Informa hoje o Diário de Notícias que o Partido Social Democrata Austríaco, vencedor das recentes eleições, está a caminho de uma grande coligação com os derrotados Conservadores, que vinham governando o país.
Na Alemanha, a coligação dos democratas cristãos com os sociais-democratas desbloqueou uma série de problemas e trouxe a estabilidade de políticas que contribuiu para o crescimento económico.
Em Portugal, país com muitos mais e maiores problemas, com bloqueamentos institucionais difíceis de ultrapassar, com políticas públicas que vão e vêm ao sabor das maiorias, com constrangimentos e insuficiências da administração que diariamente atacam e afligem os cidadãos, um mero pacto abrangendo diversas áreas, da justiça à segurança social, por exemplo, é motivo de perplexidade, crítica feroz e vigorosa oposição.
Muitas das críticas são verdadeiras antologias do disparate, como as de facções do PSD, ao dizerem que os pactos de regime retiram capacidade de fazer oposição, ou como as de vozes do PS e do Governo, certamente em profunda nostalgia corporativista, que afirmam que a Concertação Social substitui acordos políticos.
Na Alemanha, a coligação dos democratas cristãos com os sociais-democratas desbloqueou uma série de problemas e trouxe a estabilidade de políticas que contribuiu para o crescimento económico.
Em Portugal, país com muitos mais e maiores problemas, com bloqueamentos institucionais difíceis de ultrapassar, com políticas públicas que vão e vêm ao sabor das maiorias, com constrangimentos e insuficiências da administração que diariamente atacam e afligem os cidadãos, um mero pacto abrangendo diversas áreas, da justiça à segurança social, por exemplo, é motivo de perplexidade, crítica feroz e vigorosa oposição.
Muitas das críticas são verdadeiras antologias do disparate, como as de facções do PSD, ao dizerem que os pactos de regime retiram capacidade de fazer oposição, ou como as de vozes do PS e do Governo, certamente em profunda nostalgia corporativista, que afirmam que a Concertação Social substitui acordos políticos.
Por estas e por outras, uns progridem, crescem e distribuem, enquanto outros, como em Portugal, em nome de risíveis interesses políticos de grupo, se limitam a falar e a desfazer e, perante o fracasso, ainda têm o desplante e o descaramento de exigir mais e mais apoios a quem trabalha e faz.
17 comentários:
Caro Pinho Cardão,
Isso teria alguma razão de ser se o programa de governo nessa matéria não fosse claro e se não tivesse sido apresentado antecipadamente ao eleitorado e se acima de tudo, o governo não fosse maioritário.
Mas é claro, foi apresentado, e o eleitorado votou nele massivamente, dando ao governo uma maioria absoluta. Concorde-se ou não, esta foi a política que o eleitorado escolheu.
Fazer um pacto nesta matéria (SS) é não só sobrepor-se à vontade dos eleitores expressa claramente, como chamar ao campo da governação quem o eleitorado claramente "varreu" dela, por entre outras matérias, apresentar uma solução para a SS que ele rejeita.
Isto tem um nome: Democracia.
Não concordo com qualquer pacto se o governo não o quiser. Tal como não concordaria com qualquer pacto que fosse contrário ao programa apresentado, como se afigura.
Se o PSD quer ver postas as suas políticas em prática, convença o eleitorado com a mesma força com que o PS convenceu. Assim terá legitimidade que agora, atravéz da intervenção em "pactos", não tem.
O problema, em Portugal, é que temos uma péssima recordação do Bloco Central. É por isso que muitos são alérgicos a tudo o que cheire a entendimentos PSD/PS - caindo-se no exagero oposto.
Arnaldo Madureira tem razão, cai-se facilmente na situação absurda de mudar tudo - políticas e pessoas - quando muda o governo. Mas isso também tem a ver com a mentalidade portuguesa, chega-se a assistir a mudanças radicais de política por mudar o ministro (o recente exemplo dos Negócios Estrangeiros é eloquente).
