aproveitar da média das notas.
Portanto, agindo contra os seus princípios, copiaram os hábitos dos preguiçosos.
O resultado foi que a segunda média dos testes foi 10 valores.
Ninguém gostou.
Depois do terceiro teste, a média geral foi 5 valores.
As notas nunca mais voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, procura de culpados e palavrões da boca para fora passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela turma.
A busca por “justiça'” pelos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e sentido de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma.
No final, contas feitas, ninguém queria mais estudar para beneficiar os outros.
Portanto, todos os alunos chumbaram, para sua total surpresa.
O professor explicou que a experiência socialista tinha falhado porque era baseada no menor esforço possível por parte de seus participantes.
Preguiça e mágoas foi o resultado.
Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual a experiência tinha começado.
"Quando a recompensa é grande", disse, o professor, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem o seu consentimento para dar a outros que não lutaram por elas, então o fracasso é inevitável."
Olá olá Dra. Margarida,
Parabéns por este post. Devo dizer que gostei imenso de o ler. É bonito e faz sentido. :)
Todavia e antes de responder ao camarada Tóni, deixe-me dar-lhe algumas achegas.
Relativamente à educação, caso não se recorde existe - nas escolas - uma disciplina de formação cívica. De facto não se chama "cidadania" e podemos questionar o que é se está a fazer com ela mas a disciplina existe. Outra coisa que é preciso distinguir é que dentro do conceito de "Educação" existem - a meu ver - 2 aspectos essenciais: a educação base que pertence ao contexto familiar e a educação escolar. A família constitui a base fundamental da sociedade e o papel de uma instituição escolar não é, nem nunca poderá ser, o de substituir-se à família. A instituição escolar tem um papel complementar ao da família e politicamente, aquilo que têm vindo a construir ao longo dos anos é um caminho que progressivamente conduz à desresponsabilização da família na educação, fazendo transitar essa responsabilidade para as instituições escolares. E existem diversas medidas que, quase toda a gente aplaude e que são exactamente um espelho disto, a começar por aquela fantástica política da escolinha a tempo inteiro para o 1º e 2º ciclo (da qual sou extraordinariamente critica).
No que respeita ao “Precisamos de manter nas nossas agendas de cidadãos a preocupação de pensarmos (…)”, cara Dra. Margarida já reflectiu bem sobre o que acabou de escrever? Tenho muitas dúvidas quanto à capacidade das pessoas em exercitar a nobre arte de pensar. Até porque para se pensar temos de ter matéria sobre a qual pensar, para ter matéria temos de ter informação. Ter acesso à informação é extraordinariamente fácil de hoje em dia, o que é mais difícil é interpretá-la e compreendê-la. Começo a ficar convencida que a maior parte das pessoas é incapaz de interpretar e compreender informação simples, pelo que se não conseguem ultrapassar este processo, também não conseguem avançar para o seguinte que é; pensar sobre a informação e consequentemente produzir um resultado (que neste caso será conhecimento). Há duas formas de praticar isto: Literacia e numeracia.
É claro que poderia escrever muito mais considerações sobre o seu post, mas depois este comentário ficaria gigantesco e já não teria paciência para responder aqui ao camarada Tóni a propósito do “trabalhem, que vão ver que as outras coisas se resolvem por si.” Assim, vou saltar já para esta parte.
Caro Tóni! :))
Essa frase é reactiva e não proactiva. É um exemplo daqueles que apenas reagem às situações e não daqueles que criam e moldam o seu futuro. De facto os programas eleitorais utilizam os verbos no infinitivo e fazem-no pelo simples motivo de que é necessário transmitir a ideia de acção e o que defrauda as expectativas do meu amigo é posteriormente a implementação da acção, por isso é que na última frase que escreveu coloca o verbo na 3ª pessoa do plural do imperativo afirmativo.
Questões técnicas à parte, se imaginar que os programas eleitorais são projectos com objectivos delineados e mais toda aquela cangalhada que faz parte da estrutura básica de um projecto, o que o aborrece não é tanto o projecto em si mas a incapacidade (ou incompetência) do gestor em implementá-lo e executá-lo. Uma coisa posso garantir-lhe, que quando um gestor não sabe gerir, o projecto normalmente acaba mal e isto não tem a ver com o facto dos “soldados rasos” trabalharem ou não, tem a ver simplesmente com organização, gestão e planeamento.
claro que se tem de dar cidadania na escola. atao se cabe a escola ensinar tudo e mais alguma coisa.ate ja vai ter de se ensinar as criancinhas a poupar.a cidadania aprende se em casa. chegar a horas a escola, sentar se nos seus lugares, ouvir e falar com respeito, saber fazer e estar. claro que os papas tem masi que fazer do que ensinar coisas simples. curriculos escolares sim, mas para os adultos, aos papas, esses sim precisam e muito.
