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sábado, 21 de outubro de 2006

Recompensa

Por falar em peixes, há alguns que apesar de tudo não morrem pela boca. Felizmente sobrevivem por virtude da maior consciência social e política sobre a importância de preservar espécies e habitats.
Uma das espécies piscicolas endógenas que nos últimos anos tem desaparecido dos nossos rios e ribeiros a ponto de se tornar uma das espécie mais vulneráveis, é a boga-portuguesa.
Um dos factores que mais tem contribuído para a ameaça desta espécie (calcula-se que nos últimos anos tenham desaparecido mais de 80% dos efectivos) é a poluição dos cursos de água.
Nas ribeiras que desaguam na margem norte da foz do Tejo, fruto do funcionamento progressivo do sistema de saneamento da Costa do Sol, as linhas de água foram recuperando claridade e as galerias a vegetação ripícola que actua como filtro do excesso de nutrientes contribuindo para a sua recuperação ecológica.
Já há algum tempo que se voltaram a ver enguias a subir as ribeiras do Jamor, de Barcarena ou da Laje, após largos anos de ausência.
Mas a melhor notícia é que foi encontrado um número apreciável de boga-portuguesa nestes cursos de água que atravessam áreas densamente povoadas dos concelhos da Amadora, Sintra e Oeiras.
Recuperar património genético em risco de desaparecer traduz-se, para além do ganho na qualificação de vida das pessoas trazido pelo saneamento e pela despoluição, num apreciável retorno do investimento público.
E um óptimo sinal de regeneração da natureza que todavia não deve fazer esquecer quão frágeis são estes equilíbrios e incerta essa capacidade.

1 comentário:

Tonibler disse...

Muito bem lembrado, caro JMFA.
Quem viveu perto da foz ribeira de Lage toda a vida, como é o meu caso, foi observando aos poucos os progressos resultantes dos investimentos na rede de esgotos (começando pelo mega colector ) que tranformaram um esgoto a céu aberto (que era a única classificação possível da ribeira) num curso de água frequentado por peixes e aves que lá nidificam.

Um dia a câmara de Lisboa conseguirá fazer o mesmo à foz do Tejo....