Quando for varrido "massivamente" como fez com o PSD, acho. É a vontade do próprio e o eleitorado tem que ser responsável. Agora alguém ser "responsável" por vez dele não se chama "democracia".
O que duvido é que o PS seja varrido "massivamente" pelo PSD enquanto este continuar a optar por este tipo de políticas. Pelo menos tão cedo. Ou seja, creio mesmo que o PSD vai ter que mudar de políticas se quer varrer "massivamente" o PS, e nessa altura compreenderá que é esta política para a SS que o eleitorado quer. Aí não vai haver necessidade de pactos, pois não?...
Agora pergunto-lhe sinceramente: porque achará o meu estimado Arnaldo Madureira que a vontade de uns quantos tem que prevalecer sobre a vontade da maioria?
Esqueceram-se de um detalhe fundamental.
Nós somos portugueses, por conseguinte é inerente à nossa condição sermos incapazes de governar o que quer que seja. Como os austríacos são austríacos, não padecem deste mal.
Caro Jardimdasmargaridas,
Estou 100% de acordo consigo.
Já tive essa opinião, já tive a contrária, agora sou da opinião do camarada Monteiro concordando com o camarada Anthrax.
O que interessa é que se faça alguma coisa. Se fôr bem feita, bom. Se fôr mal feita, deu-se mais um passo para tirar da alçada dos políticos o assunto em causa. Portanto, seja a decisão consensual ou não, é sempre no bom sentido.
Não substime os eleitores, camarada Madureira. Não o faça achando que eles desconhecem programas e não o faça achando que há «arranjos» que eles nem sequer vão reparar. Como você bem exemplificou, eles nao estiveram a dormir na hora da verdade.
Ao sugerir um pacto entre os dois partidos com programas antagónicos, sendo que um deles perdeu as eleições, não está a sobrepor a vontade da minoria à da maioria?
Caro Pinho Cardão,
Isso do PS e da Manuela Ferreira Leite foi antes dos 6,8% não foi?...
É um facto, caro Pinho Cardão, dado que comparou situações, é preciso situa-las no devido contexto. O PS criticava as medidas da Drª Manuela Ferreira Leite, porque de facto elas eram demasiado duras, mas de facto havia o factor "mentira" que só o governo PSD conhecia. Daí que o PS, uma vez no governo tenha sido confrontado com uma situação que desconhecia em absoluto e agora tenha que tomar medidas ainda mais rigorosas (finalmente).
Ainda assim, a questão da SS não se equipara a esta porque é meramente ideologica. E sendo ideológica, é de principio, é basilar, é inegociável, porque escolhida de forma mais do que clara pelo eleitorado.
Lamento se não estou a ver alguma coisa... Mas de facto o argumento de que os "portugueses" não percebem muito destes detalhes técnicos não colhe junto de mim.
Caro Arnaldo Madureira,
Não é por causa disso que lhe vou dizer que "alguém responsável" tem que tomar conta deles.
Ou partimos do principio que o eleitorado é lúcido e responsável ou não.
Se não, mais vale chamar o outro senhor que caiu da cadeira.
Não atinjo camarada Arnaldo Madureira...
As eleições são assim tipo um recreio ideológico?
Caro Madureira,
O povo tem sempre razão. Sempre. À semelhança das movimentações de gases, a massa vai sempre no caminho que deve ir apesar do movimento caótico e aparentemente aleatório de cada uma das moléculas(o bom de haver um físico do outro lado é que se pode discutir isto como deve ser!). Aquilo que resulta é, indubitavelmente, crescimento, entropia, embora à primeira vista nos pareça negativo. Há sempre todas as outras variáveis que não estamos a contar porque estamos a tentar isolar algo que não é isolável.
O pior que se pode fazer é encarar isto da forma que os economistas fazem, ceateribus paribus, derivadas parciais sem o pressuposto da independência.
