1.Na edição de ontem do Financial Times, com destaque de 1ª página (amigo Peter Wise...), o PM português era citado com garantindo que Portugal está a fazer tudo o que lhe compete no plano da consolidação orçamental e que até constitui um exemplo na adopção de reformas estruturais dirigidas à sustentabilidade das finanças públicas.
2.Escapou-lhe é certo a inspirada mensagem de que nos encontramos “na linha da frente da consolidação orçamental”, utilizada noutra declaração de ontem, esta voltada para o “mercado interno”...
3.Surpreendentemente, no leilão de dívida pública hoje realizado, último do corrente ano e no prazo mais curto – Bilhetes do Tesouro a 90 dias – a taxa de juro impressiona pela forte subida, quase duplicando em relação ao último leilão deste mesmo tipo de dívida efectuado em 3 de Novembro: nessa data a taxa de juro média foi de 1,818%, hoje atingiu 3,403%...
4.Ao mesmo tempo, a taxa de juro das obrigações do Tesouro a 10 anos está em subida há vários dias situando-se hoje em torno de 6,5% depois de na pretérita semana ter chegado a níveis inferiores a 6% na sequência de compras significativas pelo BCE - o que significa que basta o BCE afastar-se do mercado para que esta taxa de juro volte a subir...
5.Justifica-se assim perguntar: será que ninguém nos compreende nem acredita nas vigorosas promessas de consolidação orçamental que os dirigentes nacionais não se cansam de anunciar aos 4 ventos? Só o BCE nos compreende e acarinha os nossos esforços?
6.O que mais precisaremos de fazer para que os investidores/mercados acreditem finalmente em nós? Será mesmo necessária a ajuda de António Borges?
4 comentários:
Caro Tavares Moreira
O ponto 1 do seu post suscita-me o seguinte comentário:
Uma das tirdas mais notáveis de Churchill é a seguinte (as minhas desculpas por "ir" em inglês, a traduçao não lhe faz jus):
Why do people say they will do their best and not do what they have to?
Há muito que devíamos ter feito o que estamos a fazer agora; não somos adolescentes nem nos podemos esquecer das dores de cabeça que o nosso comportamento provoca nos nossos parceiros. Afirmações como as do PM ao FT, apenas aumenta a irritação e contribui para o mal estar que se sente.
Cumprimentos
joão
Só quem nunca vendeu nada ao estado português é que pode achar 6,5% um juro muito alto. Aliás, só quem nunca vendeu nada ao estado é que pode achar que um juro finito é adequado ao risco português. E nesse sentido, as palavras do primeiro ministro até têm um fundo de verdade. Se calhar até são as primeiras com essa característica.
O que mais precisaremos de fazer para que os investidores/mercados acreditem finalmente em nós?
Resposta: Cortar a sério na despesa corrente do Estado.
Caro João,
Quem lesse a notícia do FT com alguma atenção notava que, apesar da concessão à propaganda a que se prestou, remetia cautelosamente as notas de optimismo por inteiro para o PM luso, não as assumindo em nenhuma medida.
Essa notícia e a sua interpretação da mesma fazem-me recordar um engraçado suplemento do mesmo jornal de há alguns anos, dedicado à Guiné-Bissau cuja 1ª Página continha um texto de fundo, da responsabilidade do jornal, absolutamente arrasador para a imagem do país, nomeadamente como possível destino do investimento estrangeiro.
A seguir a ese texto podia ver-se uma imagem do Presidente da altura, Kumba Ialá, dirigindo uma mensagem dirigida à comunidade de negócios na qual garantia as melhores condições para o investimento externo na Guiné-Bissau...
Caro Tonibler,
Essa do juro finito não ser adequado ainda não me tinha lembrado, confesso...
Caro Faroleiro,
Ora aí está uma resposta pronta, simples e escorreita, que vale mais do que 50 medidas para "reanimar" a economia!
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