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Dizem-me que isso é particularmente assim no ministério que, como recentemente foi divulgado, mais derrapou na despesa: o ministério das obras públicas.
E dizem-me também que fornecedores, empreiteiros, concessionários e "parceiros" aceitam esta situação em troca de uma generosa taxa de juro, não sei se formalmente negociada ou se sigilosamente prometida.
Garantem-me tudo isto, mas eu não acredito.
Não acredito, antes de mais, porque a Oposição está sossegadinha, silenciosa. E a ser verdade o que me dizem, seria então tão grave a mudez da Oposição como o comportamento do Governo.
Não acredito, ademais, porque isso seria o Estado - pessoa sempre de bem - aceitar como boa conduta o que condena nos mesmos fornecedores, empreiteiros, concessionários e outros "parceiros", aos quais não perdoa nem um só dia a mora das suas dívidas ao fisco e à segurança social. Mais: persegue-os como criminosos e publica em amplo jornal de parede a sua condição de caloteiros.
Não acredito, ainda, porque isso significaria que o Estado que faz as leis, designadamente o Governo que ainda há bem pouco transpôs a directiva comunitária que obriga ao respeito universal por prazo máximo para prestação do preço dos bens e serviços facturados, estaria afinal a violar grosseiramente esse comando e a dar um péssimo sinal para os agentes económicos, estimulando os relapsos em prejuizo dos cumpridores e da saúde da economia.
Certo é que Governo, a despeito do esforço de contenção - que tem que se reconhecer que faz nalguns sectores - e da subida da receita, enfrenta indisfarçáveis dificuldades para controlar a despesa e assegurar a meta do deficit público. E nessa medida poderá ser tentado a batotas do tipo daquela que me falaram e em que eu não acredito.
Nessa circunstância, tão inverídica como improvável, estou certo que essa medida seria considerada uma batota bondosa e acima de tudo patriótica! Mesmo que significasse despesa a mais com juros. Mesmo que consubstanciasse um adiamento para o ano que vem, ou para o seguinte, do problema. Compreender-se-ia: a situação a isso obrigava...
Essa batota nunca seria considerada do mesmo tipo daquela batota de que a Dr.a Manuela Ferreira Leite, então ministra de Estado e das Finanças, era acusada de fazer pelo actual senhor Primeiro-Ministro então na oposição, quando à luz do dia a ministra se propôs vender património excedente ou titulalizar créditos.
Essa era batota condenável.
Esta de que me falaram, se fosse verdade, sempre seria uma batota respeitável.
Estou a imaginar alguns dos nossos omnicientes articulistas, analistas e comentadores, a dizê-lo.
4 comentários:
"republicana"?
A ser verdade, o ministro deve ser posto na rua. Com alcatrão e penas.
Esteja VExa ciente que
1 -"sigilosamente prometida" não pode ser. É da nossa moral secular recusar tal! Não acredita e muito bem!
2 - a oposição está sossegadinha e muito bem, também. Foi assim que me ensinaram no berço. Está muda? Que podemos nós contra a vontade e a decisão da natureza?
3- ora bem...essa de perdoar a quem não se perdoa, pouco bíblica, mas muito realistica...
4- tudo o que é respeitável é louvável pelos srs comentadores. Mas muda-se o responsável e o conceito de louvável e - "tomáticamente" muda a perspectiva do comentadoróarticulista-ó-analista...sempre assim foi!..
..Ao sr TONIBLER pergunto: " e em que rua se punha o senhor ministro? Tá tudo ocupado!"
Ainda vinha a EMEL-Lisboa e as correspondentes noutras cidades, e autuavam-nos por lá ter posto o referido! E já com o aumento previsto.
Apenas uma nota.
Já se sabe que para o Orçamento de 2007 está contemplado um corte de cerca de 30% nas Despesas de Capital (Investimento). Ora, se porventura, este boato relativo ao protelar do pagamento a empreiteiros fosse concretizado, isto significaria que em 2007 o investimento real seria praticamente nulo.
O...Regionalização
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