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quarta-feira, 11 de maio de 2011

O PSD e o amadorismo da mensagem eleitoral

O PSD precisa urgentemente de profissionalismo para fazer passar as suas mensagens. Sem isso, arrisca-se a um verdadeiro fracasso eleitoral, mesmo que ganhe as eleições.

A medida estruturante para fazer crescer a economia é a descida instantânea da Taxa Social Única, TSU, e consta do Programa do PSD. Com a descida da TSU, aumenta a competitividade dos produtos portugueses, exportando-se mais e importando-se menos; cresce a actividade económica e o emprego e, marginalmente, os salários; com a descida do desemprego, diminuem as prestações sociais e a despesa pública. E a balança de pagamentos melhora. O Banco de Portugal estima um aumento significativo do PIB e, caso a medida seja acompanhada de um acréscimo do IVA, creio que de 2 pontos percentuais, terá um efeito neutro no saldo orçamental e no montante da dívida pública.
Pois em matéria tão importante e decisiva, o PSD enrolou-se e deixou-se enrolar e manipular por completo. O que agora se discute são as taxas marginais do IVA, as taxas intermédias do IVA, as taxas máxima e mínima do IVA. Como se uma medida não se avaliasse pelo balanço entre os custos e benefícios que traz, e os benefícios são bem superiores, como aliás refere estudo do Banco de Portugal. E aqui está como, por inépcia pura, a grande medida económica que podia servir de bandeira ao PSD, pode correr o risco de ser ignorada na mesa de voto, por efeito de uma propaganda agressiva que não hesita em iludir e desconversar e sobretudo nunca poupa erros do adversário.

Ao profissionalismo do PS, o PSD não pode responder com o amadorismo de muitos.

16 comentários:

Eduardo Freitas disse...

Este é um mal que há muito se tornou evidente. É-me assim incompreensível a aparente ausência dos cuidados mínimos a ter perante um gigantesco aparelho propagandístico altamente prosissionalizado na decepção, na mistificação e na mentira.

proque disse...

Foi o que eu disse no CN PSD: somos os escuteiros mirins contra os irmãos Metralha. Ou se toca a rebate ou então...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Dr. Pinho Cardão
Desculpe repetir o comentário já feito. Com efeito, é confrangedor que o PSD não tenha um argumentário completo e claro para justificar a importância da redução da TSU, de uma medida por si anunciada e que não seria surpresa fosse objecto de ataque político, justamente por se tratar de uma medida que promove o crescimento e a competitividade e dá resposta à exigência da Troika.

"A redução dos custos do trabalho é fundamental para imprimir competitividade externa à nossa economia. Evidentemente que toda a cadeia de valor que alimenta a actividade exportadora beneficiará e haverá, portanto, um impacto global positivo em termos de PIB, estimado em 1% do PIB.
Seria importante que o PSD apresenta-se a estimativa que fez em relação justamente aos efeitos em termos de PIB, criação de emprego e redução do desemprego e, muito importante, em relação ao duplo efeito positivo para as contas públicas do aumento da receita por via das contribuições para a segurança social induzido pela criação de emprego e da diminuição da despesa por via da redução do subsídio de desemprego, gerando-se portanto um ciclo virtuoso, com algum desfasamento temporal é certo, mas que é fundamental para relançar a economia.
Qual é a alternativa a esta estratégia? Reduzir salários? Desta solução ninguém quer falar. Mas então qual é? É que no memorando de entendimento da Troika está escrito que é preciso diminuir os custos do trabalho para as empresas, de modo a promover o crescimento e a competitividade da economia nacional."

Tonibler disse...

O PSD deixou-se enrolar na conversa do PR. Na conversa de elevação, como se andar a fingir que uma fraude contabilística de 60 mil milhões de euros tenha alguma coisa a ver com elevação. Assim que tocaram no assunto, o Catroga acho, veio logo o PS a falar de elevação e o PSD baixou a bola.

