Assisti ontem a algumas das intervenções realizadas na
Conferência “Para uma reforma abrangente da organização e gestão do sector
público”. Muito do que foi apresentado e dito, incluindo sobre experiências bem
sucedidas sobre reformas do Estado implementadas em países com os quais podemos
aprender, não constituiu, por assim dizer, uma novidade. Foi antes uma excelente
oportunidade para contactarmos com um conjunto de princípios e valores - apresentado
de forma arrumada, coerente, bem sistematizada e decorrente da observação de casos mais ou
menos bem sucedidos - que os decisores políticos devem ter presente na condução
de reformas e transformações na organização e gestão do sector público. Muitas
coisas interessantes foram ditas e muitas chamadas de atenção foram feitas para
os cuidados que devem rodear os processos e as decisões sobre as reformas do
Estado.
Da
intervenção de Christopher Pollitt - Universidade de Lovaina - “What do we know
about public management reform? Concepts, models and some approximate
guidelines” escolhi este slide. Li-o, simultaneamente, como um cuidado e uma recomendação a
ter presente em Portugal:
SOME COMMON MISTAKES
1.
Prescription before diagnosis
2. Failure
to build a sufficient coalition for reform
3.
Insufficient implementation capacity
4. Haste,
and lack of sustained application over time
5.
Over-reliance on external experts rather than experienced locals
6. Ignoring
local cultural factors
Christopher Pollitt lembrou que estes erros são muitas vezes
conhecidos e identificados pelos decisores políticos, mas são, no entanto, desvalorizados.
Uma desvalorização motivada pelo excesso de confiança ou pelos argumentos da
necessidade e da urgência que conduzem tantas vezes à insustentabilidade das reformas, ainda
que no curto prazo alguns objectivos sejam conseguidos. O resultado é a acumulação dos problemas...
7 comentários:
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) confirmou esta terça-feira que lançou um convite a professores de carreira que não estão a dar aulas para que se candidatem ao destacamento noutras instituições, sendo o critério de selecção “a ordem de recepção dos emails”.
E é «isto» o governo, a ciência e a organização que tempos.
O primeiro a chegar fica com o prémio.
Gostava de saber o que o Sr. Massano Cardoso fez com o texto do seu post, que apagou trocando-o pelo receituário de boticário.
É um bom alerta para os que têm a responsbilidade de tomar decisões. O problema é que estes seis erros recorrentes, derivam muitas vezes da impreparação de quem tem o poder de decidir associado a um autismo arrogante. Ainda ontem vi na TV uma reportagem sobre observatórios onde os próprios não sabiam muito bem o que observavam, deu dó ver aqueles tristes a contorcerem-se na cadeira. Estas são as tais obesidades crónicas de que este governo fala, mas nada...
Margarida, o caro jotac tem razão, o que é preocupante é que o conferencista os tenha apresentado como "common mistakes", quando alguns deles seriam bastante evidentes á luz do mero senso comum. É interessante procurar expressões populares que lhes correspondem: 1 - Ver o terreno que se pisa;a união faz a força; não ter mais olhos que barriga; depressa e bem não há quem;a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha; quem julga que os frutos amadurecem todos ao mesmo tempo, como as cerejas, é porque nada sabe sobre as uvas.
Bem interessantes o texto e o comentário da Suzana :)
A resistência passiva à mudança é gigantesca.1) Mudar o que tem que ser mudado.2) Deixar estar o que não se consegue mudar. 3) ter inteligência para perceber quais são uns e outros...
Caro Lus Moreira, o seu comentário explica bem as razões dessa resistência e, já agora, da sua relação directa com o instinto de conservação. 1)Provar que é preciso mudar o que tem que ser mudado, e porquê, e como 2) Perceber a tempo, antes de estragar, o que não se consegue mudar 3) reconhecer inteligência a quem faz a distinção :))
Parece simples mas é aí que está a chave...
Enviar um comentário