Ao fazer zapping, hoje de manhã, esbarrei num canal em que dois “televangelistas”, com sotaque brasileiro meio apagado, ofereciam a cura e a felicidade, aparentemente à borla. Numa arengada, a recordar, mas para pior, os velhos vendedores de banha da cobra, exploravam os problemas que atingem várias pessoas e famílias convidando-as a dirigirem-se ao santuário localizado no antigo cinema Império, em Lisboa. Com base num pequeno filme, mostraram o grave problema do alcoolismo. O interessante, nesta simulação, conforme avisaram, é a passagem do espírito do pai alcoólico, no momento do enterro, para o seu filho. Com base neste episódio, digno de liderar os piores filmes do ano, os “telemissionários” acabariam por explicar que estávamos perante um caso de "espírito hereditário" responsável pela propagação do alcoolismo. O momento da transmissão ocorre no ambiente do cemitério, atingindo os familiares e até acompanhantes. Mas a situação não se restringe ao alcoolismo, já que ocorre com outras situações e doenças, nomeadamente o cancro. Se a pessoa morrer de cancro, o "espírito canceroso" passa para outra pessoa no momento do funeral passando a ficar doente. Como epidemiologista surpreendeu-me a “existência” de novas causas e modos de transmissão de doenças descritas pelos pios aldrabões! Fiquei incomodado com tamanho despautério e falta de escrúpulos, por parte de pessoas que utilizam os sentimentos religiosos para as manipular e espoliar.
Enganar as pessoas deve ser o melhor negócio deste planeta. O princípio básico é sempre o mesmo. Somos educados a respeitar os princípios da verdade, mas esquecem-se de nos ensinar a proteger dos vigaristas.
Recordo-me da minha avó ter feito, um dia, a seguinte afirmação: "Anda meio mundo a enganar o outro!". Eu disse-lhe, espantado, "Oh avó, mas se eu não engano ninguém, então os outros andam a enganar-me? Como não respondeu conclui que devia pertencer à metade que andava a ser enganada".
Se estivermos atentos é fácil concluir que a propensão para explorar a credulidade das pessoas é uma constante. São os malditos telefonemas a avisar as pessoas para se deslocarem a tal parte para levantar um prémio. São certos reclames anunciando produtos alimentares capazes de baixar o colesterol! São as promessas pré eleitorais que, muitas vezes, se materializam em resoluções opostas. São os vendedores de mezinhas e de sonhos fáceis. Enfim, apenas alguns exemplos de uma vasta e diversificada lista.
As classes de vigaristas e de charlatães são altamente lucrativas e têm o futuro assegurado, porque usam o espaço da credulidade, que, nas suas múltiplas variantes, atinge uma parte significativa da população. Agora fico na dúvida se existe um "espírito hereditário da credulidade " ou um "espírito hereditário da charlatanice"...
Enganar as pessoas deve ser o melhor negócio deste planeta. O princípio básico é sempre o mesmo. Somos educados a respeitar os princípios da verdade, mas esquecem-se de nos ensinar a proteger dos vigaristas.
Recordo-me da minha avó ter feito, um dia, a seguinte afirmação: "Anda meio mundo a enganar o outro!". Eu disse-lhe, espantado, "Oh avó, mas se eu não engano ninguém, então os outros andam a enganar-me? Como não respondeu conclui que devia pertencer à metade que andava a ser enganada".
Se estivermos atentos é fácil concluir que a propensão para explorar a credulidade das pessoas é uma constante. São os malditos telefonemas a avisar as pessoas para se deslocarem a tal parte para levantar um prémio. São certos reclames anunciando produtos alimentares capazes de baixar o colesterol! São as promessas pré eleitorais que, muitas vezes, se materializam em resoluções opostas. São os vendedores de mezinhas e de sonhos fáceis. Enfim, apenas alguns exemplos de uma vasta e diversificada lista.
As classes de vigaristas e de charlatães são altamente lucrativas e têm o futuro assegurado, porque usam o espaço da credulidade, que, nas suas múltiplas variantes, atinge uma parte significativa da população. Agora fico na dúvida se existe um "espírito hereditário da credulidade " ou um "espírito hereditário da charlatanice"...
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