O meu sentimento sobre a questão da Grécia não se funda na culpa de uns ou na santidade de outros. Tsipras e o Syriza são o produto do estado a que chegou a Europa que rompe pelo tecido mais fraco, a UEM. Como produtos são, também, os atuais lideres europeus e os responsáveis máximos da burocracia de Bruxelas. Nas horas que se seguiram ao anúncio de um acordo sofrido, logo se fizeram ouvir as vozes daqueles a quem interessa capitalizar, junto dos seus eleitores, a salvação da Grécia (que passou a ser milagrosamente a salvação desta Europa). Virão, mais cedo que tarde, as recriminações. Uns e outros, mais preocupados com o que é seu do que com o que partilham. Apesar de os otimistas verem no acordo com a Grécia - se se confirmar - a prova de que o pilar da solidariedade está sólido e sustentará o futuro comum, continuo a pensar que dificilmente esta UE tem futuro no atual enquadramento institucional e sem uma revisão profunda das políticas comuns. Oxalá a realidade atraiçoe os meus sentimentos.
4 comentários:
É bem sabido que a UE é uma construção bastante imperfeita e muitos dos seus defeitos foram sendo apontados ao longo do tempo, o que de resto é claro pelo caminho que leva a tentativa de solucionar o "problema da Grécia" (e não só), que não parece deixar ninguém satisfeito.
E se é verdade que nos pode ficar um sabor amargo na boca, quando damos conta que nesta altura cada um dos intervenientes tenta capitalizar junto daqueles que o elegeram, também podemos questionar se seria possível (e razoável) que as coisas fossem substancialmente diferentes. Pessoalmente tenho muitas dúvidas, para mim a própria construção do UE até envolveu voluntarismo algo excessivo (demonstrado até pela própria inclusão da Grécia no Euro, que se calhar está a ter um custo demasiado excessivo para os Gregos e não só).
Bem, caro Ferreira de Almeida, quando se trabalha em prol de objectivos políticos que se transformam em fins em si mesmo e totalmente ao arrepio da técnica e até do mais elementar bom senso é muito natural que os alicerces da construção sejam de areia. Têm inerentemente prazo de validade e um dia caem com estrondo.
Esta construção Europeia o que sempre teve de mais certo desde o dia em que começou a caminhar foi precisamente a sua queda com estrondo.
De repente, o símbolo do euro assim apresentado, lembra a foice e o martelo marxista leninista. Só que, neste caso; a foice e dois martelos. Será que podemos extrapolar e levar esta observação para o campo das profecias?
Nesse caso... muito mal estaríamos, uma vez que uma foice e um martelo deram o resultado que deram...
José Mário
Escolheu bem a fotografia, o projecto Europeu está frágil. Um novo enquadramento institucional e novas políticas europeias estão dependentes de novas lideranças. E onde é que elas estão?
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