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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Economia recupera, juros e desemprego baixam, como é isto possível?!

1. Boa tarde a todos!

2. Foi notório o desconforto (para dizer o mínimo) com que uma boa maioria dos comentadores e opinion-makers de serviço acolheu a divulgação dos dados referentes ao desempenho do PIB no 4º trimestre de 2013: já não bastava uma variação em cadeia positiva e bem superior ao esperado (0,5%) como desta vez também a variação homóloga foi positiva, pela 1ª vez desde o 4º trimestre de 2010 (+1,6%).

3. Compreende-se o desconforto generalizado: para quem sustentou, nestes últimos 3 anos, de forma sistemática e axiomática, que as políticas NEO-LIBERAIS em vigor iriam impor aos portugueses uma recessão indefinida e um aumento contínuo e irreversível do desemprego – enquanto tais políticas não fossem radicalmente alteradas, é óbvio – estes dados do PIB, acrescendo ao comportamento do desemprego nos últimos meses, representam uma contrariedade insuportável...

4. A expressão “espiral recessiva”, tantas vezes utilizada para caracterizar a consequência fundamental das referidas políticas NEO LIBERAIS, está posta completamente em crise e as explicações possíveis para este novo cenário são motivo de pesadelo...

5. Para agravar este cenário já tão negro, as taxas de juro implícitas na cotação da dívida pública portuguesa (yields) não param de baixar, sendo que no caso da dívida a 10 anos a yield se aproxima do famoso “nível Machete”, como referia a imprensa desta manhã quando a yield tocou os 4,8%, sugerindo que uma saída do Programa da Ajustamento “sem mais” pode vir a ser uma real alternativa...

6. E já nem vale a pena falar da espectacular melhoria das contas com o exterior que se tem verificado e cujos números, até Novembro último, sugeriam elevada probabilidade de se virem a verificar em 2013 as estimativas do BdeP, divulgadas no seu último Boletim Económico (do Inverno): superavit de 2,5% do PIB para o saldo conjunto das balanças Corrente e de Capital, e superavit de 1,7% do PIB para o saldo conjunto das balanças de Bens e de Serviços...

7. Com efeito, das duas, uma: ou há que reconhecer que as políticas em vigor não são, afinal, NEO-LIBERAIS – e não sei quem se atreverá a proclamar tal blasfémia – ou então, pior ainda, será forçoso concluir, ao contrário da Teoria Geral com que fomos bombardeados durante estes últimos 3 anos, que as infames políticas NEO-LIBERAIS são não só capazes de estimular crescimento e emprego...

8. ...como, no caso vertente, até terão sido capazes de resolver a situação financeira catastrófica para que o PAÍS foi arrastado por força da teimosia irresponsável de políticas Parvo-Keynesianas.

9. A minha sugestão vai no sentido de que se encarregue o “diabo” da arriscada missão de escolher, entre as duas hipóteses contempladas no nº4 supra, qual a que melhor se aplica ao que se está a passar na economia portuguesa...





13 comentários:

Unknown disse...

Bem-vindo, Dr. Tavares Moreira!
Sem desprimor para os restantes autores deste blogue, já faziam falta os seus comentários cheios de verrina,ironia e humor!

Brytto disse...

Já estava a ficar preocupado com a sua ausência, ainda bem que regressa e claro, como sempre, em grande forma!
Para me repetir, acho que anda toda a gente distraída com o nosso querido TC, já sabemos do que ele é capaz, não o preocupa a possibilidae de mais uma vez voltarmos a ter uma decisão muito negativa para os interesses nacionais ou acha que mesmo que tal aconteça os mercados não serão tão punitivos como se julga?

Anónimo disse...

AAAHHHH!!!! Interrogava-me há uns quantos dias sobre si! Quem é vivo sempre aparece e folgo muito em le-lo agora que apareceu!

Meu caro, não subestime as capacidades da propaganda rosa, vermelha ou qualquer mistura das duas. Vai ver que muito em breve irão encontrar uma forma de dizer que afinal isto é tudo muito mau e nada bom para os cidadãos.

