António Capucho queixa-se de ter sido saneado do PSD. Ironicamente, ao abrigo de uns Estatutos que ele próprio propôs, fez aprovar e é dos principais responsáveis.
Ninguém obriga um sujeito a entrar para uma agremiação partidária; mas, se entra, e quer permanecer, sujeita-se às normas; se não quer sujeitar-se às normas (no caso, que ele próprio aprovou), sai de mansinho ou batendo a porta. Mas sai.
Porque o Partido é dos militantes, não é para conveniência de cada militante, por mais notável que seja. E fazer toda uma vida à sombra do partido não dá nenhum direito especial de saque, e muito menos, perpétuo e exclusivo, sobre futuros cargos partidários.
Hoje, em entrevista no Expresso, Capucho declara-se simpatizante de Guterres e Costa. Nada a opôr. Pois não foi o Partido Socialista a abrir a porta às novas oportunidades? Capucho mostra estar atento.
9 comentários:
Meu caro Amigo a questão não é tão simples assim.
Capucho foi bem expulso, face aos estatutos, e quanto a isso nada a dizer. Ele próprio conhecia as regras do jogo. A questão, porém, e muito mais vasta.
Porque a par da responsabilização de Capucho pelo acto de concorrer contra o partido decorre a total irresponsabilização daqueles que por razões nunca explicadas ofereceram a câmara de Sintra ao PS.
E se Capucho tem simpatia por Guterres e Costa (mau gosto em especial no segundo caso)que dizer dos que deram a segunda câmara do país ao PS? É mais que simpatia. É paixão pura.
Não pela educação, como Guterres dizia ter,mas pelo tráfico de influências e pelo nefasto bloco central de interesses que sempre existiu.
Sintra é o mais vergonhoso caso autárquico em muitos anos de PSD.
E os responsáveis, acantonados na distrital de Lisboa e na S. Caetano à Lapa, escaparam incólumes e sorridentes.
E é isso que me revolta enquanto militante do partido.
Não justifica a figura que capucho anda por aí a fazer mas Sintra é ,realmente, um caso por explicar
Caro Luís Cirilo:
Afinal, concordamos. Sintra foi oferecida de borla ao PS pela direcção do PSD. Uma asneira que qualquer cego via.
Mas isso não exime os militantes às responsabilidades que assumem, enquanto tal. Capucho queria candidatar-se. Tudo bem. Saía do Partido.
Agora, querer estar e não estar ao mesmo tempo é que é reprovável.
Abraço e alegria aí por Guimaraes!
Caro Luis Moreira:
Concordo. Mas cada macaco no seu galho!
Pacheco Pereira vai passando pelos pingos da chuva, mas merece o mesmo destino.Tb foi o partido que lhe deu notoriedade, até deputado europeu foi.Dizer-se militante e sempre que abre a boca é para dizer mal do partido, do lider e do governo! Tudo menos consciência do seu saber estar.
Eu não penso aquilo que os outros pensam, não consigo tirar da boca aquilo em que não acredito nem apoiar o que não gosto e, por isso, não milito num partido. Nem em nada que adapte a minha forma de pensar à decisão de um maioria.
Quando ouço falar num caso destes, percebo porque é que tanta gente esperta tem partido. Porque, na realidade, eles têm um partido que só faz sentido para eles se o partido fizer o que eles querem. Portanto, quando fizer parte de um partido, é para o partido fazer aquilo que eu quero.
Pois o Rei-Sol francês dizia L'État c'est moi. Os Capuchos cá da terra dizem " o partido sou eu".
Caro Pinho Cardão,
Sinceramente, não lhe fique bem, não fica bem a qualquer militante sensato e defensor dos ideais da social democracia ter esta postura para com António Capucho.
O PSD ou o PPD é um ninho de contradições desde a sua fundação, mas ... como é partido de poder e porque tem mais de 25% do mercado torna-se vendável, interessante, ...o resto são negócios: em Portugal não interessa as ideias e muito mnos a SOCIAL Democracia, a Democracia SOCIAL ou o SOCIALismo Democrático.
Tudo Social pois, desde que guito haja...dos outros.
A postura atual do P"SD" causa medo aos negóxios.
Caro Carlos Sério:
Eu não estou contra Capucho, pessoa. Mas estou contra a atitude de quem, como militante, se insurge contra a aplicação de uma norma que esse mesmo militante, enquanto dirigente, fez aprovar. Foi o que aconteceu com Capucho. Provavelmente pensando que a norma excepcionaria os seus ou o seu criador. Portanto, caro Carlos Serio, não é social-democracia que está em causa, é a coerência.
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