O lugar do primeiro-ministro é a responder por fraude no sítio onde deve responder. Leva-lo a isso é um dever para quem diz servir a nação e não os seus próprios interesses. Se calhar está na hora do PSD mandar o PR às urtigas e começar a preocupar-se, não com o chefe de estado, mas com o patrão dele.

iv disse...

obviamente, uma disciplina muito forte (ou seja, tudo os que os governos dos últimos 30 anos demonstraram não ter...)

iv disse...

Na realidade, para além do aumento de impostos, que é uma contrapartida monetária simples, há porém outros problemas com a estratégia de descer a TSU.

Nomeadamente a diminuição da relação entre as contribuições identificadas com o utente e as prestações sociais obtidas da Segurança Social, e o facto de que, se não for seguida uma disciplina muito parte por parte do governo (qualquer que ele seja) vai servir para ainda fragilizar mais o estado da segurança social...

Estas desvantagens podem eventualmente ser compensadas pelo aumento da competitividade. No entanto duvido que uma descida em apenas 4% da TSU (e ainda por cima sem garantias que a descida seja traduzida em descidas de preços) aumente por aí além a competitividade...

Tonibler disse...

Deve dar cerca de 1% do PIB pela redução do imposto sobre o emprego. A segurança social logo se vê. Isto não parece mais prejudicial que andarem a comprar OT's para o Sócrates andar a estoirar em porcarias.

iv disse...

"A segurança social logo se vê"...

Mas isto não é o mesmo o que disse o Sócrates? "O défice logo se vê"? Os bons exemplos fazem escola, pelo que vejo.

iv disse...

Esclarecendo: um défice é um défice, seja aos portugueses do futuro (e actuais, já agora, uma vez que a maior parte do sistema da SS é redistribuição e não capitalização) seja aos estrangeiros (e portugueses) que nos compraram OT. Aumentar um défice num lado para tapar o outro...

Gonçalo disse...

Já vimos que este assunto começa a se parecer com um tiro nos pés. Do PS.

Como demonstrou Louçã, o Governo aceitou mexer na taxa social única (através da assinatura incondicional do Memorando FMI) mas, mais que isso, disse que se dispunha a uma “grande” alteração (Carta enviada à Comissão Europeia). E as três possibilidades de compensação estariam designadas, tanto no Memorando como na Carta. Daí que… porquê o ataque ao PSD?

Por outro lado, há mais um dado a considerar: a redução da taxa proposta do PSD (até 4%) será de, aproximadamente, 10% da receita.

Considerando que a sustentabilidade da Segurança Social está (estava) garantida (?) e que, seguindo o Memorando, as pensões vão descer (acima dos 1.500 Euros) e congelar. Em 3 anos, a degradação das mesmas, via inflação, será superior a 12%.

Considerando que os subsídios de desemprego vão ser reduzidos (novos tectos), que o prazo de atribuição do mesmo reduz-se a metade e que os desempregados vão responder a maiores exigências na aceitação de empregos.

Será displicente dizer que balançando estes factos, não será necessária aquela compensação (1.600 milhões) pela redução da TSU, sem que haja prejuízo algum no equilíbrio das contas da Segurança Social?

Será que a discussão dos últimos dias terá sido totalmente desnecessária?

notaslivres.blogspot.com

Henrique Pereira dos Santos disse...

Fiz um comentário sobre isto na óptica da sustentabilidade: não compreendo como à esquerda se defende a taxação do trabalho para evitar a taxação do consumo.
http://ambio.blogspot.com/2011/05/tsu-os-impostos-sustentabilidade-e.html
henrique pereira dos santos

AF disse...

Na minha modesta opinião, a análise peca pelo mesmo "amadorismo" de que acusa as "tácticas" do PSD.

