A Sociedade Civil foi chamada pela Sociedade Política para se fazer ouvir num palácio pertencente ao Estado, situado em Lisboa. Esta frase resume o evento que amanhã encerrará oficialmente com o discurso do senhor Primeiro Ministro. O acontecimento assim convocado, o local escolhido, o "oficialismo" da iniciativa, retratam bem uma das nossas fraquezas: nunca verdeiramente tivémos uma sociedade civil capaz de se fazer ouvir pelo Estado. Ao invés, a sociedade civil que temos só é ouvida nos palácios lisboetas ou nos gabinetes ministeriais quando para tal é chamada pelo poder público.
O mote desta iniciativa é, se não estou em erro, a reforma do Estado (ou refundação, palavra que pelos vistos pegou de estaca). Aposto que a fechar, será nem mais nem menos do que o Primeiro Ministro a comunicar aos representantes da associação livre de homens e mulheres racionais presentes, que sim, que reconhece que ali está representado o reino da eficiência por oposição à ineficiência que é da essência da sociedade política organizada. Concluído o discurso, será a vez de a Sociedade Civil aplaudir, veneranda e obrigada, o magnânime e oficial reconhecimento. E assim se conseguirá em Portugal, para espanto do mundo, um novo Leviatã, um idem sentire de re publica, uma irmandade entre Estado e Sociedade Civil, um novo contrato social em que o Estado pede à Sociedade Civil que se liberte dele.
Amanhã, o jornal oficial celebrará o facto com mais uma mão cheia de diplomas que demonstrarão à sociedade e à saciedade, quão libertário pode o Estado ser...
5 comentários:
Parece que a aldrabice vai mais longe, dando razão a Peixeiro Pereira, que afirmou que a MENTIRA é a base desta governação.
Parece que, no painel sobre Educação, afirmaram que existiam 25 profs para cada mil habitantes.
Ora, isto daria 250 mil profes. Enfim, cantando e sorrindo nos entregamos na mão destes labregos.
O que está ali representado é a fina-flor dos lambe-botas do Estado e alguns incautos. Toda a sociedade civil está de fora daquele debate, que não é debate nenhum, é uma fachada para a ALDRABICE que nos metem pelos ouvidos dentro, todos os dias.
É a "Polis" na sua geometria variável, caro Zé Mário.
José Mário
Mas o que é a "sociedade civil"?
Sabendo que há mais de 1.200.000 portugueses desempregados «corrói» a alma não perceber como este (des)governo - que devia ir ver em conjunto "Os Miseráveis", para tentar perceber a sociedade que defende - não avança com medidas tão simples e excepcionais como «convidar» as empresas a contratar desempregados com incentivos como a isenção pura e simples da TSU das empresas.
Informação fidedigna avançou-nos ontem, que até a Jerónimo Martins face à diminuição do consumo interno começou a despedir.
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