Sabe-se ainda pouco ou nada sobre os motivos da intempestiva saída do Ministro das Finanças. Mas à tradicional e opaca fórmula "motivos pessoais e familiares" acrescentou-se um sibilino "cansaço" que merece a nossa curiosidade, já que a indignação de pouco vale...
Cansaço?? Ao fim de 4 meses, dos quais uma boa parte em pleno "estado de graça"?
A mensagem oculta do Ministro das Finanças não lhe fica bem, por muitas razões que possa ter para a confessar. E não lhe fica nada bem porque a aceitação de um lugar desta responsabilidade significa um compromisso que deveria ter sido cuidadosa e seriamente ponderado, não só nas vertentes pessoais e familiares que obviamente sempre acarreta, mas na avaliação das suas forças e da sua coragem para enfrentar as enormes dificuldades que se anteviam.
Arriscou, convencido de que, por ser ele, tudo se iria acomodar à sua vontade? Ou esqueceu-se de garantir a solidariedade e o apoio do 1º ministro e da equipa governamental para então avançar com as medidas que entendia adequadas? Foi vaidade ou insensatez?
Para ser Ministro das Finanças ou de outra pasta qualquer não basta ser um técnico competente e isso não é de agora, a política é uma arte bem difícil apesar de ter caído na desconsideração geral. Mal, como se vê, porque a cada momento se prova a sua real dificuldade.
Cansou-se, ao fim de poucos meses de estar num Governo com maioria absoluta, de ter tido condições para anunciar com estrondo a sua receita para curar todos os males do país que somos e eis que atira com a porta às primeiras contrariedades (não contaria com elas?).
Terá talvez a ilusão de ficar para a história como o ministro iluminado que sabia muito bem tudo o que era preciso fazer mas que foi imolado no altar das conveniências políticas antes de ter podido sequer começar a concretizá-las. Fraca glória.
2 comentários:
Eu acredito piamente no cansaço do Prof. Campos e Cunha.
Como lhe é habitual, analisa este (lamentável) episódio com objectividade e a dose adequada de equilíbrio e ´de elevado sentido político.
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