A questão aqui é muito simples: as pessoas que não procuram activamente conhecer os pormenores, ou seja, a generalidade, ouve, de um lado, a mensagem simples "Redução TSU = menos dinheiro para Segurança Social = menos direitos". Do outro lado, ouve, obrigatoriamente, uma (ou várias!) explicação mais aprofundada e coerente, com esboços de demonstrações, de cálculos, etc. OBVIAMENTE, a "knee-jerk reaction" é: lá estão estes a tentar dar a volta ao texto!

E a mensagem que passa é a mais simples!

Como não está nas mãos do PSD fazer com que de repente toda a gente se torne interessada para se tentar informar e perceber as coisas para além das mensagens básicas, o resultado é o que se vê. Ganha a mensagem mais básica, ainda que falsa.

Anthrax disse...

Eu tinha aqui uma resposta gigantesca para vos dar, mas vou optar por uma mais curta...

Oiçam lá! Quem é que vota? São as empresas ou são os cidadãos?

Eu estive a ler o programa eleitoral e digo-vos que coisa tão aborrecida de ler. É só, Estado, bancos, mais bancos, empresas, mais empresas, exportações para cá, exportações para lá e meus queridos amigos... a rosinha encardida ainda não pegou num detalhezito que lá está para bombardear o PSD. Se calhar ainda não reparou.

Todo o programa, todo o discurso está concebido e orientado para actores institucionais e empresariais. Não está orientado para as pessoas, não está orientado para criar empatia nas pessoas.

Vamos lá a ver, o público-alvo do PSD são pessoas que fazem parte de uma classe média, em vias de extinção, que estão assustadas, que têm famílias para sustentar, contas para pagar e não sabem como vão sobreviver até ao final do mês. Estes são os vossos eleitores.

E o que é que o PSD lhes diz?

Vamos reduzir a TSU para as empresas. E a malta fica olhar para vocês com um ar esgazeado e a pensar "uh-uh... ceeertoo", isso realmente tem um impacto directo na vida pessoal de cada um absolutamente fascinante.Fazem apanágio de medidas financeiras sem explicar qual é o impacto na vida diária de cada um, pois colocam-se a jeito para serem trucidados, como de resto é o que está a acontecer.

Por exemplo, o que é que consta do "Cabaz alimentar básico"? Não está lá escrito e quase que aparece só de raspão. E a electricidade? Faz parte do cabaz ou é suposto as pessoas adoptarem comportamentos mais tribais e fazerem fogueirinhas no meio da sala para cozinharem os alimentos, ou para se aquecerem?

Outro exemplo, redução do tempo de subsidio de desemprego. Isso é assim? Chega-se lá e zuca! Agora tens direito a 3 meses de subsidio de desemprego, independentemente do facto de quanto tempo demora a reintegração da criatura no mercado de trabalho? Em 2002, na Dinamarca, o tempo de reinserção de um desempregado no mercado de trabalho era de 2 meses.

A intenção não é ser chata, nem fazer perguntas parvas, mas considerando que há 600 mil desempregados com cartão de eleitor, dizerem-lhes que vão reduzir o tempo de subsídio de desemprego, sem lhes darem nada em troca, enfim... pode ser uma má ideia. Isto considerando que até querem ganhar as eleições... digo eu... às vezes tenho dúvidas.

Gonçalo disse...

Contar com o ovo no cu da galinha...
Crescimento? Têm a certeza que o crescimento é uma possibilidade que virá, no futuro, resolver tudo?
Tal como, pagar dívidas?
http://notaslivres.blogspot.com/2011/05/espera-do-crescimento-o-mais-grave.html

Tonibler disse...

iv,

Sim, é a mesma coisa. Com uma diferença, vamos faze-lo com o nosso dinheiro e de forma controlada (se calhar por isso mesmo).

Margarida disse...

Este PSD é só tiros nos pés....
Aliás esta pré-campanha é uma utêntica anedota. O sócrates e o passos parecem dois bébes chorões.Eu disse e eu não disse...enfim sãao os maus politcos que temos. Merecemos...