Unknown disse...

um bom economista é o que explica com muito rigor os fenomenos economicos doanopassado; apesar deste pseudopensamento uma coisa me parece evidente : e descredito que provoca nos eleitores menos avisados as "previsoes" que desde as primeiras avaliações da toika têm agoirado desde chumbos a segundos resgates; nalguns nota-se a tolice dos arautos ou as "razoes " partidárias. No entanto como espectador sem conhecimentos parece-me que já não dou credito a tanto Zanzinga falhado.

Luis Moreira disse...

Eles agora dizem que isto não passa de uma "inventona" do Passos, da Merkel, do BCE, enfim do mundo...

Bartolomeu disse...

Caro Dr. Tavares Moreira, congratulo-me imenso com seu regresso às lides bloguistas. Já diz o ditado: nunca se perde por esperar.
Quanto ao título do seu... enigmático post...deixe-me recorda-lo que no nosso país, desde a sua fundação,sucedem-se "milagres" cada um mais fantástico que o anterior e todos com uma particularidade comum; sucedem sempre quando Portugal se achas nas situações de maior "aperto". Este, é com certeza mais um - o país recupera à força toda, as exportações aumentam, o Pib também, os juros baixam, os investidores estrangeiros que almejam comprar a dívida pública Portuguesa fazem fila mas... o governo reduz as verbas na saúde, na educação, as câmaras deixam degradar o património e não acodem aos mais necessitados por cortes nas verbas, etc, etc, etc.
Como o meu estimado amigo sabe, eu sou um completo ignorante nestas matérias. Por isso, só me ocorre que num lugar que ainda ninguém descobriu onde, existe um ralo por onde se escoa toda essa dinheirama que nos falta para provir ao essencial e que faz com que o governo mantenha e agrave as medidas recessivas, os cortes das pensões, o agravamento das taxas da saúde e da comparticipação nos medicamentos e nos atos médicos, cirúrgicos e de internamento.
Um milagre, caro amigo mas... para quem é que não se está conseguir ver...
;)))

Tavares Moreira disse...

Ilustre Jurisconsulto Vítor Borges,

É com imensa satisfação que anoto o facto de os meus pobres escritos serem motivo de atenção de tão eminente cidadão!
Quanto ao seu generoso comentário, permita-me apenas discordar da imputação de algum teor de verrina ao texto que escrevi: em 1º lugar não tenho a pretensão de ser comparado a Cícero, quando desfazia a sua ira sobre Verres, em 2º lugar não creio que o texto envolva um grau de censura que possa sequer saber a verrina...
Simples humor, e despretensioso!
Um abraço.

Caro Brytto,

Muito obrigado pelo seu afável cumprimento.
Quanto aos receios de uma nova investida do TC e consequente agravamento das despesas orçamentais, parece-me nesta altura um cenário de risco reduzido...
É essa, de resto, a interpretação dos "mercados", espero que venham a ter razão...

Caro Zuricher,

Obrigado também pela sua amiga saudação...
Como bem sabe, também os "guerreiros" precisam, de quando em vez, de algum repouso...

Caro Cristóvão,

Seja bem vindo, em primeiro lugar...tem razão ao por em causa a capacidade de adivinhação dos chamados "economistas", mesmo quando tentam adivinhar o passado!

Caro Luís Moreira,

E terão por certo muitas outras explicações, que terão de disputar entre si o primado da bizarria!

Caro Bartolomeu,

É sempre um prazer trocar ideias com uma pessoa cuja honestidade intelectual tanto prezo!
Meu Caro, a minha "tese" é muito simples, não vai ao ponto de enveredar por considerações de ordem social como aquelas que invoca, muito respeitáveis de resto...
Apenas pretendo suscitar a questão de saber como é que aqueles que ao longo dos últimos anos nos encheram os ouvidos com certas teorias - largamente apriorísticas e prenhes de ideológia - conseguem explicar os recentes desenvolvimentos da economia portuguesa. Desenvolvimentos que denegam, por completo os fundamentos do modelo que sem qq decoro nos quiseram vender!

Carlos Sério disse...

