"O que está em causa" na greve geral "também passa pela eleição presidencial".
Manuel Alegre
A greve geral é contra a política do Governo. Manuel Alegre, que diz que não apoia nem desapoia a greve geral, afinal também diz que apoia o que está em causa na greve geral. E converge mais uma vez com a CGTP.
O PS, que apoia o Governo e condena a greve, apoia simultaneamente um candidato que sempre esteve contra a política do seu Governo. Não em questões de pormenor, mas em questões verdadeiramente essenciais.
No fim, uma alegre brincadeira.
6 comentários:
Meu Caro Pinho Cardão
Isso mostra que a candidatura de Alegre é uma candidatura independente, transversal e nacional!
Se o PS apoia Alegre, problema do PS. Se o BE apoia Alegre, problema do BE! Se o PDA apoia Alegre, problema do PDA. Se a renovação comunista apoia Alegre, problema da Renovação Comunista. Se o MIC apoia Alegre, problema do MIC. Se independentes como eu apoiam Alegre, problema destes independentes!Se monárquicos apoiam Alegre, problema desses monárquicos!Se transviados do PSD e do CDS apoiam Alegre, problema desses transviados! Se Soares apoia Cavaco, problema de Soares. Alegre não pediu licença a ninguém nem a nenhum partido para se candidatar. Fê-lo por sua iniciativa e por vontade própria.
Mas, caro Pinho Cardão, vejo-o tão preocupado com esta candidatura que, de vez em quando, vai falando nele, Alegre... Mas se o Candidato Silva ganha à primeira volta com larga margem de vantagem, porque é que o meu caro Pinho Cardão gasta postais com o que Alegre diz ou deixa de dizer? É estranho, não é?
Não gostaria antes de saber o que o candidato Silva pensa sobre as matérias sobre as quais Alegre se pronuncia ou não?
E havendo tantos candidatos para «malhar», porque está o meu amigo fixado em Alegre?
Insegurança? Alguma questão pessoal?
Caro Fartíssimo do Silva:
Questão pessoal?
Oh, caro Fartíssimo, eu até tenho simpatia pessoal e admiro enormemente o poeta Manuel Alegre. Tenho, se não a totalidade, pelo menos grande parte dos livros dele. Que comprei com todo o gosto. E até já publiquei pelo menos um poema dele aqui no 4R.
Confesso que tal admiração pelo poeta não se estende, de forma alguma, ao político. É a vida. E as pessoas são multifacetadas. Mas não esqueço toda a acção que desenvolveu em 1974 e 1975, na luta contra a nova ditadura que se queria implantar. E a voz firme que levantou contra a unicidade sindical.
Posto isto, não me inibo de dizer o que penso, não atacando o homem, mas contestando ideias ou atitudes. E apoiando outras ideias ou atitudes.
Neste Blog e na vida gosto de ser claro. E aborrece-me linguagem de mau político que diz uma coisa nas linhas e outra nas entrelinhas. Vamos pois ao post, mais virado para criticar o PS do que propriamente M.Alegre. Mas, de facto, este também levou por tabela.
Manuel Alegre foi visitar expressamente os promotores da greve, que disseram haver convergência. De ideias, claro está. À saída Alegre disse que não apoia nem desapoia a greve, mas ao mesmo tempo referiu que "o que está em causa" na greve geral "também passa pela eleição presidencial".
Ora o que está em causa na greve é que leva ao seu apoio ou desapoio. E se "o que está em causa passa pela eleição presidencial", passa por Alegre. Portanto, ou apoia ou não apoia, não há volta a dar-lhe.
Não pode dizer que apoia, pois afronta a Direcção do PS; não pode dizer que não apoia, porque negava toda a sua última prática de convergência nas grandes manifestações da CGTP. E necessita do apoio de muitas das forças que se integram naquela Central.
Portanto, eufemismos não desejáveis de quem quer ter sol na eira e chuva no nabal.
Vão ver caros Senhores, que M. Alegre lembrou-se da conferência que Cavaco Silva deu em Março de 2002 na Fac. de Econ. do Porto, onde proferiu a célebre frase, referindo-se ao excesso de funcionários públicos: «Como é que nos vemos livres deles? Reformá-los não resolve o problema, porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações e, portanto, diminui também a receita do IRS. Só resta esperar que acabem por morrer.»
I - Caro Pinho Cardão
Concedo, sem qualquer constrangimento, que nada de pessoal o move contra Alegre. Acredito e retiro a "suspeição" que terei deixado a pairar no ar. Mea culpa. De resto, nunca achincalhou Alegre contrariamente ao um certo Paulo que debita, com menos educação, neste forum. Quanto ao político, o meu amigo quer ver nele um discurso ambíguo ou ambivalente, se bem percebi. É verdade que alguns elementos da actual direcção do PS não gostam de Alegre, pela simples razão de que ele sempre soube ser uma voz independente. A questão da greve geral é apenas um episódio que aparentemente o "pode" entalar entre o PS e as centrais sindicais.
