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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dia Mundial de Luta Contra a SIDA

Ana Jorge afirmou, hoje, Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, que a Igreja Católica deveria esclarecer a sua posição face ao uso do preservativo no combate contra a sida.
Uma atitude curiosa, porque trata-se de uma provocação política pouco comum feita a uma organização cujo peso, nada desprezível, influencia tanto católicos como os “outros”.
A história e as estórias do “não permitir” o uso do preservativo por parte da Igreja são por demais conhecidas. Algumas são ridículas e outras até criminosas. Pode parecer exagerada esta última afirmação, mas não, para o efeito socorro-me do Cardeal Trujillo e do Arcebispo de Maputo, só para dar alguns exemplos.
Agora, o papa pretende abrir uma nesga quanto ao seu uso. Apenas em casos muito específicos e sempre num tom de reprovação. Uma abertura? Não sei, desconfio que não, porque esbarra com a posição dos seus subordinados. Basta ler as afirmações do porta-voz dos bispos espanhóis, Juan Antonio Martínez Camino. Segundo este “el preservativo siempre es inmoral”!
Um dia, no futuro, espero que não seja longínquo, a Igreja ainda irá “pedir perdão” pelo comportamento de muitos dos seus altos responsáveis face às consequências de “não deixarem” utilizar o preservativo.

10 comentários:

Catarina disse...

Quando e se isso acontecer, o pedido de perdão, em nada irá alterar os resultados. Traduzir-se-á apenas em relações públicas. Estarei a ser dura? Acreditei na instituição, agora não tenho tanta certeza. Há coisas que não consigo entender... esta é uma delas.

Luís Bonifácio disse...

Antes de embarcar em comentários politicamente correctos seria sensato informar-se mais sobre a posição da Igreja Católica.
A não utilização do preservativo não é o primeiro conselho da Igreja sobre como os católicos devem proceder.

Já agora. Você é também daqueles que acham que os não católicos também seguem as determinações do Papa católico?

É que na África do sul e Namibia, a percentagem de católicos é apenas de 7% (Sensivelmente corresponde aos Portugueses e Angolanos que lá vivem), 93% são Protestantes. Será que estes protestantes não usam preservativo porque o chefe de uma igreja que não a deles o proíbe?????

Já agora porque é que Angola tem a mais baixa taxa de infecção de toda a África?
Será que se deve ao facto de ser também o país Africano com maior percentagem de católicos (92%)?

Massano Cardoso disse...

Usar o preservativo na luta contra a sida é dar voz a um provérbio de origem árabe, que tem sido atribuída a Malraux, "A vida de uma pessoa não vale nada, mas não há nada que valha a vida de uma pessoa”.
Um bom lema para quem é defensor do valor da vida!

Tonibler disse...

Esteve bem a ministra. Pena que ao pedir uma posição da igreja católica não tenha também atribuído as responsabilidades e tenha exigido ao próprio estado o corte de favores financeiros a uma instituição que prejudica o esforço financeiro feito na prevenção.

Qual é primeiro conselho da Igreja Católica quanto à SIDA? Aproveitem enquanto são pequeninos e puros?

luis rosario disse...

A política é talvez a única profissão para a qual se pensa que não é precisa nenhuma preparação assim como na política, a verdade deve esperar o momento em que todos precisem dela. A consciência é o maior e mais eficaz preservativo dos males da vida humana, assim como, a mente é a nossa igreja. Estou muito solidário com os que sofrem com esta doença "invisível"

Anónimo disse...

A opinião da Igreja muito pouco conta para a erradicação da doença. Quando muito pode (e tenho as minhas dúvidas em muitos casos) contribuir para a paragem/disseminação da doença por ser "contra" o uso do preservativo. Por outro lado quem acompanha doentes em África e noutros pontos do mundo são ONGs católicas e quanto a isso ninguém fala. Mas o que me aborrece mais é que ninguém puxa por contas à Ciência. O preservativo é o menos importante nesta questão. Então a cura e o tratamento? Alguém pensará, tendo bom senso, que a Indústria Farmacêutica deseja uma cura para esta doença? Estas questões ninguém coloca...

