Eu sei que já passaram alguns dias sobre o Live8, o mega concerto contra a fome no mundo. Mas, passadas as notícias dos jornais, os clamores aos responsáveis políticos “do mundo” para decidirem pensando em partilhar com os mais pobres a riqueza de que usufruímos, podemos pensar num plano um pouco diferente, já não ao nível dos mega-qualquer-coisa (sem lhes diminuir o mérito) mas ao nível de cada um de nós e do que, individualmente, estaremos dispostos a fazer para reparar, de qualquer modo, nos que precisam de nós.
As pessoas acorrem aos milhares a estas iniciativas, pagam o que for preciso pelo bilhete, sofrem muitas vezes o desconforto da viagem, do calor, da espera que comece, das horas em pé para ouvir e cantar em multidão por um mundo melhor.
E paravam na rua para perder dois minutos a ouvir uma pessoa a pedir ajuda? E faziam uma viagem para visitar um doente? E arriscavam dar um décimo do preço do bilhete a uma família do outro lado da rua? É claro que é pouco, é infinitamente menos, não se traduz no perdão da dívida de países nem nada que se pareça, mas talvez não se perdesse o esforço.
Uma vez encontrei um grupo de jovens que vinha muito entusiasmado de um encontro em que tinham decidido organizar uma série de iniciativas para angariar dinheiro para os idosos do bairro e arredores e discutiam animadamente sobre as hipóteses de sucesso do que estavam a planear. Aquilo ia dar-lhes trabalho, exigia inúmeras reuniões, telefonemas, procura de espaços, enfim, muito tempo e dedicação “aos idosos da nossa comunidade”. Quando lhes perguntei há quanto tempo é que não iam a casa dos avós ficaram a olhar para mim.
Às vezes o mais difícil é começar pelas coisas simples.
3 comentários:
Esse é um mal de que a grande maioria dos seres humanos padece...
Um post que nos põe a pensar...
Sabe Suzana. Afinal, todos podem mudar o mundo, basta que actuem na sua esfera de acção. Umas vezes o círculo é pequenino, outras mais largo, mas a capacidaden de mudar é mesmo real...
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