Mas não partilho da sua leitura deste episódio e muito menos das conclusões que, a partir dele, enuncia. Mas o Caro Pinho Cardão, apesar das sondagens que dão o favoritismo a Cavaco Silva, não deixa de ver nele uma ameaça à reeleição do seu candidato, tal é a voragem dos acontecimentos que sacodem a vida política nacional. O que é hoje, não foi ontem e não se sabe como será amanhã. Cavaco está em campanha desde há muito tempo, o que não censuro. Ele faz pela vida. Quem diria, há um ano, com a pífia "inventona" das escutas, que Cavaco Silva viria a candidatar-se para 2011? Ninguém! O que me entristece é que se tenha de dar mais uma oprtunidade a Cavaco Silva, que cresce nas sondagens quanto mais se degradam as nossas finanças públicas de par com a estagnação da economia.
A declaração solene do anúncio público sua candidatura é de uma pobreza confrangedora. Um discurso auto-justificativo, como que a tentar provar que cumpriu os desígnios do seu mandato! Não provou, caro Pinho Cardão e foi durante estes tristes e apagados anos de Belém que o País atingiu o paroxismo e o desatre finaceiro e económico. Cavaco Silva sabe disso. E sabe que se resignou. "Sou sério, os portugueses sabem que sou sério". E que exerceu uma magistratura positiva, disse. Prometeu aos portugueses que se encontraria com homólogos estrageiros para defender os interesses (faltou também a honra) dos portugueses. Uma promessa não cumprida no mandato que está a esgotar-se. Atente-se no episódio ocorrido com o presidente checo! Depois, a promessa de ajuda que enfatizou aos desempregados deste País. Mas isto pode ser levado a sério? Quando sob o mandato em que presidiu a esta República , a III, (não é caro Pinho Cardão, ilustre quarto republicano?)Portugal atingiu o maior número de desempregados de que há memória! Acredita que Cavaco será capaz de fazer diminuir os números do desmprego?
II - Acredite, Pinho Cardão, que pessoalmente nada me move contra a pessoa do actual Presidente! Nada de pessoal tenho contra ele. Muito simplesmente, acho-o medíocre, um certo tipo de português tipo. O maealheirozito, as reformas que alcançou (não discuto a sua legalidade). Depois, a associação a sua Mulher, com quem partilhou a difícil decisão de se candidatar dá mesmo a ideia de que votar em Cavaco é votar em Maria Cavaco Silva. Ela é a acompanhante de todas as horas, sempre opinativa e abelhuda mesmo, uma espécie de directora política do seu Augusto marido. Aquela tomada do Palácio de Belém pelos Silvas ficará para os anais da nossa história. Um palácio! Depois, Pinho Cardão, ao ouvir a pequena Mariana a declamar o poema LIBERDADE de Fernado Pessoa...Vá ao site da Presidência e está lá a audição. Coitadinha da Menina que culpa nenhuma tem disso! Mas sabe, parece que habitar durante o dia o Palácio de Belém (deve ser de todo incómodo dormir na sua modesta casa da Lapa e passar o dia em Belém), dá por vezes a sensação de que estamos rodeados de pricepezinhos à moda antiga. Eu sei que Cavaco é frugal nos seus hábitos. E que não se lhe conhecem desonestidades. A questão das mais valias, terá feito o que o português médio faria. Nã foram os seus bons/maus amigos que lhe terão prometido o céu e a terra? Vieram todos, em pleno mandato para o esconjurar, assombrando-o, para depois se elipsaram do agora intercircle. Fujam que me assombram! Despejaram milhões na anterior campanha presidencial. Era o dinheiro fácil de uns tantos. Que é feito deles? Pois agora o Presidente não quer out doors na sua campanha! Pura demagogia! Tudo aquilo soa a falso e a postiço, Caro Pinho Cardão!
"O meu partido é Portugal". Nada tem a ver com o PSD, um partido político que muitos dizem ter sido "secado" por Silva! A classe política porta-se mal. Ele é que é o puro. Não é. É um POLÍTICO em toda a acepção da palavra e, até agora, não está ungido nem coroado!
Caro Fartíssimo do Silva:
Aqui há uns anos, uma das estações de televisão entrevistou pessoas em S. Pedro do Sul, terra de Carlos Carvalhas, por ocasião de uma passagem dele no local, em campanha eleitoral. À pergunta sobre se conhecia Carlos Carvalhas e o apreciava, um entrevistado respondeu que o conhecia desde pequeno, que era de muita boa família, que falava a toda a gente quando ia à terra, que era simpático e agradável no trato, etc, etc. Então vai votar nele?-perguntou o entrevistador. Não, isso é que não!...-respondeu o entrevistado.
Aqui está um belo e verdadeiro exemplo de simpatia pessoal e de não simpatia política.
Portanto, e assente que nada me move contra a pessoa de Manuel Alegre, claro que quase tudo me move contra a política defendida e protagonizada por Manuel Alegre.
E, dado que se encontra do outro lado da barricada, teremos muito por onde nos confrontarmos cordialmente,assim o espero, durante este tempo até às eleições.
Quanto ao comentário, claro que há muita coisa de que discordo. O meu amigo foca determinadas particularidades pessoais ou familiares para ilustrar a sua crítica. Por mim, não irei por esse caminho. Cada qual tem o seu estilo, aliás "le style c`est l`homme", dizem os franceses. Podemos gostar ou não gostar. Mas o que apontou não é defeito nem virtude política.
Outros aspectos, os substanciais, não faltarão ocasiões de os debatermos.
Enviar um comentário