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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sigilos, intrigas e inquietação cívica



Leio no DN de hoje uma entrevista com um ex-dirigente dos serviços de informações. A entrevista é, segundo o próprio, um gesto de defesa por parte de quem se sentiu posto publicamente em causa num enredo mediático - para mim e para muitos como eu que preferem a claridade do dia, muito mal percebido -, que se revelou a partir do abortado convite de um ex-administrador da TVI para integrar o governo. Vejo nela, como aliás nos relatos que li no 'Expresso' do fim-de-semana, sinais muito preocupantes que apontam para guerras pelo domínio do espaço público, suspeitas de tráfico das informações recolhidas por serviços do Estado para protecção da democracia, tudo envolto numa obscura nebulosa de sigilo e intriga.
A imediata reacção do PM ao determinar um inquérito às revelações do semanário ´Expresso´, sendo obviamente de aplaudir, não me tranquiliza inteiramente. O que tem vindo a lume no chocante caso do News of the World se alerta para a falta de defesa do Estado contra as utilizações desviantes de informações para fins que nada têm que ver com os fins do Estado, põem sobretudo a nú a total falta de protecção dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos contra poderes que só se justificam se exercidos na escuridão.

5 comentários:

Eduardo Freitas disse...

Como o Dr. Ferreira do Amaral bem alerta, o que está em causa - a única coisa que está verdadeiramente em causa - é «a total falta de protecção dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos contra poderes que só se justificam se exercidos na escuridão».

Por essa mesma razão, já não posso concordar com o autor do post quando identifica a existência de «uma falta de defesa do Estado contra utilizações desviantes». Não. O que há é uma falta de defesa dos cidadãos e o que se verifica é a utilização dos poderes do Estado para fins inadmissíveis.

Anónimo disse...

Caro Eduardo F., a opinião vai no sentido de que estão desprotegidos o Estado e os cidadãos. O Estado pela elementar razão de que não vejo como o tráfico de informações para a esfera do que é privado e para defesa de interesses egoístas pode satisfazer o interesse público, salvo o caso limite de defesa dos interesses económicos em sectores verdadeiramente estratégicos. E mesmo aqui com extremas cautelas.
Já a opinião de Ferreira do Amaral não conheço ;)

Eduardo Freitas disse...

Caro Dr. Ferreira de Almeida,

As minhas maiores desculpas pela referência, abusiva, ainda que decorrente de mero lapso, ao cidadão Ferreira do Amaral.

Anónimo disse...

De nada, meu caro Eduardo. Quem se poderia sentir lesado pela troca era certamente o cidadão Ferreira do Amaral ;)

Sérgio de Almeida Correia disse...

Meu caro JM Fereira de Almeida,
Se me permite, já que eu também sou avesso a "nebulosas" e gosto da luz clara, límpida e profunda da minha terra, subscrevo. Infelizmente, ainda há quem não veja isso de forma tão clara.
E quanto ao inquérito, embora eu não acredite muito nele, espero que não seja mais um como muitos outros, destinado a proteger conivências e fiéis.
Bom fim-de-semana.