Veio depois o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Allan Katz, tentar deitar água na fervura, sublinhando que “se olharmos para o contexto das afirmações”, o Presidente Obama “estava a referir-se ao actual debate em aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos", e que, assim sendo, os EUA “não estão nem na situação da Grécia nem de Portugal”. Contudo, esclareceu ainda, "o Governo dos Estados Unidos reconhece a difícil situação que Portugal enfrenta e aplaude as medidas difíceis tomadas pelo país".
No meio de tudo isto, e salvaguardando as devidas diferenças entre os EUA e Portugal (não só em ter-mos de dimensão, mas também) em produtividade, competitividade, flexibilidade e potencial económico, a verdade é que, olhando para os indicadores das contas públicas – défice e dívida – e a sua evolução desde 2001/2002, vemos que, afinal e – admito – talvez surpreendentemente, Obama até… nem tem razão. Tire o leitor as conclusões a partir das duas figuras abaixo, que construí. Nelas, a linha a vermelho diz respeito a Portugal; a linha azul, aos EUA. No gráfico da dívida, as linhas parecem decalcadas uma da outra (ambas em redor de 100% do PIB em 2011 e a exceder aquele nível em 2012); no do défice, se excluirmos os anos de 2000 e 2001 (em que os EUA tiveram excedentes), a evolução é, também, muito semelhante (com Portugal até a distanciar-se para melhor, em 2010 e 2012, devido ao acordo estabelecido com a missão internacional de BCE/CE/FMI).
Repito: claro que é preciso salvaguardar as devidas diferenças entre as duas economias. Mas, bem vistas as coisas, justificar-se-á uma diferença tão grande entre o “lixo” a que Portugal foi votado pelas agências de rating, e a notação máxima atribuída aos EUA por estas mesmas entidades?!...
Os números não enganam e a resposta parece óbvia…
7 comentários:
Sim, esses são os indicadores da dívida. E a "física" do problema, Miguel?
A mim pareceu-me óbvio aquilo que o Obama disse e é autoexplicativo "baixámos os impostos nos últimos anos, lutámos em duas guerras e não as pagámos". Essa é a física do problema que faz do USA uma realidade diferente da Portuguesa. Fosse o problema de Portugal acabar com duas guerras e certamente não estávamos na situação em que estamos. Infelizmente, o problema de Portugal é a guerra que está a travar com o estado há 30 anos e que tem vindo a ser derrotado todos os dias e sem mostras de haver um volte-face.
É isso memo, caro Tonibler... Foi por iso que eu escrevi "salvaguardando as devidas diferenças", em que avultam as de produtividade, competitividade, flexibilidade e potencial!...
Mas lá que nos últimos 10 anos a evolução do défice público e da dívida pública é muito parecida entre EUA e Portugal, isso, meu caro, é idesmentível!... E é muito curioso, atendendo a quem disse com grande convicção "we are not Portugal"!...
Em verdade verdade,
é tão descabido Obama ter dito isto,
como haver por aqui gente há meses a dizer: Portugal não é a Grécia.
Talvez sejamos apenas primos (do Mediterrâneo).
Sim, Miguel. Mas, sem olhar nem a estar a pedir que o faça, cheira-me que se fizéssemos o mesmo exercício para o Canadá, para a Polónia, para o Japão ou para a Austrália, chegaríamos a curvas muito idênticas ou não fosse este mundo todo o mesmo e economia não fosse exactamente feita pelas ligações. Eu até achei que a expressão de Obama foi muito clara no sentido de dizer que o problema não era o mesmo. E não é.
Também fiz uma leitura anotada do discurso de Obama e o resultado a que cheguei assemelha-se muito ao sentido do post do Dr. Miguel Frasquilho.
Dr.Frasquilho:"InDESMINTÍVEL"
Dr miguel frasquilho: ouvi ha tempo que a california estava falida. Contudo varias pesquisas no google insistem em dizer que a divida total da california ascende a apenas 70mil milhoes. Verdade?
Tbem ouvi ha algum tempo de q um estado americano nao se pode endividar para pagar despesas correntes tipo salarios ou pensoes. True?
Agradeco a sua atencao
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