Antes de olhar ao detalhe de cada um dos temas, de cada um dos problemas, olhemos para a termodinâmica da coisa e percebemos que quanto mais graus de liberdade colocarmos no sistema mais este vai crescer. A razão dos 10%, a perfeita ignorância doutros 10% e os dos meio. Os que sentem assim e os que sentem assado. etc...
No fim, é só liberdade e deixar que o rumo das coisas seja aquele que a liberdade indicou.
Percebeu camarada Madureira!!?
É bom que tenha percebido para depois me explicar!
:)
Não estão devidamente elucidados, compreendo-o...
Mas meu caro Pinho Cardão,
Não querendo desviar-me muito do assunto, em relação à Drª Ferreira Leite não me lembro de ela alguma vez ter proposto um pacto, tanto mais que nos dizia que tudo estava a ir bem dentro dos limites dos 3%.
Em relação à SS entre uma proposta que entrega os seus fundos à gestão privada e outra que acredita que o Estado pode geri-los, cabe toda uma ideologia. E nem sequer começámos a discutir os méritos das propostas!
Esse argumento da mentira é esticar a falta de memória até rebentar!
No tempo de Ferreira Leite, toda a genta sabia qual era o défice com e sem despesas extraordinárias, até porque estas eram conhecidas e estavam devidamente discriminadas. Mais, obedeciam aos critérios aceites por Bruxelas para a utilização desse expediente. A realidade era tão conhecida, que havia um deputado do PS, um tal de Jaime Gama, que fazia intervenções sobre o défice expurgado dessas receitas extraordinárias! Eu sei que o deputado Jaime Gama faz uns discursos maçadores, mas o deputado José Sócrates, se não estivesse a dormir, só teria de lhe pedir detalhes sobre os números, que estavam correctos (até porque eram públicos).
Quem se pode queixar de mentira, ironimcamente, é Ferreira Leite. Porque TODOS os orçamentos que fez foram aceites por Bruxelas. Mas nos tempos do PS não era isso que acontecia, anunciavam um défice com operações que se revelava estarem erradamente contabilizadas e o défice era revisto em alta. Isto aconteceu com todos os ministros das finanças do PS! Ou seja, no tempo de Ferreira Leite é que estavamos a descobrir operações erradas dos anos anteriores e a rever défices passados em alta!
No meio de toda esta excepcional discussão retenho 3 ou 4 momentos:
1- O C Monteiro andou enganado, bem como o PS; o PSD bem dizia que o PS falava do que nao sabia. E explicava, porquê e dava números! O PS dizia que sabia, mas nao concordava. Afinal concordava e fingia que não sabia!
2- O Sr CMonteiro trata alguns dos bloguistas por camaradas. Estou certo, por razoes muitas, que não é nada comigo. Juro-lhe que não tenho culpa.
3- O Tonibler descobriu que a movimentação dos "gases" leva a "massa" no sentido que deve ir! Concordo. Nota-se em todos os seus textos...Benditos gases que o atacam e correm qom essa massa para o seu devido síto!
4-O tonibler numa perspectiva "ceateribus paribus" descobriu que está de acordo com os princípios enunciados e exactamente com o seu contrário! Efeitos dos gases e da movimentção das massas! Cuide-se que devem estar quase a sair!
5- quanto ao sr da cadeira, que é réstea de esperança para algum, segundo li, informo que é hipótese impossivel, por se encontrar em estado irrecuperável...informou-me, fidedignamente, o dono da fábrica de móveis onde o homem trabalha, ou melhor, trabalhava.
E depois de ler esta ilustríssima discussão e toda a sua vertente filosofico-cientifica de "determinismo puro" no contexto de que " o polvo, perdão, o povo é quem mais ordena" diria: afinal temos um Parlamento de qualidade intelectual bastante razoável ao contrário do que dizem as más linguas!
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