Eis o cenário:

Índice de Produção na Construção

No conjunto do ano 2013 a variação média anual do Índice de Produção na Construção situou-se em -16,3%, idêntica à registada em 2012.
No conjunto do ano 2013, o índice de emprego diminuiu 15,8% após uma diminuição média anual em 2012 de 14,2%. (INE 11.02 2013)

Índice de Volume de Negócios nos Serviços

Para o conjunto do ano 2013, o índice de volume de negócios nos serviços diminuiu 4,5%.
O índice de emprego nos serviços apresentou uma taxa de variação média dos últimos 12 meses de -3,8%. (INE 11.02.2013)

Investimento

Em 2013, o decréscimo do investimento empresarial (FBCF) de (-8,3%) deveu-se aos contributos negativos de dez das treze secções de actividade económica inquiridas. Devido ao peso significativo na estrutura global do investimento, a secção de Industria Transformadoras registou o contributo negativo mais significativo (-3,9 p.p.) resultante de uma variação -13,9% (das quais -11,0% das empresas exportadoras). As secções que apresentaram uma redução do investimento mais acentuada foram as de Construção (-38,9%) e de actividades imobiliárias (-26,5%). (Dados do Inquérito de Conjuntura ao Investimento do INE, publicado a 31 de Janeiro de 2014)

Investimento Directo do Exterior (IDE)

O Investimento Directo do Exterior em Portugal sofreu uma quebra de 34,5% de Janeiro/Novembro de 2012 para Janeiro/Novembro de 2013, desceu de 41.106 milhões de euros para 26.917 milhões de euros. (AICEP, Ficha do País , 01.12.2013)

Índice de vendas no Comércio a Retalho

Em Dezembro de 2013 comparado com Novembro de 2013 entre os Estados membros para aquela data, o comércio a retalho verificou o maior recuo em Portugal (-5.8%). (Eurostat 05.02.2014)

Crédito malparado

O crédito malparado das empresas atingiu um record desde que o Banco de Portugal publica estes dados (1977), (4.265 e 2.341 milhões de euros só nos sectores da construção e actividades imobiliárias, respectivamente); o crédito malparado nos empréstimos à habitação igualmente atingiu em Outubro o seu máximo histórico de 2.390 milhões de euros. (Boletim Mensal de Estatística - Novembro de 2013)

Produto Interno Bruto

No ano de 2013 o país teve uma recessão de 1,4%, isto é o PIB diminuiu 1,4%. Estamos mais pobres hoje do que estávamos há um ano. A riqueza produzida no país reduziu-se de 1,4%.
Exportações de bens
No conjunto do ano de 2013 as exportações de bens aumentaram 4,6% comparativamente ao ano anterior, o que representa um abrandamento do crescimento anual face a 2012 (+5,7%).

População empregada

No ano de 2013, a população empregada diminuiu 2,6% em relação ao ano anterior (121,2 mil pessoas). (INE 05.02.2014)

Distribuição da Riqueza em Portugal
O número de multimilionários em Portugal com fortunas superiores a 25 milhões de euros aumentou 10,8% para 870 pessoas no último ano, apesar da crise que se vive no país, segundo um relatório do banco suíço UBS.
O Relatório de “Ultra Riqueza no Mundo 2013” confirma que em Portugal não só cresceu o número de multimilionários como aumentou o valor global das suas fortunas, de 90 para 100 mil milhões de dólares (mais 11,1%). (TVI24)

Tonibler disse...

Eu ia fazer um contágio parvo com indicadores parvos, mas depois vi que cheguei tarde. Fica só os votos de bom retorno!

Floribundus disse...

os seus comentários têm feito

estou cansado de ver,. já nem oiço,.
tózero e outros da esquerda festiva

lembro-me sempre do famoso
'Ali, o cómico'

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Registo os votos de bom retorno, vamos lá a vêr se é para valer, pois a vida não está fácil: a crise tem feito aumentar o tráfego automóvel, com a crise os restaurantes não têm mãos a medir, o tempo começa a escassear...
Quanto ao contágio parvo com indicadores parvos, diga lá como é, temos direito a saber...

Caro Floribundus,

Quanto ao discuurso do simpatiquíssimo lider político que refere, tornou-se de facto delirantemente inextrincável...
Mas é pena, em minha opinião...

Tonibler disse...

Não era "contágio" parvo, era "comentário" parvo. Mas o parvo do computador acha que consegue ser mais parvo que eu e muda-me as palavras parvas sem que eu perceba.

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Então, por maioria de razão, venha daí esse comentário!
Por muito "parvo" que seja, terá por certo mais "value added" que os deficitários tiques parvo-keynesianos que nos dizimaram durante largo tempo!