Massano Cardoso disse...

“Então a cura e o tratamento? Alguém pensará, tendo bom senso, que a Indústria Farmacêutica deseja uma cura para esta doença?”!! Ainda pensei se valeria a pena comentar esta afirmação apresentada na interrogativa, mas acho que sim. Serei breve.

O melhor é estudar um pouco mais sobre o vírus, quais são as suas características, todos os esforços no sentido de compreender como atua, como evolui e investigação no sentido de travar a doença e impedir o seu aparecimento. A afirmação que fez não tem sentido e revela um sentido conspirativo que recuso a aceitar. A estes propósito escrevi há pouco tempo uma crónica intitulada “Ideias conspirativas” (http://quartarepublica.blogspot.com/search?q=professora+de+boston). Talvez lhe possa ser útil a leitura, se é que, entretanto, não a tenha já lido.
A história da medicina está cheia de conquistas fabulosas e de amargas derrotas, não por que “não queiramos” encontrar a solução, apenas porque em determinados momentos ela escapa-nos ou porque ainda não conseguimos as técnicas e os meios para alcançar a vitória, mas lá chegaremos!

Anónimo disse...

Nem todos os médicos pensam como o Dr. Salvador. De qualquer foram, reitero o que disse: não é a uma Igreja que se devem colocar perguntas, nem imputar responsabilidades (a não ser que se seja fiel à Fé), mas à Ciência. E do pouco que sei sobre a sida (não está a falar com um pobre ignorante a quem os médicos explicam a bula dos medicamentos), reconheço um oportunismo muito interessante ligado a esta doença. Não falo em conspirações. Mas também não deixo de assinalar que o facto de a CIA na sua página de informações sobre os países, assinale a taxa de incidência do hiv nas populações. Porque não o faz com outras patologias? E quanto ao lucro das farmacêuticas...nem vale a pena ir por aí..basta ver o caso Brasil. Bem sei que o sr. Doutor defenderá as suas damas. Eu, apenas as minhas dúvidas.

Massano Cardoso disse...

Nuno Resende
Sabe, a igreja ou as igrejas valem o que valem, o que vale, na prática, é que muitos ministros, ou melhor, os que andam cá por baixo têm o bom senso de não seguir certas orientações político-religiosas. Abstenho-me de enumerar algumas individualidades ligadas à igreja, e com algumas responsabilidades, que têm tido a coragem de dizer o oposto das mensagens oficiais. Mas também não são esses os que quero invocar. Recordo, a propósito deste caso que estamos a debater, uma religiosa dizer é “com a consciência de cada um”. Disse desta forma porque estava a ser filmada, mas também se pode ler que na prática até encorajava o seu uso. Curiosa a sabedoria de alguns.
Não sei se é ignorante ou não ao ponto de precisar que lhe "expliquem" a bula de um medicamento, mas nunca me passou pela cabeça tal idiotice.
O senhor afirma que reitera as suas afirmações. Muito bem, permita-me que lhe diga que eu também reitero as minhas, e não é uma questão de “defender as minhas damas”, a não ser que estas andem a ser indevida e injustamente a ser perseguidas, o que realmente não penso que seja a questão primordial.
Para terminar esta discussão não pretendo por em causa a sua legitimidade em ter as dúvidas que necessite para compreender e justificar o que o rodeia. Cada um tem a sua mundividência e eu respeito-a, apesar de não concordar. E Já agora permita-me que lhe diga o seguinte, posso e devo imputar responsabilidades a qualquer igreja, confissão religiosa ou ideologia desde que eu veja que tem algum impacto na vida e no bem-estar dos cidadãos. E não preciso invocar a fé religiosa ou a fé politica, basta-me ter fé na humanidade, e ainda vou tendo, quer com a graça de um qualquer deus ou sem ela, tanto me faz, porque como li num belo romance de Selma Lagerlof, “Os milagres do anticristo” a inscrição na coroa do Santo “Bambino”, “O meu reino é só deste mundo”, chega-me.
Os meus cordiais cumprimentos
Massano Cardoso

Anónimo disse...

Declare-se então terminada a discussão.
Cumprimentos,
N.R.