Cara Anthrax,
A razão pela qual os programas eleitorais usam os verbos no infitivo prendem-se com o facto de ser o tempo verbal que não tem pessoa associada. Por isso, "incentivar" ou "promover", por exemplo, pode ser ser tudo e pode ser nada. E eu até apoio todos os programas assim feitos, desde que não me peçam dinheiro para isso.
A frase é do mais proactivo que se possa imaginar. Trabalhem! Façam aquilo que fazem melhor! Procurem clientes para vocês! Procurem coisas para fazer daquelas que as outras pessoas querem!
O resto sai por acrescento e naturalmente, sem ser preciso nenhuma direcção.
Até porque NINGUÉM sabe uma direcção para algo que ainda não aconteceu. Todas as direcções que se possam indicar estão erradas.
Caro Tóni,
Concordo com a parte do trabalhar e de fazer o que se faz melhor, agora com a ideia de que o resto sai por acrescento é absolutamente falso.
Tem de haver sempre uma direcção, mesmo quando estamos a falar de coisas, produtos ou bens que são pioneiros. Nestes, o que pode haver é um risco maior ou menor dependendo do produto, agora direcção tem de haver sempre e organização e planeamento também. Caso contrário, experimente lá a implementar essa sua ideia numa casa cheia de "putos" e veja o que é que acontece.
Ainda relativamente ao infinitivo dos verbos, o facto de ser um tempo verbal que não tem pessoa associada é apenas um bónus.
Cara Anthrax,
O Youtube tem 5 anos. O facebook deve ter uns 3 anos. O Google uns 10 anos. Há 15 anos ninguém tinha e-mail e ninguém saía da China, há 10 havia escudo e moedas de 5 coroas.
Quer-me explicar que direcção tinha há 5 anos que ainda seria válida hoje? E como é que um mastodonte de 10 milhões de peças que só se mexe com recurso a leis se pode adaptar a esta velocidade?
Qualquer direcção centralizada está errada hoje porque não faz ideia daquilo que vai ter daqui a 5 anos. E quantos mais recursos envolver, quanto maior for âmbito da sua implementação, maior o erro. Por isso, cada um que siga a sua direcção, tenhamos um estado para dar as condições mínimas para isso e está feito.
Cara Anthrax
Obrigada pelas achegas. Nunca a família esteve tão fragilizada como agora. Bem que necessitamos de a defender e de reforçarmos o seu papel.
A missão do ensino e da educação é a de formar pessoas, não apenas na componente profissional mas, também, na dimensão da cidadania. Esta missão não põe em causa o papel da família. Claro que se a família não cumpre a função educadora, pode surgir a sensação de que a escola está a ocupar o seu lugar.
De facto a iliteracia é muito grande, mas não podemos deixar de fazer a "evangelização" da intervenção cívica, ainda que tal signifique apenas que as pessoas dispensam alguma atenção aos problemas do país. Fazê-lo é,também, um acto de cidadania.
Cara Margarida,
Não resisto a indicar que o que propõe já existe nos centros de entretenimento e guarda de crianças e jovens há muitos anos. Os resultados estão bem à vista de todos. Veja o que se tem feito na Austrália, Reino Unido, Espanha, etc.. E não digo mais nada, porque é do meu interesse de curto e médio prazo que tudo se mantenha na mesma.
Caro Fartinho da Silva
Não posso propor mais do mesmo. E à lista podemos juntar muitos outros países, a mostar que estamos cada vez mais isolados nesse modelo fracassado que nos conduziu ao insucesso.
O seu curto e médio prazo parece estar assegurado!
Cara Margarida,
Não me interprete mal, é que não devo mesmo comentar estes assuntos :)
Para ter uma ideia do que já existe há muitos anos, aqui vão alguns exemplos:
- formação cívica;
- educação rodoviária;
- educação ambiental;
- educação para os audio-visuais;
- educação para o markting e publicidade;
- educação para violência familiar;
- desde há dois ou três anos, educação sexual;
Enviar um comentário