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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Charlatanice

As redes sociais são um verdadeiro maná para conhecer o caráter, a formação, o pensamento e a forma de estar de muitas pessoas. É possível ao fim de algum tempo ver aquilo que nunca se conseguiria observar ou detetar pelos meios convencionais, a convivência, o encontro, a discussão ocasional, enfim, tudo aquilo que marcava a vida de antanho. Agora não, é mais giro, mais rápido e mais preocupante, porque a exposição é total, ou quase total, e fornece dados muito relevantes. Habitualmente não faço grandes comentários a determinadas exposições, embora sinta estranhos impulsos nesse sentido. Contenho-me, mais por uma questão de respeito, do que qualquer outra coisa. No entanto, observo uma certa dificuldade nalgumas pessoas ao quererem interpretar determinados acontecimentos, notícias ou informações. 
Há muita falta de qualidade e até tentativas de manipulação ao nível da informação que corre na internet. Dentro deste quadro, cito aqueles que estão mais ao meu alcance por motivos profissionais e académicos. Abunda tanta informação distorcida, tanta asneira, tanta tentativa de pretensa desmistificação, quando na realidade é perfeitamente o oposto, com a charlatanice a ocupar o lugar cimeiro. A técnica já começa a ser velha, começa-se com conceitos corretos, baseados em evidências científicas e depois, de uma forma subtil, "arrastam-nos" para conceitos perfeitamente disparatados ou até mesmo perigosos, levando à confusão e até a mudanças de paradigmas que podem custar caro aos que caem nesta forma de abordagem. Obviamente que nem todos têm capacidade de escalpelizar o assunto, mas, mesmo assim, se tivessem um espírito crítico digno desse nome, poderiam efetuar uma pesquisa sobre o assunto socorrendo-se de fontes sérias e credíveis que também estão no espaço virtual. Não o fazem. Porquê? Por comodidade? Talvez, ou, então, por as tais notícias, muitas vezes sensacionalistas, se encaixarem na sua forma de ser reforçando comportamentos ou permitindo a exteriorização de "incómodos" ou opiniões que queriam expressar, mas para as quais não dispunham de critérios "científicos". Sente-se nessas formas de expressão um certo regozijo por conseguirem por em causa princípios, regras e opiniões que não lhes são do seu agrado e aproveitam para despejar um pouco a bílis negra que os atormenta. Enfim, sempre tem um efeito colagogo, o que não é mau de todo!

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Professor, não é apenas na medicina que isso sucede, de todo em todo. Não que seja grande consolo...

Dudu disse...

É muito grande a tendência para a idiotice...